quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

ÉTICA? QUE ÉTICA?

Os petistas, e principalmente os lulistas, ficam chateados quando a gente fala mal do governo. Alguns, com educação, reclamam, alegando que há um exagero. Outros já enfiam os dois pés na porta e nem querem conversa.

Mas o que a gente pode fazer se o governo faz uma coisa da qual poderia se orgulhar e sobre a qual poderíamos falar bem e, assim que a coisa começa funcionar, o próprio governo se encarrega de esculhambar?

Refiro-me especificamente à Comissão de Ética Pública da Presidência da República, criada como parte de um esforço para moralizar o comportamento das principais autoridades públicas brasileiras.

Como bem lembra a Lúcia Hippolito, a recomendação da Comissão para que Carlos Lupi escolhesse entre a presidência do PDT e o cargo de ministro, está completando sete meses de desmoralização. O pedido para que o ministro seja demitido repousa numa das gavetas da mesa do presidente Lula.

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República elaborou o Código de Conduta da Alta Administração Pública, que as autoridades se comprometem a respeitar quando assumem um cargo. E é com base nesse Código, que as recomendações são feitas.

Como o presidente, que é quem deveria prestigiar a Comissão e o Código (que seriam importantes para livrar o governo de vexames, micos e malas), não está nem aí, os demais ministros também começam a chutar o balde.

Publiquei ontem aqui um resumo das recomendações da Comissão para o Carnaval. E leio hoje na Lúcia que o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, já desafiou a Comissão, declarando que vai, sim, freqüentar todos os camarotes para os quais for convidado, públicos ou privados. E que espera ser convidado para muitos.

E tem ainda o caso da farra dos cartões de crédito corporativos e os gastos da ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro (mais de R$ 180 mil reais só em 2007). Que é, no mínimo, um problema ético, se não for coisa pior (espera-se que um dia alguém investigue). Mais um escândalo que ninguém liga.

A omissão (hesitação? tibieza? falta de interesse?) de Lula diante da desmoralização visível e acelerada da Comissão de Ética Pública, é uma daquelas coisas que produz, sozinha, um bom estrago. O presidente não precisa de inimigos nem de adversários. Ele sabe como criar seus próprios problemas.

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