quinta-feira, 4 de outubro de 2007

DÍVIDA LONGA VIDA

O secretário de Turismo da capital, Mário Cavallazzi (e), está com a multinacional Tetra Pak nos calcanhares, chamando-o de caloteiro em notícia crime. Foto de arquivo, dos tempos em que o Juarez Silveira (d) ainda circulava na prefeitura.

A multinacional Tetra Pak, que lidera o mercado de embalagens para “líquidos e viscosos” (como o tal leite “longa vida”) e atua em 165 países (no Brasil está há uns 40 anos e tem o monopólio do setor), está pegando no pé do Secretário de Turismo, Cultura e Esporte de Florianópolis, ex-deputado Mário Cavallazzi. Afirma que a empresa dele, a Brasil Import Agroindustrial, lhe deve R$ 458 mil, em equipamentos e mercadorias, desde 2000.

Cavalazzi afirma que é o contrário, que a Tetra Pak é que lhe deve e que assim como ela o está processando, ele também tem ação na justiça contra ela. “Eles são os abutres da indústria leiteira: se em cada litro de leite cerca de R$ 0,50 é para remunerar o produtor, R$ 0,90 é para pagar a embalagem deles”, diz o secretário.

“POSTURA MARGINAL”
A Tetra Pak, em 2003, por intermédio de seus advogados, deu entrada com uma notícia crime na vara criminal da capital. Ali fica-se sabendo que os sócios principais e administradores da Brasil Import, à época das compras, eram Mário Roberto Cavallazzi e Jean Marcel Silveira Gomes. E diz lá o advogado dos credores, ao justificar a medida tomada, que a Brasil Import “continua inadimplente com a referida quantia, até a data atual, mercê de estratagemas ignominiosos, liderados sem ética nem pudor pelo seu sócio quotista Mário Cavallazzi”.

E ainda afirma que fez o possível para receber o que lhe era devido, “sem êxito, em virtude da postura marginal dos Noticiados”.

“BANDIDOS”
A história que Mário Cavallazzi conta, resumidamente, é a seguinte. A pedido do BNDES, ele assumiu um projeto leiteiro, no interior de São Paulo (São Miguel Arcanjo). Coisa grande, de cerca de 100 mil litros/dia. Mas a exigência de um volume muito alto de capital de giro, fez com que ele decidisse sair do projeto e vendeu a usina.

Como o comprador não conseguiu regularizar sua situação com o BNDES e desistiu, a Tetra Pak, que tinha vendido vários equipamentos e arrendado outros, conseguiu uma autorização judicial e retirou os equipamentos. Nesta operação, teria retirado inclusive os que já haviam sido pagos, “pra tu veres como eles são bandidos”.

“Só uma das caldeiras que eles levaram e que já estava paga, vale o dobro do que eles dizem que devo”, afirma Cavallazzi. É por isso que ele diz que o credor é ele.

SÓCIO-COBRADOR

A Tetra Pak pediu a falência da Brasil Import em 2001. E como a multinacional não é fácil, continuou a acompanhar e investigar a vida da empresa. E, na notícia crime, afirma que, em janeiro de 2002, Mário Cavallazzi retirou-se da sociedade, cedendo a totalidade de suas cotas sociais a Edilton José Vitorino. Uma semana depois, o outro sócio, Jean Gomes, fez a mesma coisa, deixando em seu lugar Marco Antônio Woltrich.

Os advogados da Tetra Pak descobriram que o “empresário” Edilton, na verdade, é um pedreiro, que não tem a menor idéia da fria em que o meteram. Já o outro “novo sócio” era, na época, cobrador de ônibus na Emflotur. Por uma graninha (R$ 200), teria assinado uns papéis. Não deixa de ser irônico: colocar um cobrador pra driblar os credores.

“ÚNICO INSUCESSO”
As idas e vindas, alterações, mudanças, tentativas de venda e outros percalços da Brasil Import são semelhantes ao que acontece a tantas outras empresas que não tiveram sucesso e que precisam encontrar maneiras de lidar com a situação e a legislação. Cavalazzi diz que a usina de leite é um episódio doído, porque foi seu único insucesso empresarial. Mas a história do pedreiro e do cobrador, “é mentira”.

A Tetra Pak sempre foi uma pedra no sapato. Como não tem concorrentes, a multinacional cobra as embalagens à vista: “tinha que ter R$ 95 mil por dia só para pagar as embalagens e quando tinha feriadão de quatro dias, por exemplo, a coisa piorava, porque se não pagasse R$ 380 mil, o caminhão não descarregava”, diz ele.

A QUANTAS ANDA
O Ministério Público Estadual decidiu que era o caso de propor uma denúncia criminal, por estelionato. A lei manda que, nos crimes cuja pena mínima seja inferior ou igual a um ano, seja oferecida também uma proposta de “suspensão condicional do processo”.

O promotor achou que os acusados não cumpriam as condições que os habilitaria a tal proposta e não a fez. O juiz da 3ª Vara Criminal discordou do procurador e recorreu à Procuradoria Geral de Justiça, que acolheu a argumentação do juiz e designou novo procurador para fazer a proposta.

A proposta que será feita, na audiência do dia 8 de novembro, é a seguinte: se pagarem o que devem, o processo será suspenso. Caso não topem, aí caberá ao juiz decidir se aceita ou não a denúncia.

Há outra ação, civil, de cobrança, que é mais lenta e onde Cavalazzi só agora apresentou o contraditório. A ação de Cavalazzi contra a Tetra Pak corre em São Paulo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sensacional. Esse é um verdadeiro "atleta" de insucessos no ramo leiteiro. Um peão, tirador de leite, pede-me e ajudo: Pergunte ao "criativo" secretário (o homem que anunciou Madonna em Florianópolis..rsrsr)sobre o episódio das matrizes leiteiras em época aúrea na pasta da agricultura estadual. Belezinha..mmmmmuuuuuuuuu !!

Anônimo disse...

Eu já tive empresa de leite e sei a sangue-suga que é a tetra-pak. Têm o monópolio e fazem valer essa condição explorando toda a cadeia produtiva do leite. E o engraçado é que ninguém fala nada... Já quebraram duzias de pequenos e médios empresários!!! São bandidos!