Tive uma professora, no primário, que gostava muito de colocar as mãos na cintura, olhar feio em direção do coitado que, na avaliação dela, estivesse fazendo alguma coisa errada, e dizer, com sua voz forte e mandona: “muito bonito, seu Cesar!”
Deu-me vontade, agora, de buscar a professora essa, colocá-la diante dos procuradores da República e da delegada da PF, só para que ela pudesse, com a autoridade que tinham as professoras das primeiras séries da escola elementar, no século passado, dizer-lhes: “muito bonito!”
Sim, porque é coisa linda a gente assistir à troca de farpas, denúncias, queixas e choramingos entre o Ministério Público e a Polícia Federal, com respingos na Justiça Federal, enquanto a ratatulhada toda morre de rir e continua tocando suas negociatas, confiantes na justiça lenta e no arsenal de recursos dos advogados especializados.
Recuso-me a entrar no mérito dessa troca de “gentilezas”. Basta o amargor da decepção e a tristeza de ver que o foco desvia-se perigosamente de quem cometeu os delitos. Cá da planície tem-se a impressão que, intencionalmente ou não, todos conspiram para aliviar a barra dos desafortunados que foram pegos com a boca na botija.
É claro que, entre os 54, há níveis diferentes de envolvimento, de culpa ou de inocência. Ninguém discute que a simples divulgação da relação de indiciados joga a lama sobre a cabeça de todos, sem levar em conta que o processo ainda não começou. Mas quando terminei de ler as declarações do procurador Davy Lincoln Rocha, bateu o desânimo: isso não vai dar em nada. A batalha jurídica se dará entre MPF, PF e JF.
Quando terminarem de discutir quem fez o que em favor de quem, quem prejudicou quem e quem começou o quê, o século XXI estará na metade, eu estarei brigando com o call center do Guiness para ser incluído como o jornalista ranzinza mais velho do mundo e o prefeito Dário Berger Neto inaugurará uma pracinha, de 100 m2, ao redor da última árvore da Ilha. Uma acácia raquítica, que não chega a dois metros de altura.
A praça, claro, será na cobertura do Centro Administrativo Multimodal General Chavez, El Libertador, construído onde uma vez existiu a Lagoa da Conceição, porque não há mais espaço, no solo, para essas esquisitices de praças e árvores.
Tomara que todas estas minhas previsões estejam erradas e que, ainda nesta encadernação, os procuradores, a delegada e os juízes, encham-me de e-mails desaforados, provando meus erros e informando que alguém, um que seja, foi denunciado, processado e condenado por ter negociado licenças ambientais em Santa Catarina.
A dancinha do trumpismo
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Diferentemente de manifestações polêmicas do passado, como ajoelhar-se
durante o hino nacional, o gesto é visto como celebração patriótica.
Alexandre Bor...
Há 4 horas
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