sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A PÁTRIA, A INDEPENDÊNCIA E EU COM ISSO

Um dos conceitos que levei mais tempo para compreender foi o de Pátria. Porque sempre que a coisa começava a ficar clara entrava um complicador: o governo. E por aqui a gente mistura muito e atribui ao governo o poder de fazer coisas que só os habitantes do País podem, se quiserem, fazer. Ao mesmo tempo, o governo se mete demais onde não é chamado. Cobra impostos demais. Promete o que não está ao seu alcance. Cria expectativas vãs.

Por isso a data que comemora a independência do nosso País é tão cercada de contradições. No fundo, eu gostaria de comprar fogos, vestir-me de verde e amarelo (ou azul e branco, se fosse avaiano) hastear, na frente da casa, uma bandeira nacional. Mas algum vizinho há de pensar que faço isso porque apoio Lula, ou Luiz Henrique, ou porque trabalho no governo, ou porque alguma companhia de telecomunicações está me patrocinando. E o jogo da seleção será domingo à noite, não cabe uma comemoração precoce.

Vivemos num belo País, fazemos parte de uma gente admirada no mundo todo. Temos muita coisa boa que o resto do mundo não tem. Do clima ao idioma único. E, sabe-se lá por que, só vemos, acima e além de tudo, os problemas. E curvamo-nos impotentes diante de todos eles. Como se fossem fatalidades. Esperamos, como crianças ingênuas e tontas, que governantes resolvam os problemas que só serão resolvidos quando todos levantarmos a cabeça e colocarmos mãos à obra.

Temos, enfim, uma Pátria que podemos chamar de nossa. Que, mal ou bem, nos abriga. E se examinarmos um a um os quase 200 países que existem por aí, é um dos poucos onde nos sentimos em casa.

Às vezes temos vontade de mudar. Ir embora. Eu sinto isso sempre que somo tudo o que pago, como pessoa física e como microempresa, para o governo, todo ano, o ano todo. Ganho pouco e mesmo assim, a cada queda de renda, baixa também o limite de isenção. Continuo pagando mesmo tendo a renda toda rasgada, farrapos que mal e mal cobrem-me as vergonhas. E o dinheiro recolhido de todos nós não volta, quase não aparece. A gente não vê.

Ainda assim e com tudo isso, aprendi a gostar deste lugar e da maioria das pessoas que o habita. Do jeitão, da forma de tocar a vida. E sinto mesmo, cá dentro, uma vontade de comemorar a data em que passamos a ter identidade nacional. É o meu País. O nosso velho e querido Brasil.

Na segunda-feira a gente volta a pensar nos problemas e procurar saídas para as dificuldades, mas agora acho que a gente merece um final de semana de tranqüila comemoração. Parabéns.

3 comentários:

Anônimo disse...

Tudo bem que aqui não seja o pior lugar do mundo para morar, mas a data seria um bom momento para refletir se estamos no caminho certo e ver para onde estamos indo !
Exportar minério de ferro para a China é um bom negócio, mas não dá para entender que a mesma empresa que exporta o minério, importe da mesma China os trilhos fabricados com esse minério !
Não dá para entender que a Embraer, um exemplo de sucesso e que já é a terceira maior fabricante de aviões do mundo, não consiga vender seu produto para as companhias aéreas brasileiras e nem para o Aerolula, um Airbus !
E por falar em aviação, aquele avião que não conseguiu decolar de Congonhas tinha um prefixo bastante significativo: PT-PAC !

Anônimo disse...

Cesar, segue a síntese de um artigo da Danuza Leão sobre o tema. Vale a pena ler.
Carlos X

PORQUE NÃO ME ORGULHO DE MEU PAÍS!

DANUZA LEÃO

Outro dia, num programa de televisão, me questionaram: "se você estivesse no exterior e perguntassem se tem orgulho de seu país, o que você diria?" Sem nem pensar, respondi: "diria que não, não tenho". Depois achei que, apesar de ter sido sincera, ia pegar mal, diante dos telespectadores; mas pensei “Eu gosto do Brasil, muito, e não só quando ele ganha a Copa. Mas mantenho minha resposta: orgulho não tenho”.
Como alguém pode se orgulhar de um país onde a polícia mata tanto quanto os bandidos, em que a maior parte dos políticos não tem o menor caráter, a menor ideologia? Que recebem um mensalão para votar de acordo com o governo? Que transformaram a Câmara dos Deputados - salvo algumas exceções - em uma delegacia de polícia? Basta abrir o jornal, qualquer dia da semana: 80 por cento das notícias são de escândalos, e a maior parte deles, ligados aos políticos. Os ministros são nomeados não por sua competência, mas para agradar a um partido e tê-lo como aliado, a polícia dá mais medo do que os bandidos; é dinheiro na cueca, dinheiro no escritório do marido de uma governadora (...).
Ministros dão declarações na televisão palpitando sobre a maneira como foram presos os empresários e já sinalizando que o habeas corpus iria sair; era pule de 10. Na minha modesta opinião, ministros, sobretudo os do Supremo, deveriam ter o maior cuidado não só no que falam como também com quem andam. Ministros existem para julgar, e pronto.
Diariamente crianças são mortas por policiais, militares dão de presente aos traficantes três adolescentes, sabendo que eles seriam assassinados, 271 analfabetos pretendem se eleger no Rio, 262 bebês morreram nas maternidades de Belém desde o início do ano, a adolescência que sai à noite para se divertir arrisca a vida... e os brasileiros acham que é normal viver assim.
Quem pode vai morar em outro país; quem não pode vive com medo, enquanto nosso presidente morre de orgulho de conviver com os poderosos do mundo. E como a maioria do povo não é politizada - e não interessa aos governos que seja -, vamos piorando, a cada eleição. E se passar a idéia de que só pode se candidatar quem tiver ficha limpa, como se faz com qualquer candidato a entregador de pizza, isso só valerá a partir de 2010 - isso se passar!
Não, eu não tenho orgulho do meu país. Tenho é muita vergonha do que fazem com ele.

Anônimo disse...

MIX DE IDEIAS

Achei muito bom o comentario do Blog, e acho que o artigo da Danuza cai exatamente naquilo que o Cesar nao queria cair. Nas vesperas de voltar ao pais depois de 4 anos morando no exterior, com muitas duvidas, soh sei de uma coisa: o Brasil eh o que nos, seus cidadaos somos! Eh uma grande pais, pois nao tem povo mais legal que esse. Por outro lado, carecemos (me incluindo) de honestidade para aceitar que cada um de nos se beneficia de alguma forma do status quo. Por isso que nao muda! O resto eh conversa para salvar o proprio couro (ja estou eu aqui dando o exemplo, afinal sou brasileiro) desculpem. Bate com a Biblia: "somos todos pecadores e carecemos da graca de Deus". Quem sabe um comeco nao esta na leitura da Biblia?

Em tempo: Assistir os comentaristas americanos na TV encherem de elogios os times de volei, futebol e volei de praia do Brasil em Pequim do comeco ao fim foi de lavar a alma! Eles tremem cada vez que enfrentam a gente.