“Primeiro a gente mata os arquitetos”
(Texto e ilustrações surrupiados do The New York Times, de 9 de setembro, como uma contribuição para o debate sobre urbanismo em cidades situadas em ilhas. Tradução feita por mim mesmo. Para ler o original, “First we kill the architects”, é só clicar aqui.)
(Texto e ilustrações surrupiados do The New York Times, de 9 de setembro, como uma contribuição para o debate sobre urbanismo em cidades situadas em ilhas. Tradução feita por mim mesmo. Para ler o original, “First we kill the architects”, é só clicar aqui.)
Por Danny Lyon*
Pediram-me para ajudar a desenhar uma cidade. Estou orgulhoso. No passado, este era um trabalho para imperadores e reis. Mas é claro que hoje as coisas são um pouco mais complicadas. Tendo usufruido de uma educação em escola pública municipal de Nova Iorque, 65 anos de vida, e com a paz de espírito necessária para pensar claramente que tenho hoje, morando numa fazenda, onde cultivo meus próprios vegetais e peixes, recomendo o seguinte:
1
Primeiro a gente mata os arquitetos.
2
Daí, queima os shoppings. (Seguindo o exemplo de Alexandre, a gente mantém as livrarias e os cinemas, como ele preservou a casa e a biblioteca de Píndaro, quando queimou Tebas.)
3
Redução de impostos e incentivos fiscais para todas as pequenas empresas que quiserem construir sobre as cinzas ou se instalar no centro.
4
O uso de bicicletas é estimulado.
5
Apenas veículos movidos a eletricidade são permitidos. (Muitas cidades na China já baniram as motocicletas. Apenas as elétricas são permitidas)
6
Deixe a escavação do World Trade Center exatamente como está e use o espaço como um tanque de água doce, cultivado com lírios aquáticos rosa, brancos e amarelos. Encha-o com vários tipos de peixes (bass, sunnies, fat-head minnows) e tartarugas. Pesca permitida só para crianças até 12 anos. (A água doce pode ser bombeada do subsolo, do pântano do Beckman [Beckman’s Swamp], que está enterrado sob as ruas a leste). Uma pequena estátua do Voltaire deverá ser instalada ali, também.
7
Dez por cento de toda a área da cidade deve ser de campo aberto, onde você pode “tocar a terra”. Se isto não for espaço suficiente, podemos demolir os bancos e transformá-los em campos de flores e grama nativos. Um quarto do espaço livre será usado para cultivar verduras.
8
Mascotes são permitidos em todos os edifícios.
9
Polícia do celular, com galões bordados com as palavras “Polícia do Celular”.
10
Incentivos fiscais e prêmios em dinheiro de até US$ 10 mil, para cada pessoa trazida do Outro Lado. Qualquer cidadão que tenha um amigo que seja criminoso, prostituta ou viciado/traficante de drogas e consiga, pela amizade, exemplo, emprego ou estímulo, transformar tal pessoa em um cidadão útil e não predador, receberá o prêmio. Não há limite para o número de pessoas que você pode trazer do Outro Lado, nem para a soma que você poderá ganhar nesse programa social beneficente. Boa sorte.
Primeiro a gente mata os arquitetos.
2
Daí, queima os shoppings. (Seguindo o exemplo de Alexandre, a gente mantém as livrarias e os cinemas, como ele preservou a casa e a biblioteca de Píndaro, quando queimou Tebas.)
3
Redução de impostos e incentivos fiscais para todas as pequenas empresas que quiserem construir sobre as cinzas ou se instalar no centro.
4
O uso de bicicletas é estimulado.
5
Apenas veículos movidos a eletricidade são permitidos. (Muitas cidades na China já baniram as motocicletas. Apenas as elétricas são permitidas)
6
Deixe a escavação do World Trade Center exatamente como está e use o espaço como um tanque de água doce, cultivado com lírios aquáticos rosa, brancos e amarelos. Encha-o com vários tipos de peixes (bass, sunnies, fat-head minnows) e tartarugas. Pesca permitida só para crianças até 12 anos. (A água doce pode ser bombeada do subsolo, do pântano do Beckman [Beckman’s Swamp], que está enterrado sob as ruas a leste). Uma pequena estátua do Voltaire deverá ser instalada ali, também.
7
Dez por cento de toda a área da cidade deve ser de campo aberto, onde você pode “tocar a terra”. Se isto não for espaço suficiente, podemos demolir os bancos e transformá-los em campos de flores e grama nativos. Um quarto do espaço livre será usado para cultivar verduras.
8
Mascotes são permitidos em todos os edifícios.
9
Polícia do celular, com galões bordados com as palavras “Polícia do Celular”.
10
Incentivos fiscais e prêmios em dinheiro de até US$ 10 mil, para cada pessoa trazida do Outro Lado. Qualquer cidadão que tenha um amigo que seja criminoso, prostituta ou viciado/traficante de drogas e consiga, pela amizade, exemplo, emprego ou estímulo, transformar tal pessoa em um cidadão útil e não predador, receberá o prêmio. Não há limite para o número de pessoas que você pode trazer do Outro Lado, nem para a soma que você poderá ganhar nesse programa social beneficente. Boa sorte.
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* Danny Lyon é fotógrafo, autor de livros como “A Destruição do Baixo Manhattan”, com trabalhos expostos no Museu Whitney de Arte Americana até novembro. Este ensaio faz parte do livro “Quadra a Quadra: Jane Jacobs e o Futuro de Nova Iorque” (Block by Block: Jane Jacobs and the Future of New York) que foi lançado em setembro pela Princeton Architetural Press, simultaneamente com uma exposição na Municipal Art Society. Ilustrações de Stuart Goldenberg.
* Danny Lyon é fotógrafo, autor de livros como “A Destruição do Baixo Manhattan”, com trabalhos expostos no Museu Whitney de Arte Americana até novembro. Este ensaio faz parte do livro “Quadra a Quadra: Jane Jacobs e o Futuro de Nova Iorque” (Block by Block: Jane Jacobs and the Future of New York) que foi lançado em setembro pela Princeton Architetural Press, simultaneamente com uma exposição na Municipal Art Society. Ilustrações de Stuart Goldenberg.
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