Essa gente gosta mesmo de falar mal dos outros. Foi só voltar ao assunto do Teatro Pedro Ivo (aquele, não tem?, que terá um heliponto no alto do palco), que a caixa postal inundou (sem falar nos telefonemas da turma que já descobriu meu celular).
Primeiro, lembraram que a laje superior, há uns dois anos, desabou. Não sei se estava sendo concretada e os suportes cederam. O fato não foi noticiado (se foi, saiu num cantinho qualquer que ninguém viu). Aí um comentarista já complementou, dizendo que a obra teve também um acidente fatal. Um operário teria morrido. Se foi verdade, não foi noticiado.
(Em tempo – O comentarista voltou para informar que se enganou de obra: embora o acidente tenha sido no Centro Administrativo, foi na obra da decoração natalina e não do teatro. Este foi noticiado.)
Sem falar nas piadinhas: “se a laje desabou sozinha, imagine quando tiver um helicóptero em cima!”. Ou “o barulho do helicópero sobrevoando o palco não será nada, comparado com o barulho da laje desabando com o helicóptero”.
Imaginem a cena: no programa de inauguração, concerto da Orquestra Sinfônica de Santa Catarina, com alguma peça do balé Bolshoi e mais as outras escolas de música e dança estrangeiras que até lá tiverem instalado “escritórios” em Santa Catarina. Teatro lotado e o espetáculo não começa. De repente, um barulho crescente de... helicóptero. Ah, chegou o governador (um pouco atrasado, como sempre). Em alguns minutos o helicóptero levanta vôo novamente (é só um heliponto, o aparelho não pode ficar ali estacionado muito tempo), LHS chega ao camarote governamental e o espetáculo começa.
Na hora combinada, o piloto volta, com sua máquina barulhenta, para buscar o governador. Coincide, a chegada, com algum movimento delicado da dança, um pas de deux de alta complexidade, a música é abafada pelo ruído do rotor. Fica um certo climão na sala. O governador, que tem um compromisso em outra parte do estado, sai à francesa. Ninguém nota a saída discreta. Exceto pelo fato de que há um helicóptero roncando sobre o palco.
Quando o helicóptero novamente se afasta, o espetáculo retoma sua normalidade. O maestro, coitado, sangra nas têmporas, por ter arrancado tufos inteiros de seu cabelo ralo. Os dançarinos, que assustados tinham caído de bunda no chão, pedem desculpas à platéia e reiniciam o movimento. Os espectadores, perplexos, começam a imaginar se haverá algum tipo de isolamento acústico capaz de impedir que se ouça um helicóptero pousar no alto do palco de um teatro.
No dia seguinte alguém comenta com orgulho, numa emissora de rádio, que em nenhum outro teatro do mundo conseguiram unir o útil (o heliponto) ao agradável (a arte). E diz que as críticas são o preço que os pioneiros pagam por sua ousadia que, a história mostrará, será um dia reconhecida como grande contribuição ao avanço da humanidade. Alguém diz, ao fundo, que não seria surpresa se logo-logo os maiores teatros do mundo começarem a adicionar helipontos às suas estruturas, para atender os vips que desejam assistir seus espetáculos. Pode até se transformar numa tendência arquitetônica mundial.
E eu, cá no meu canto, começo a lembrar da tremenda injustiça que cometemos quando, na época em que havia um terminal de ônibus ao lado do teatro Álvaro de Carvalho, diziamos que aquilo era um atraso absurdo, uma falta de civilidade. Atores e músicos, na época, protestaram irritados, por causa do barulho de meia dúzia de ônibus. Mal sabiam eles o que o futuro lhes reservava: um teatro completamente novo e moderno, com um heliponto sobre a caixa do palco. O velho Álvaro de Carvalho e seus ônibus ao lado estava na vanguarda e a gente não sabia.
Voltando ao mundo real e presente: o secretário Galina, na CBN, tentava justificar a demora da obra (que era pra durar 200 dias e vai durar 800), botando a culpa na engenharia: “sabe como é, construção antiga, aparece uma viga, uma parede, coisa que não estava prevista...” É, de fato, a engenharia não tem como planejar uma reforma com alguma precisão, e nem os engenheiros conseguem calcular direito o que encontrarão e fixar prazos para seus projetos. Ao ouvir o Galina comecei a imaginar os engenheiros e arquitetos que conheço, todos orgulhosos do seu nível e da sua capacidade, bufando de raiva e catando tijolos metafóricos (ou de argila mesmo) pra jogar no desastrado secretário.
