No dia 30 de maio publiquei o resumo do livro “A descentralização no banco dos réus” e nos dias seguintes, os principais trechos. A rigor, nada do que está sendo divulgado agora é novidade para os leitores desta coluna.
Mas é claro que a divulgação, pela TV, dos diálogos gravados pelo dono da revista Metrópole adiciona novos componentes: por exemplo, o tom em que as conversas se deram. As inflexões de um e de outro. Não parecem, de fato, conversas entre achacador e extorquido. A transformação daquela relação em “caso de polícia” deve ser coisa recente. Durante algum tempo o Nei Silva foi atendido como se atende a qualquer cobrador chato, a quem devemos algo.
É completamente irrelevante discutir se o valor era R$ 500 ou um milhão, R$ 300 ou R$ 10. O que parece cada vez mais claro é que houve, de fato, algum tipo de acerto. E ocorreram pagamentos! Até agora, que eu ouvisse, ninguém nega ter pago alguma coisa (que nem foi tão pouco assim).
Em sua defesa, o governo tem afirmado que não houve autorização, contrato, nem nada que comprove o compromisso e a dívida. Então por que o ex-secretário Armando Hess primeiro e o secretário Ivo Carminatti, depois, prosseguiram com uma interminável negociação onde, até onde se sabe, a única divergência era sobre os valores?
Ora, não somos ingênuos a ponto de achar que, se a maracutaia não seguiu a tramitação oficial e não gerou o papelório de praxe, significa que não existiu. Contratos de gaveta e acertos informais são muito comuns no mundo real. O tom com que as conversas ocorreram mostram claramente uma negociação sobre pagamento. Até agora não apareceu nada que demonstre que o governo, ou algum dos que falavam em nome dele, deu um basta ou ameaçou dar um basta naquela situação que, agora, dizem que era esdrúxula.
O secretário Ivo agarrou-se a duas tábuas retóricas de salvação. O “caso de polícia”, para situar fora da lei o que os donos da Metrópole faziam. E o “dei corda para ele se enforcar”, para justificar o teor das conversas que teve, em vários encontros e telefonemas, com o “extorquidor” Nei Silva.
Manda o bom senso que o secretário comece a recolher as cordas que andou distribuindo, antes que, em algum tropeço, acabe ele próprio se enrolando.
TEM ALGUM MÉDICO AÍ?
A prisão do Nei Silva, com o respectivo flagrante de extorsão, foi a típica faca de dois gumes. Antes da prisão, apenas alguns blogs e esta coluna falavam no livro. Os grandes veículos mantinham um silêncio obsequioso sobre o assunto.
Com a prisão, se por um lado se colocava o assunto como “caso de polícia” e mostrava-se o “extorquidor” de algemas, atrás das grades, por outro fez com que todos os demais veículos também entrassem no caso. Nos primeiros dias as notícias eram apenas sobre o caso policial, mas depois passaram a incluir os argumentos da defesa do acusado.
Ontem o deputado Joares Ponticelli fez um pronunciamento multimídia: reproduziu, nos telões da Alesc, a reportagem do Jornal do Almoço sobre as gravações e leu mais um capítulo do livro na tribuna.
A ferida aberta pelo livro, em vez de cicatrizar, ameaça infeccionar. Não seria o caso do Dr. MPE se mexer?
Os anos 90 foram uma seca
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Politicamente falando, os anos 90 foram uma grande chatice porque se deixou
de ler história. Esquecemos que se a democracia era a voz do povo, então o
po...
Há 9 horas
8 comentários:
O MPE se mexer? O senhor é um fanfarrão, Tio Cesar! Ainda se fosse o MPU ... O senhor já reparou a quantidade de propaganda ( e não publicidade oficial) veiculada diariamente nos jornais e TV, principalmente de São José? Acho que os votos dos ministros do TSE no caso da cassação do governador são bem elucidativos sobre o que é uma coisa ou outra, e mesmo assim a coisa corre solta, o MPE letárgico, nem uma simples ação de improbidade, nada! Quem sabe pedindo o cabo de vassoura ...
Sifu. Prá isso não tem vacina!
Além de uma CPI (falta apenas uma assinatura)está na hora da Polícia Federal entrar em ação.
Aliás, o pessoal da PF já está habituado a lidar com os amiguinhos do LHS.
Se o Ivo Carminatti tem razão, que estavam aprontando para o Ney, as gravações não teriam que ser realizadas pelo governo ? O enforcado é que gravou, não entendí.
Valente, te deixo uma pergunta: desde o início da atual administração, quantas vezes o MPE divulgou alguma ação dele relacionada à investigação de atos ilícitos no Executivo Estadual? Hã?
Cesar.
Afinal a dívida era do governo, do governador ou o partido.
Se era do governo por que o partido teria pago uma parte?
Se era do governador por que tantos ocupantes de cargos se envolveram?
Se era do partido, por que os contatos eram efetuados com o governo?
O Ney diz que recebeu R$ 120 mil em três parcelas. Não há recibo dessas importâncias? De que caixa saíram?
Abraços.
Todos estranhando a omissão da Justiça ?
Alguém ainda tem dúvida do motivo de termos o atual governador de plantão ?
Ora, ora, que santa ingenuidade !
SR. CESAR,
ACREDITO QUE JÁ PASSOU DA HORA DA REFORMA DO JUDICIÁRIO. PRECISAMOS, COMO CIDADÃOS, NOS MOBILIZAR PARA QUE TODO E QUALQUER CARGO PÚBLICO, INCLUSIVE DOS DESEMBARGADORES DO JUDICIÁRIO SEJAM VIA CONCURSO PÚBLICO. ENQUANTO A POLÍTICA PARTIDÁRIA PREDOMINA, NINGUÉM ESTÁ LIVRE DAS "AMARRAS" DO TRÁFEGO DE INFLUÊNCIAS.
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