Vou tentar sintetizar o enredo do livro “A Descentralização no Banco dos Réus”, para dar uma idéia geral do que se trata e depois, aos poucos, durante a tarde, vamos dando uma espiada nos detalhes.
1. O empresário Nei Silva (foto ao lado), dono de uma, como direi, “revista de oportunidades” chamada Metrópole, que vive de fazer edições “especiais”, onde as “personalidades” precisam pagar para aparecer ou para não aparecer, teria acertado, com LHS, um certo “Projeto Descentralização”. Por módicos R$ 500 mil, publicaria três revistas, colocaria dezenas de out-doors pelo estado e faria “pesquisas de opinião” (como ele mesmo diz, “sem registro, apenas para conhecimento de LHS”).
2. O esquema, clássico desse tipo de publicação, seria o seguinte: o governo, através de um de seus secretários centrais, “estimularia” os secretários regionais a abrirem as portas dos empresários fornecedores e amigos do governo para que o Nei Silva pudesse faturar.
3. Em algum momento, entrou água no esquema. Segundo Nei Silva, o então presidente da Codesc (e tesoureiro do PMDB) Içuriti Pereira e o Secretário de Comunicação, Derly Anunciação, disseram, em junho de 2006, que ele parasse de “cobrar” as faturas dos “anunciantes” porque era véspera de eleição e não seria legal executar devedores/apoiadores.
4. Sempre segundo o relato de Nei Silva, publicado no livro (distribuído em cópias xerox), teria ficado acertado que ele deixaria os empresários em paz e o pagamento devido seria feito diretamente pelo governo. E conta que recebeu uma primeira parcela, de R$ 40 mil, no diretório do PMDB de Florianópolis, de Miguel Bertolini. E duas parcelas de R$ 40 mil na empresa Renaux, do ex-secretário Armando Hess de Souza.
5. Ancorado no valor inicial, que teria sido “acertado” de R$ 500 mil, Nei Silva não se satisfez com os R$ 120 mil e começou então a cobrar o que faltava.
6. Em julho de 2007, mesmo com o problema do projeto “Descentralização”, que gerou ações na Justiça e muito rolo interno, o Gentil da Luz, então secretário regional em Criciúma, chama Nei para fazer uma revista “como aquela do governador” para Eduardo Pinho Moreira e ele próprio. Eduardo como pré-candidato a 2010 e ele como candidato a prefeito de Içara.
7. No livro, a operação “Força do Sul” é relatada exaustivamente. E acabou mal, quando a edição foi distribuída em Gravatal, numa reunião do Colegiado, em setembro de 2007. A revista causou enorme mal-estar entre os presentes, todos escaldados com os problemas anteriores. Leonel Pavan teria olhado a revista e dito a frase famosa: “isto vai dar merda!” A distribuição foi suspensa.
8. Com dificuldade para receber o “restante” e agora com o prejuízo da nova revista, Nei Silva aperta o cerco ao governo. Conta várias negociações, que diz ter gravado, com Armando Hess e Ivo Carminatti. Até que, por algum motivo que não ficou claro, resolveu colocar a história no papel e distribuir à imprensa. No livro há pelo menos dois trechos em que fica evidente que a possibilidade de “contar tudo” foi usada como chantagem.
9. Lê-se o livro com engulhos, nojo e pena. Pelo menos foi assim comigo, que exerço jornalismo há 36 anos e não consigo deixar de me indignar com essas publicações picaretas, que só publicam matérias pagas, não fazem jornalismo, apresentam produtos de má qualidade editorial e gráfica e mesmo assim conseguem faturar horrores. E com as “autoridades” dos três poderes que, ingênua ou malandramente, abrem os cofres para esse tipo de publicação com enorme facilidade. Enquanto isso, veículos sérios e profissionais são fechados porque não conseguem respaldo do mercado publicitário.
10. Bom, em resumo é isso. Uma história nada dignificante, que pode ser sintetizada da maneira mais chula possível: o cara jogou merda no ventilador.
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de ter sido. O PS, que agora é “cool” e mano dos democratas do PCP e do BE,
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Há 3 horas
3 comentários:
caro César concordo com você que o cara jogou "côsa" no ventilador e deve ter cansado de ameaçar que faria isso. Se o que ele diz for verdade, e acho que isso deve ser devidamente apurado, temos mais um escândalo para fazer com que nos envergonhemos desse governo.
É a primeira vez que uma dessas publicações oportunistas pode, não importa a maneira, prestar um serviço de interesse público. Tão oportunista que é, não recebendo, virou o fio. Os governantes, que não são tão neófitos assim, adoram apostar nesse tipo de "imprensa". Está na hora de também serem vítimas desse perigoso instrumento.
Rodeados por agências, publicitários, conselhos e assessores, é inaceitável que destinem recursos públicos para essa e outras publicações congêneres.
Essa e outras devem ser minuciosamente investigadas pelo Ministério Público e Receita Federal.
legal a sua cobertura sobre esse caso.
parabéns pelo item 9, me permita assinar embaixo.
abs
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