sábado, 2 de agosto de 2008

JUDICIÁRIO & IMPRENSA

O dia ontem foi ocupado pelos painéis do 1º Simpósio Judiciário e Imprensa (foto acima, de Alberto Neves/Alesc). É um esforço da Associação dos Magistrados Catarinenses, da Associação Catarinense de Imprensa e do Tribunal de Justiça, para aproximar “as duas faces da mesma moeda”, como definiram alguns dos palestrantes.



No painel final, o desembargador Solon D’Eça Neves disse algo que pode servir como uma síntese do objetivo do Simpósio: “tirar o medo que juiz tem de imprensa”. E, naturalmente, vice-versa: aproximar os jornalistas do Judiciário, para melhorar a qualidade das informações levadas ao público.



O jornalista, vocês sabem, é uma espécie de tradutor universal. Ele precisa ter talento e formação para entender claramente o que vê, ouve e lê e a seguir trocar em miúdos, contando para o público o que viu, ouviu ou leu. De tal forma que nessa tradução o essencial não se perca.



Portanto, é compreensível que médicos, cientistas, juízes, engenheiros e todo o tipo de profissional cioso do seu ofício, morra de medo do que vai resultar dessa tradução. É possível que uma lagartixa se transforme em jacaré, como também lembrou o mesmo D’Eça Neves.



O Simpósio, que deverá produzir filhotes descentralizados, com eventos semelhantes sendo realizados em algumas regiões do estado, certamente não resolverá todos os problemas e dúvidas, mas é um começo promissor, para uma aproximação que beneficiará, principalmente, o cidadão comum, que precisa ser informado corretamente sobre as decisões judiciais.



PADRÃO DE QUALIDADE

No fundo das discussões e exposições feitas durante o evento, está uma questão que os jornalistas, mais dia, menos dia, terão que enfrentar: a sua qualificação profissional.



Enquanto proprietários de veículos e outros interessados advogam a extinção pura e simples da regulamentação profissional, vê-se que vários setores responsáveis, como os operadores do Direito, preocupam-se com o aprimoramento da imprensa. E isso só poderá ocorrer na medida em que tenhamos jornalistas melhor preparados, adequadamente remunerados e socialmente respeitados.



Uma categoria desvalorizada, desunida, sem instrumentos institucionais para se auto-regulamentar, à mercê de relações de trabalho, em muitos casos, indignas, terá grande dificuldade para atingir um padrão de qualidade compatível com o que já ostentam outras corporações profissionais.



Iniciativas como essa da Associação dos Magistrados Catarinenses são da maior importância. Poder ouvir, como ouvimos, vários desembargadores confessarem suas dúvidas sobre a nossa atividade e dispostos a responder nossas questões sobre a deles, não tem preço.



Seria mesmo útil se a AMC e a ACI produzissem os anais desse Simpósio, com a transcrição das palestras, para que os colegas pudessem ler com calma.



Mas essa aproximação, que de resto é inevitável, precisa ser acompanhada, do lado dos jornalistas, por um esforço sério e continuado para elevação do padrão médio de qualidade profissional. Esforço que deveria ser também das empresas de comunicação, geralmente omissas, ou desinteressadas de qualquer melhoria.

Nenhum comentário: