segunda-feira, 29 de setembro de 2008

CADERNO 2

Estava conversando com meu amigo Mário Medaglia sobre a espantosamente falha teia de divulgação cultural que assola esta cidade, quando nos ocorreu o seguinte: temos a faca e o queijo na mão! O Medaglia e suas amigas freqüentam cinemas, teatros e outros ambientes divertidos e eu tenho, aqui, um blog com uma audiência média diária que está nos quatro dígitos (e crescendo!). E entre esses leitores, muita gente que não vive só de política, de comentários ácidos, de críticas ferinas, de piadinhas sensaburronas. Também gosta de poesia, teatro, cinema e arte.

Então, caros amigos e amigas, está inaugurado o “Caderno 2”, espaço com dicas, recomendações e comentários. De olho na cultura da capital. O nome da seção é uma saudosa homenagem ao caderno de “variedades” do  jornal O Estado. O editor é o Mário Medaglia, eu ajudo catando as ilustrações.

Divirtam-se. Espero que gostem. Se acharem bom, parabenizem o Mário (sim, sim, aquele) e espalhem; se acharem fraco, me digam que eu dou um cascudo nele.

ADEUS AO CINE YORK
Estamos condenados a viver de saudades e de lembranças na área cultural. Não tem jeito. Agora foi a vez de o Cine York desaparecer. Foi uma tentativa do Gilberto Gerlach de misturar um pouco o comércio com a cultura, os filmões americanos e seus lixos com o bom cinema. Isso em São José, bem perto do teatrinho da praça, onde o Gerlach e o Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro na década de 70 arrastavam verdadeiras excursões formadas por aqueles que fugiam da programação comercial dos cinemas de Floripa. É passado, como daqui a pouco pode acontecer em Florianópolis com a nova sede do Clube de Cinema, a simpática e acolhedora sala do Centro Integrado de Cultura, maltratada pela Fundação Catarinense de Cultura, ignorada pela divulgação da mídia.

Em tempo: o pessoal do cotidiano.ufsc.br de vez em quando faz reportagens sobre cultura e arredores. Clique aqui para ler o que eles contam sobre o fechamento do York. É uma bela reportagem, com um pouco da história destes espaços cinéfilos, que se confundem com a história pessoal do Gerlach.

TEATRO (quase) SECRETO

A observação acima vale para os bons espetáculos teatrais, como acaba de acontecer com a excelente peça Adubo, integrante do projeto Palco Giratório do SESC. Soubemos dela porque o Juliano, um dos atores, é filho do jornalista Lourenço Cazarré, que já morou e trabalhou por aqui e tratou de avisar os amigos. Produção e divulgação garantidas só para aquelas coisas cheias de atores globais.

O Cesar Valente também falou sobre o espetáculo numa das notas de hoje de manhã: “No domingo à noite fui assistir à pouco divulgada, mas instigante e refrescante “Adubo”, no teatrinho do SESC, na Prainha. Ali um grupo de jovens atores, formados pela escola de artes cênicas da UnB, mostrou um trabalho de excelente nível onde a densidade do tema (o suicídio, a morte) não impediu que a platéia, em certos momentos, risse bastante. E em outros, ficassem em dúvida se ria ou se chorava. Uma montagem profissional, apresentada com a vitalidade e a criatividade dos amadores (no bom sentido). Um dos atores, Juliano Cazarré, está no elenco da nova série brasileira da HBO, “Alice”. ”

DICAS DE BOM CINEMA
Voltando ao cinema, que sofre do mesmo mal (de falta de divulgação adequada), exemplinhos rápidos de filmes que, se a gente não avisa aqui, acabariam passando despercebidos:

“Aventuras de Molière”, título bobo para um bom filme sobre uma passagem da vida de Jean Baptiste Poquelin. Com o pseudônimo de Molière, este autor teatral (França, 1622-1673) tem parte de sua obra e vida retratadas na produção francesa de Laurent Tirard, com bons atores, o talento e a beleza da italiana Laura Morante. Molière está no CIC. Como aperitivo, abaixo o trailer. En français, bien sûr.



A bela Laura também pode ser vista na Lagoa da Conceição, no Cine Clube Sol da Terra, em “Medos Privados em Lugares Públicos” (Coeurs), direção de Alain Resnais. Já vi os dois e recomendo. Abaixo o trailer, em espanhol.



No CIC, além do Molière, está “Do outro lado” (Auf der anderen seite) - Alemanha/Turquia – melhor roteiro e Prêmio Ecumênico em Cannes 2007. Direção da Fatih Arkin, trata de encontros e desencontros em uma história que passeia pela Turquia e Alemanha. Este filme tem a Hanna Schygulla, a musa dos filmes de Rainer Fassbinder (Casamento de Maria Braun, entre outros). Fassbinder, considerado o mais importante diretor alemão do pós-guerra, também entra em ciclo no CIC com alguns de seus filmes. “Amor e Preconceito”, com a Schygulla, é o primeiro deles. É o que temos para o momento. A quem interessar possa. Antes que saiam de cartaz praticamente ignorados, como acontece sempre. Abaixo, o trailer de “Do outro lado” sem legendas(sorry).

4 comentários:

Bonassoli disse...

Cesar, obrigado pela visita e o comentário. Seja sempre bem-vindo lá no blog.

E parabéns pela iniciativa. Este "Caderno 2" é muito bem-vindo.

Anônimo disse...

Cesar,

Que ótimo poder apreciar mais essa novidade. Com a competência do Mário, mais uma razão para frequentar o blog diariamente. Parabéns e beijos,
Bea Porto.

Anônimo disse...

Parabéns pela iniciativa. Muito bom!

Anônimo disse...

Tio César,

Já que os governos de plantão, Estadual e Municipal, não fazem nada pela cultura, a iniciativa merece aplausos!
Em tempo: Bolshói não é cultura, é business!