O Tribunal Superior Eleitoral e o Senado federal editaram uma cartilha com esse nome (acima, a capa). O livreto está disponível (em pdf) no site do TSE (aqui: tem uns 3 MB, o que é pesado para conexões lentas e mesmo para as rápidas, tem horas que o site do TSE é uma carroça)).
Apesar das ilustrações horrorosas (abaixo uma amostra. E por falar nisso, quanto será que o Senado e o TSE pagaram pro “artista”?) tem aquelas informações básicas que sempre se deve repetir. Como, por exemplo, essas a seguir, retiradas do capítulo “Votando com Consciência”:
Como escolher um bom candidato?
Avalie o caráter do candidato, seu passado, a qualidade de suas propostas, sua competência e seu compromisso com a comunidade. Prefeitos e vereadores devem ser bons administradores e bons representantes, devem ouvir o povo e saber que decisões tomar para melhorar a vida de todos. Avalie se o candidato tem compromisso com o povo ou apenas com ele mesmo. Veja se as propostas são viáveis e úteis para a população e se ele é realmente um candidato sério e honesto. Se houver alguma suspeita ou denúncia contra o candidato, procure se informar e ouça o que ele tem a dizer em sua defesa antes de decidir o seu voto.
Como identificar um mau candidato?
Analise a história de vida do candidato: o que ele já fez, que idéias defendeu, se está metido em encrencas ou se tem apenas uma boa conversa. Desconfie do candidato que não apresente projetos viáveis e úteis para a comunidade e o município. Cuidado também com o candidato que promete maravilhas, pressiona os eleitores e critica os adversários, sem dizer como vai trabalhar para realizar suas promessas.
Como posso ajudar meu município a eleger bons candidatos?
Informe-se, pense bem antes de votar e vote com consciência. Além disso, você pode conversar com parentes e amigos para trocar opiniões sobre propostas, partidos e candidatos. Assim, você participa mais ativamente da democracia e obtém mais informações. O cidadão consciente e bem-informado é um eleitor mais seguro e pode influenciar positivamente as pessoas à sua volta.
MUITO BEM, E DAÍ?
O mesmo Tribunal que afirma que o eleitor precisa conhecer os candidatos e participar ativamente das discussões eleitorais e políticas censura, sem conhecer direito, a internet. Compara-a às concessões públicas, como as emissoras de rádio e de TV. Mistura, com isso, alhos e bugalhos.
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Ao impedir que o cidadão possa expressar-se nas suas páginas pessoais (os blogs), o TSE pretende subtrair (e duvido que, na prática, consiga) dos brasileiros, a conversa na esquina, o papo na calçada, a discussão em mesa de bar, a troca de idéias no ponto de ônibus. Porque é isso que a maioria dos blogs é: uma janelinha moderna onde comadres e compadres se debruçam, dando palpites, de um e de outro lado. Querer que nesse papo não entre a reputação dos candidatos, é querer que, num estádio, a torcida não mencione a mãe do juiz.
Como vários já lembraram... em blogs, se alguém criar uma página “Eu odeio o Darío”, basta criar outra, “Eu amo do Dário” e assim por diante. Exercendo cada um o seu sagrado direito de ter opinião e o sublime dever de exprimi-la clara e pacificamente.
Em outros blogs e sites, como este e da maioria dos jornais, a situação é ainda mais estranha: os jornais são livres para publicar o que bem entenderem (respeitada a lei, é claro) em matéria política. Muito mais livres que rádio e TV. Pois bem, o TSE quer que algumas notas, comentários e informações que são publicadas nos jornais, não sejam transcritas nos blogs e sites desses jornais.
Vê que sacanagem: o leitor da coluna que mora em Lages, Chapecó ou no Uzbequistão, fisicamente impedido de ter acesso ao jornal na banca mais próxima (o DIARINHO é o Diário do Litoral, só circula de Barra Velha a Florianópolis), ficará sem saber que bobagens terei eu escrito sobre o Darío, o Careca, sobre o Cesinha Jr, sobre a Joaninha, ou que candidato seja.
Como em quase tudo, a intenção é boa (manter oportunidades iguais ou equilibradas para todos os candidatos), mas o resultado é desastroso. Durante as campanhas eleitorais que atravessei como colunista (desde agosto de 2005), nunca tomei posição por este ou aquele candidato e nem pretendo fazer isso. Não usei este espaço para fazer campanha, nem usarei, mas gostaria de poder comentar as pisadas na bola, as derrapadas e os rolos envolvendo os candidatos. E, por que não, criticar quem eu achar que mereça. Farei isso com absoluta tranqüilidade no jornal, como sempre fiz. Mas agora tenho que pensar duas vezes se posso transcrever aqui o que digo lá. Não é um absurdo?
2 comentários:
Opa, peraí.
Cesar quer dizer que eu, que estava tendo uma ideia de criar um blog com os nomes dos candidatos espertinhos que emporcalham a cidade, colocando placa em postes, árvores, placas de transito tenho que tirar o meu cavalo da chuva???
Acho que terei que arrumar um apelido e colocar o blog em um servidor da Ucrania?
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