Agora fiquei curioso. Alguém conhece algum teatro, no mundo, que tenha um heliponto sobre a caixa do palco?
Uma terra só deles
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Como chegamos ao ponto de os mais extremistas dos dois lados considerarem
que o outro sexo é dispensável? Como podemos corrigir o que foi feito? Eis
duas...
Há 13 horas
25 comentários:
Beleza! Esta bagunça ilustra bem a "filosofia administrativa" de D. Luís XV. Incompetente e perdulário.
É iss aí. Vamos descentralizar os helipontos e heliportos por toda Santa Catarina. Falando nisso, seria providencial um heliponto na Casa da Marlene Rica.
Tio César,
Eles vão encenar Miss Saigon! Com o "cafona" descendo de helicóptero real!
Quantos dias de atraso???!!!
Vergonha, não?
Mas o atraso se justifica, pois aqui estamos na Capital e com a descentralização não somos prioridade. Só agora que eles querem fazer o Dário ganhar!
Tio César
Você tá errado dessa vez.
A inauguração não vai ser com o Bolshoi. Vai ser com a hiper-mega-super-star Márcia Mell.
Que maravilha hein?
O show inaugural do teatro, será com a Filha do Todo Poderoso, ou alguem duvida?
Só na palhaçolândia mesmo...
Ano 2008, Número 096 quarta-feira, Brasília, 3 de setembro de 2008
Decisão
PUBLICAÇÃO DE DECISÕES Nº 351/2008.
DECISÃO
RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA Nº 703 FLORIA-NÓPOLIS-SC
RECORRENTE: COLIGAÇÃO SALVE SANTA CATARINA (PP/PV/PMN/PRONA)
ADVOGADOS : JAQUELINE ALBA DE DOMENICO e Outros
RECORRIDO: LUIZ HENRIQUE DA SILVEIRA
ADVOGADOS : JOSÉ EDUARDO RANGEL DE ALCKMIN e Ou-tros
LITISCONSORTE PASSIVO: LEONEL ARCÂNGELO PAVAN
ADVOGADOS: FERNANDO NEVES DA SILVA e Outros
Ministro Felix Fischer
Protocolo: 1502/2007
DECISÃO
Vistos etc.,
A Coligação Salve Santa Catarina (PP/PV/PMN/PRONA), com fulcro no art. 262, IV, do Código Eleitoral, interpôs recurso contra a expedição do diploma de Luiz Henrique da Silveira, Governador do Estado de Santa Catarina.
Devidamente intimado, Luiz Henrique da Silveira apresentou contra-razões (fls. 1.016-1.038).
Em 21.2.2008 esta e. Corte, por maioria, adotou o entendimento do e. Min. Marco Aurélio para que este feito fosse chamado à ordem, determinando-se a citação do Vice-Governador, na qualidade de litisconsorte passivo necessário.
Às fls. 1.717-1.773, o Vice-Governador apresentou-se, mediante contra-razões, na condição de litisconsorte necessário, conforme decidido por esta e. Corte.
Após refutar as alegações postas na inicial do RCED, Leonel Arcân-gelo Pavan formulou os seguintes pedidos:
a) "realização de perícia contábil comparativa nas contas relativas à publicidade institucional dos diversos órgãos que integram o Gover-no do Estado de Santa Catarina, nos exercícios de 2002 a 2006" (fl. 1.772);
b) A oitiva de seis testemunhas, arroladas à fl. 1.772, com os respec-tivos endereços nos quais podem ser localizadas.
Relatados, decido.
Em momento oportuno, analisarei as preliminares suscitadas pelo litisconsorte passivo recém admitido no feito.
Nesse sentido, destaco o seguinte precedente desta e. Corte, verbis:
“AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA. DESPACHO QUE DEFERIU A PRODUÇÃO DE PRO-VAS. PRELIMINARES. APRECIAÇÃO QUANDO DO JULGAMENTO DO RECURSO. DESPROVIDO.
- Impertinência do requerimento de apreciação desde logo das preliminares suscitadas nas contra-razões, uma vez que a decisão agra-vada cingiu-se à admissão das provas requeridas.
