Novela das assinaturas de jornais para
escolas estaduais poderá ter novos capítulosO governo LHS, em 2003, criou uma lei que destinava uma montoeira de dinheiro para comprar assinatura de jornais para as escolas estaduais. Na época, a lei falava que teria que haver um “processo licitatório” para contratar empresa que fornecesse jornais locais e regionais para as escolas.
Não houve licitação (se houve, ninguém sabe, ninguém viu) e, jogando no lixo o parágrafo que falava em jornais locais e regionais, o governo contratou, por uns dois milhões de reais, assinaturas do Diário Catarinense e de A Notícia, para todas as escolas do estado. Jornais estaduais.
Ao longo dos anos, para alegria desses jornais, a coisa vem sendo renovada acríticamente. Com a compra de A Notícia pela RBS, o sorriso dos gaúchos ficou ainda maior.
O secretário da educação em 2003 era Jacó Anderle (PSDB). Um sujeito decente. Que deve ter engolido a contragosto o “acordo”. Não acredito, pelo que conheço da sua história política, que ele tivesse engendrado essa interpretação maliciosa da lei, que deixou os locais e regionais a ver navios. Ele não está mais aqui para defender-se, mas o fato é que, até onde se sabe, aceitou e calou.
Agora, em 2007, a lei foi modificada. A mudança mais visível foi a supressão da necessidade de licitação. Não entendi o motivo da mexida, mas é certo que não foi por acaso ou sem querer.
“PAGA A RBS!”No começo do ano (ou no final de 2006), quando chegou a hora de renovar as assinaturas, o Grupo Gestor, que parece que é quem de fato governa, disse que não havia dinheiro para pagar a RBS.
E, de fato, não pagaram. Mesmo sem o pagamento, os jornais foram fornecidos, por três meses. Mas aí veio uma ordem “superior”. LHS em pessoa teria saído dos seus cuidados para ir até o porão e mandar acabar com essa esculhambação: “paga a RBS!”, teria sido a ordem. E a RBS foi paga.
Um parênteses: cada vez que eu falo com gente do governo sobre a grana paga à RBS, eles me corrigem, dizendo “peraí, não é à RBS, são assinaturas do DC e da Notícia”. Nem me dou ao trabalho de contestar. Fecha.
Pois bem, devidamente “contornado” o parecer contrário do Grupo Gestor, as assinaturas deste ano estão garantidas. Mas, e o atual secretário da educação, Paulo Bauer (DEM) o que pensa disso tudo?
INSATISFAÇÃOConversei ontem com o Diretor Geral da Secretaria, Silvestre Heerdt, que me atendeu por solicitação do secretário, que estava viajando. E ele afirmou que a situação vai mudar. “Para o ano, teremos modificações na forma como isso é feito”, disse.
Eles pretendem recuperar o espírito original da lei e transferir às escolas a decisão sobre os jornais locais e regionais que gostariam de ter à disposição, para suas atividades pedagógicas.
Perguntei se estavam preparados para a pressão que a RBS certamente fará contra essa pretensão e o Diretor pareceu-me tranqüilo quanto a isso. Disse-me que, se depender do secretário, não haverá mais renovação automática das assinaturas dos jornais da RBS. “O secretário não está satisfeito”, afirmou Heerdt, para destacar o interesse em encontrar uma nova forma de conduzir o caso.
PRAGABom, mesmo que o secretário da Educação consiga injetar um pouco de bom senso no governo e as escolas passem a ter acesso a jornais locais, em vez dos jornais estaduais, resta um problema muito sério: conseguir cancelar as assinaturas da RBS.
No DIARINHO de ontem tem a queixa de uma senhora que não consegue cancelar a assinatura do JSC. Eu mesmo, que uma vez caí na besteira de assinar o DC, passei maus bocados não só para cancelar, como para recuperar o dinheiro que, tempos depois, sem minha autorização, debitaram indevidamente da minha conta bancária. Mesmo com todo o rolo que já fiz, de vez em quando ainda aparece o jornal na porta de casa. E dá-lhe estresse, infernizando a vida das atendentes, para que parem de me mandar jornais não solicitados. Claro, eles mandam sem que a gente peça e depois, também sem que a gente peça ou autorize, começam cobrar.
E o mais curioso é que as coitadas, que ouvem a nossa reclamação, estão em Florianópolis, mas as pragas que autorizam débitos e envios não solicitados, ficam em Porto Alegre, protegidas pela distância.
Então, se eles dificultam a vida até de uma velha senhora, por causa de uma mísera assinatura, nem quero pensar no que farão para não perder os preciosos R$ 2 milhões anuais, da viúva estadual.
4 comentários:
O Brasil está todo atravessado mesmo. Reclamar daí (Florianópolis) para aqui (Porto Alegre) ainda dá para aturar. Mas você sabia que na minha bronca recente com a Brasil Telecom os telefonemas para o suporte técnico eram atendidos em Goiânia? Essa mesmo, de Goiás, para não deixar dúvidas. De lá eles enviam uma ordem de serviço para uma terceirizada daqui, para os consertos e os desconcertos. Um abraço.
Mentira! Nada vai mudar. O LHS não vai querer a RBS divulgando hã... noticias não muito abonadoras de seu governo. Governo? Só faltou o Sirotski naquele "conselho" de múmias...
O Sirotski não participaria de um conselho desses. Seria uma exposição desnecessária. E nem necessitaria participar, pois o Antônio Britto já está lá. Está bem representado.
Vale lembrar que a "carga" está sobre a RBS, que realmente acaba pagando por ser um grupo competente. Em termos empresariais, não há o que questionar. O problema é que fora o DC, AN e JSC, o que há de "mais isento" em SC? O Diarinho? Dá pra distribuir Diarinho nas escolas? Eu não quero que meu filho leia páginas sangrentas. Ahh..e o que dizer de todos os outros jornalecos que lucraram com a publicidade do LHS nos últimos anos, que adoram veicular releases do governo e das SDRs? Dê uma volta pelo interior e comprove o que é uma imprensa vendida. Adora o LHS, desde que mantenha os anúncios. São esses jornais que vocês querem que sejam distribuidos? Ahh..não, tá certo, a professora, que acha que Cuba é o paraíso, é quem tem que escolher o que meu filho deve ler....Sic!
E vale lembrar, dos grupos daqui, todos têm o rabo preso - de uma forma ou de outra. Eles só estão onde estão porque os daqui não têm competencia - sabemos que somos melhores em vários pontos - menos no tino empresarial e político.
Só pra acabar, a última piadinha que ouvi de um funcionário de um diário recém repaginado da Gde. Florianópolis: Ficamos mais clean para atingir as classes A e B (kkkkk). Dá uma olhada nas bancas e depois me conta !!!
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