sexta-feira, 26 de setembro de 2008

JUIZA ANULA PROVAS DA INFLUENZA

COMEÇARAM A ENCHER
O BALDE DE ÁGUA FRIA

A decisão da juíza Ana Cristina Krämer ontem, mandando anular as provas da operação Influenza abriu a torneira da água fria que está enchendo o balde. Se o Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmar a sentença (no que trata da anulação das escutas), aí então o balde de água fria será despejado na cabeça de todos aqueles que acreditaram na história de indiciar, processar e prender gente influente e poderosa.

O próprio nome da operação (Influeza), sugere que exista, em alguns círculos, um jogo bem azeitado de favores e influências. Suspeitos de alto coturno têm sempre muita sorte. Acabam sempre sendo beneficiados por uma tramitação mal avaliada, por uma prova mal coletada ou mal armazenada, por uma repentina criminalização das escutas telefônicas (com efeitos retroativos!), por inúmeros tipos de perhaps que bons advogados sabem sempre como achar no almofadado (para alguns), caminho processual.

Ao mesmo tempo em que o cidadão – preocupado com o sentimento de impunidade que o balde e sua água fria espalhará – enche-se de indignação, também se preocupa, se for um sujeito honesto e decente, com as injustiças que podem ter sido cometidas. Ninguém quer condenações feitas ao arrepio da Lei, com provas frágeis e defesa capenga. Como eu gostaria que o processo fosse conduzido se o réu fosse eu? Com calma, sem prejulgamentos. E provas incontestáveis.

Portanto, o problema às vezes não é o juiz ou juiza que anula a prova, mas quem deixou rabo, que permitiu o questionamento da prova. Mas anulação de prova é sempre um problema. Ainda mais quando são escutas com o conteúdo das escutas realizadas pela Polícia Federal com a autorização judicial agora contestada.

E tem gente comemorando, como se o balde já tivesse sido despejado. Ou como se tivessem a certeza prévia sobre qual será a decisão final. A água fria, em todo caso, não os atingirá, mesmo que o balde venha a ser elevado sobre nossas cabeças.

Como parece praxe no País, ninguém está preocupado em mostrar que não é malfeitor. Estão, antes e acima de tudo, preocupados em derrubar o processo. Ou protelá-lo indefinidamente. Se conseguirem anular as provas que podem condená-los, melhor. Isto agora, ao que parece, está se tornando possível e comum.

Ah, e comemoram também porque sabem que logo-logo a Constituição será mudada para suprimir aquele incômodo artigo que assegura liberdade de expressão. Não basta ter uma imprensa a favor. É preciso ter instrumentos para calar “constitucionalmente” os que insistem em suspeitar das fortunas que crescem como cogumelos no esterco. Ferramentas para fechar a boca daqueles que ousam achar que gente bem situada na vida, quando comete ilícitos, deveria pagar como pagam os pé-rapados que são pegos batendo carteiras.

3 comentários:

Anônimo disse...

Pois te digo querido jornalista, nunca acreditei que o compadre espanhol, com título de consul e compadre do homem fosse preso. Taí, tudo não passou de um mal entendido. Ah, e o Rabelo no porto de Itajaí tb não vale aquela conversa gravada que ele diz ao interlocutor "o porto é a galinha dos ovos de ouro e cada mes voces terão aqui um ovinho, dois ovinhos e daí por diante" - ai que loucura!!! O crime compen$a !!! Basta ter amigos influentes e poderosos. No Brasil falta povo, sobra público.

Anônimo disse...

E como ficam aquelas coisas todas ditas pelo Diarinho, em edição especialíssima - com tiragem record (nem eles sabem quantos exemplares foram feitos a mais) e distribuidos gratuitamente nas esquinas de Blumenau? E ainda o apadrinhado do JKB, tem a cara de dizer que não usou o episódio em sua campanha? César VALENTE, tu acredita?

Cesar Valente disse...

Caro anônimo das 4:20, permita-me que te diga duas coisinhas:
1. O Diarinho não fez "edição especialíssima", a tiragem foi a de sempre (algo entre dez e doze mil exemplares). E o Diarinho não distribui jornal de graça. Cobra até para ser lido na internet (afinal, tem que pagar os salários dos colunistas e também daqueles que trabalham). O que provavelmente aconteceu foi que algum dos adversários correu as bancas do Vale, comprando tudo o que encontrava. Imagina se eles iriam deixar passar uma chance dessas...
2. Quanto ao que as pessoas disseram ao telefone (e que foi gravado pela PF), o fato de não poder ser usado como prova descomplica a vida deles diante da Justiça, mas não torna o que eles fizeram (os que fizeram), menos ilícito e menos criminoso. A dúvida está na tramitação dos pedidos de escuta e não no fato das escutas conterem indícios de crime.