- As preliminares merecerão oportuno julgamento pela Corte, quando da apreciação do recurso (Precedente: RCEd nº 639/RR).
- Agravo regimental a que se nega provimento" (RCED nº 676, Rel. e. Min. Gerardo Grossi, DJ de 29.2.2008).
Analiso, portanto, os pedidos por ele formulados.
Leonel Arcângelo Pavan, na qualidade de litisconsorte passivo, pugna, primeiramente, por perícia contábil “(...) nas contas relativas à publicidade institucional dos diversos órgãos que integram o Governo do Estado de Santa Catarina, nos exercícios de 2002 a 2006" (fl. 1.772).
Entendo desnecessária a pretensão.
O objeto da perícia contábil, nos termos em que requerida, não guarda relação direta com o que é cabível apurar em RCED, uma vez que cabe examinar, nesta via, a potencialidade “(...) da conduta e o conseqüente comprometimento do processo eleitoral" (RCED nº 616, Rel. e. Min. José Delgado, DJ de 23.8.2006). In casu, quanto ao ponto, deve ser apurada, essencialmente, a potencialidade de su-posto desvirtuamento de propaganda institucional e, não, propriamente, a regularidade dos procedimentos contábeis de contratação pelo poder público.
Com esses fundamentos, indefiro o pedido.
O segundo pedido formulado, oitiva das testemunhas arroladas às fls. 1.772, deverá ser motivado. Faço essa consideração por força do que decidido no v. Acórdão de fls. 1.303-1.399. Este e. Tribunal, por maioria, declarou insubsistentes os atos praticados, mas ressalvou não haver prejuízo no aproveitamento daquilo que for cabível.
Do exposto, intime-se o litisconsorte passivo para que, em três dias, justifique a pleiteada oitiva de testemunhas, sob pena de indeferimento.
Após, conclusos.
P. I.
Brasília, 29 de agosto de 2008.
MINISTRO FELIX FISCHER
Relator
Mais ou menos como o Exército Brancaleole. Vivemos nos tempos dos "pândegos" e somos governados pelos próprios. De cima abaixo.
Que tal uma reexibição de Apocalipse Now, com a Cavalgada das Valquírias em alto volume, tendo - ao fundo - o tonitroar das hélices do helicóptero? Ou algo mais francês, já que o rei se inspira abertamente? A Queda da Bastilha, quem sabe.
Sem contar, a entrevista do Galina na CBN, o tal reajuste de 30% por conta das paredes que não estavam e as que estavam e sairam. Os homem nãoa cietam mais o "quinzinho" botam a mão mesmo.
É assim, se não faz reclama, e se faz, reclama também...
Ricardo MD
Tem que fazer sim, mas tem que fazer pro povo e nao p/ o megalomano do Luiz XV pousar o helicoptero que o leva para passear 10 Km. Tem que fazer sim, e não super faturar. Tem que fazer sim, e não só em vespera de eleição. Enfim, meu caro, tem que fazer sim, mas não pode rir da cara de todos nós. Já vão tarde, via TSE....
Eu também acho que tem que fazer, e tá fazendo!! E fez no interior, diferente do ex-governador que só queria capital!
Ricardo MD
Um dos Anônimos, aí, "roubou" minha idéia antes mesmo de eu expô-la, pode? Eu também ia sugerir que o LHS instalasse em seu helicóptero uma turbinada aparelhagem de som e chegasse retumbando "A Cavalgada das Valquírias", de Wagner, como no "Apocalipse Now". Vestido a caráter, isto é, com uniforme de camuflagem. Abração.
Enganei-me. Não houve acidente com morte nas obras de contrução do heliponto "real".
Houve acidente com morte na instalação da decoração natalina do palácio do governo (ôps, centro administrativo) no final de 2006, conforme pode-se verificar na nota hospedada no site da ELETROSUL:
http://www.eletrosul.gov.br/gdi/gdi/index.php?pg=cl_abre&cd=kklcbg2:%7BOfd
A nota informa que a sec. de coordenação política abriu inquérito para apurar as causas da morte do trabalhador. Dúvidas: Como saber o resultado de tal inquérito? Está pronto ou primeiro vão acabar aquele inquérito do Aldo Hey Neto? Qual a relação da secretaria de articulação política com o fato? O trabalhador era filiado a algum partido político e isso pode ter tido relação com o acidente?
