sexta-feira, 23 de maio de 2008

PROCURA-SE!

(Versão levemente modificada de uma crônica publicada em 29/7/2004)

Aproveito para fazer um pedido a todos e todas que mais ou menos fazem o mesmo trajeto que eu: perdi, não sei onde, a esperança que tinha desde pequeno. Acho que todo mundo já viu ou teve esperança, por isso imagino que não seja necessário explicar muito como é que ela é. A minha, como a de tanta gente, cresceu se alimentando desde pequena com as idéias de Monteiro Lobato, fortaleceu-se, na adolescência, com aqueles ideais humanísticos de um mundo civilizado e, já adulta, vivia movida pela certeza de que a barbárie é passageira, mas a cortesia e a gentileza são permanentes.

De uns tempos pra cá tinha notado que a minha esperança andava meio chateada, abatida, pensei que fosse só uma anemia. Ofereci espinafre, feijão, óleo de fígado de bacalhau. Mas não vi progresso. Mesmo assim, ela era muito divertida. Vocês sabem como é: com a esperança não tem tempo ruim.

Na segunda-feira, ao voltar do trabalho, procurei por ela e não a encontrei. Olhei no sótão, no porão, nos lugares mais quentinhos da casa, no jardim e nada. Fui dormir com uma sensação amarga e um aperto no peito: nunca tinha perdido a esperança, mas agora não sabia onde ela estava.

Sem a esperança, a leitura do noticiário é muito dolorosa. Jovens baleados por nada, gente morta por dois merréis, bombas, ódio racial, ódio religioso, ódio econômico. É o fim dos tempos, a derrota da civilização, o triunfo do mal. Não há saída. Desliguei a TV, fechei o computador, botei o jornal no lixo.

Estou muito assustado. Não consigo imaginar como será possível enfrentar o mundo, do jeito que ele anda, sem esperança. Volta, esperança! Por isso, se alguém tiver visto por aí a minha esperança ou souber como se faz para encontrar a esperança perdida, por favor me mande um e-mail.

Volta, esperança!

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