Essa decoração não foi a que custou a bagatela de mais de 1/4 de milhão de reais, além de ter custado a vida de alguém?
Um só queria capital. O outro só quer captar...
Tem um octário que insiste n rivalidade interior x capital. Uma bobagem de uma via só: fica na maior reca com a capital, mas mandam os filhos estudar na federal e sonham em ter um ap ou uma casa em uma das cem belíssimas praias, hoje apinhadas de malas de todos os matizes e origens: a grande maioria de fora, do interioorrr. Pena que a UFSC não foi construída em Tijucas, a Eletrosul em Biguaçu, a Capital transferida junto com esse monte de comissionados pra Curitibanos (início e fim em homenagem ao recalcado). Pena que o Colombo tenha feito esta m. de aterro e 2ª Ponte e o Pedro Ivo a 3ª ponte. Pena, pois a Ilha seria SOMENTE ILHA, sem ser capital e certamente não teria tanto murrinha e ladrão vindo pra cá roubar. Paulão
Não sei voc~es, mas no dia em que eu for assistir alguma coisa naquele teatro vou tratar de pegar uma cadeira no fundão. Não quero um helicóptero no meu colo...kkkk
Interessante seria outra coisa: O heliponto, ao ficar pronto, deve passar por processo homologatório, e ser classificado conforme uso, etc. Imagino que será classificado como público, sendo assim, qualquer um poderá usá-lo e não somente o governador. Já pensaram que legal? Eu tenho um helicóptero e estou a fim de jogar boliche ou jogar tênis (tem ali perto). Simplesmente pego minha máquina e me desloco para lá. Aí no mesmo instante vem o gov. no helicóptero dele (nosso). Congestionamento. Imaginem ele ficar esperando 5 minutos em vôo pairado sobre o centro administrativo, até o meu helicóptero decolar?
E tem mais: Como heliponto, se público, ele não poderá deixar o helicóptero "estacionado" lá o dia inteiro, sendo assim, continuará gastando o nosso dinheiro em dobro, com uma viagem no início do dia e outra no final do dia (se esse for o expediente dele). Falando nisso, os ladrões estão proibidos de praticar delitos nesses horários, pois se a polícia precisar do aparelho ele não está disponível; o mesmo vale para acidentes graves. Não vão inventar de se acidentar enquanto o gov. está passeando por aí, pois ficarão sem resgate aéreo.
Anônimo 1:54, o final do teu comentário tem informações erradas: o governador não usa os helicópteros das polícias ou de outros órgãos. É um aparelho alugado apenas para os deslocamentos do governador.
Alugado, César?
Interessante. Além de dispendioso, é claro. Alugaram um helicóptero só para fazer o traslado Agronômica-Centro Administrativo? Céus!
Alugaram de quem? Nada a ver com aquela cisma pelo bingo, acredito...
Calma. Até onde sei a máquina não é usada para trajetos curtos. É para viagens pelo estado. E o LHS não foi o primeiro governador a usar helicótero, nem será o último.
César, vc está enganado. O absurdo e o deboche é extamente por usar a aeronave em deslocamentos curtíssimos, tipo agronomica-aeroporto, tipo aeroporto-centro adm, etc... Para deslocamentos de média e longa distancias, aí sim, é plenamente justificado.
Realmente, acredito que o uso de um mesmo aparelho (helicóptero) para diversas funções (deslocamentos do executivo, resgates, etc) acontecia somente no início das operações aéreas, ainda no gov. do Amin. Tanto que a falta de experiência das tripulações e a prepotência do sec. de segurança à época lhe custaram a vida e a de policiais militares, em um acidente em Tijucas.
Mas o outros comentaristas têm razão: Pior ainda é ter um helicóptero EXCLUSIVO para o uso do governador. Ainda mais quando sabemos quais são esses usos.
Se o povo não se "rebelar" quanto às prioridades do governo, seja lá qual for o governante, realmente este não será o último a usar helicóptero nem a gastar nosso dinheiro com obras em função desse tipo de equipamento.
Comékié? LHS aluga (e nós pagamos) pra ir de helicóptero da agronômica ao centro administrativo? Onde é que nós estamos? Quanto custa pra um bicho daqueles aquecer o motor? Pelo que eu sei, cada REVOADA não fica por menos de R$5.000,00. Se isso for verdade (falaí Casa Militar), ele tá rasgando o nosso dinheiro, nénão?
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