A divulgação da lista (acredito) oficial das testemunhas que o Pavan quer que o TSE ouça, deixa claro (salvo melhor juízo, data vênia, et caetera) pelo menos duas coisas:
a) A defesa não foi pelo caminho mais fácil, aquele de dizer que na época da campanha era senador e nada sabia nem nada viu. Mesmo porque, se o LHS for cassado, Pavan será, independentemente do que tiver dito em sua defesa. A mudança de jurispridência do TSE (que obrigou Pavan a ser ouvido) foi enormemente favorável a LHS porque abriu a oportunidade de incluir dados novos no processo (como as testemunhas, por exemplo). Fora a possibilidade, já tentada uma vez, de aplicar a história da perda de prazo para citação do vice (uma manobrinha que nós, os leigos, não entendemos porque soa como obrigação surrealista de cumprir, no passado, uma norma que só foi definida no futuro), para pedir que o moribundo seja enterrado de vez.
b) Os veículos de comunicação acusados de terem se beneficiado e de terem ajudado na eleição de LHS, vão ter que participar da defesa. Além dos três presidentes das principais entidades que reúnem veículos de comunicação (Adjori, ADI e Acaert), foi listado também o Osmar Schlindwein, na época diretor do jornal A Notícia. O jornal fez um caderno sobre a descentralização. Mas, segundo o Osmar me falou há pouco, apenas para aproveitar uma oportunidade comercial, sem interferência, estímulo ou aprovação do governo. O caderno, por falar nisso, deu prejuízo, segundo o Osmar.
Não será a primeira vez que as associações de jornais catarinenses saem em defesa do governo LHS. Quando o PP (sempre ele) conseguiu na justiça a suspensão dos programas SC em Ação, o governo resolveu parar com toda a divulgação oficial, mesmo a que não estava proibida. Deixou de cabelos em pé os veículos que dependem desse tipo de verba (um grande número, pelo jeito). E o Amin, o Sagaz e deputados do PP passaram a ser cobrados, pelos donos de veículos e dirigentes de associações, pelo “mal” que estavam fazendo, dando enorme prejuízo àqueles que viviam pendurados nas tetas, temporariamente secas, da viúva.
Todos correram em defesa do governo, para que a Justiça parasse com aquela “pressão indevida”, provocada por gente despeitada, derrotada nas urnas, que “agora quer ganhar no tapetão”. Obtida a solidariedade, as torneirinhas foram reabertas e todos viveram felizes para sempre até que o PP (de novo!) conseguiu que os ministros do TSE acreditassem nas aleivosias mentirosas reunidas pelo Sagaz e seus sequazes. Novamente, muita gente de cabelo em pé.
Um deles, o Nei Silva, viu na crise (suspensão dos pagamentos), uma oportunidade (de cobrar mais) e dedicou-se à literatura. Os outros ficaram quietos, pra não fazer marola e prepararam-se para o grande momento em que fossem chamados a dizer que é tudo mentira.
Antes que se assanhem os comentaristas anônimos, deixa esclarecer que nem todos os gatos são pardos. Há o Nei Silva, mas existe também o Osmar. E não dá pra comparar. São histórias de vida e de práticas comerciais bem diferentes. Mesmo quando se aproximam do governo para propor algum negócio, agem cada um à sua maneira. Sei disso porque já trabalhei com o Osmar durante alguns anos e o conheço há décadas. E também trabalhei com muitos diretores e gerentes comerciais, em vários veículos. E, como vocês sabem, há de tudo neste mundo.
O fato é que quando a gente reclama dos advogados do LHS quererem empurrar com a barriga sem examinar o mérito, está reclamando justamente de não ter a oportunidade de saber, afinal, como se deu a história. Há, evidentemente, dois ou mais lados. Se não houve crime, então o que houve? Como eram feitas as operações? Não torço pela condenação nem pela absolvição, mas gostaria muito que, fosse qual fosse o resultado, a gente tivesse oportunidade de saber mais sobre como se dá a relação dos governos com os veículos de comunicação. E vice-versa.
Aliás, por falar nisso, lembrei que logo no começo dessa ação contra o LHS escrevi que os jornais também estavam sendo acusados. Vou tentar recuperar o texto, nos meus arquivos, e republico mais tarde, ou amanhã.
Margaret Thatcher, Marte e Vênus no trabalho.
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Em seu escritório, fez um lar amoroso, nada parecido à desconsideração
masculina que usava no gabinete. Deirdre McCloskey para a FSP:
*Estou lendo um li...
Há 10 horas
Um comentário:
Bom que o caderno feito pelo AN deu prejuízo. Ele é lamentável, tanto nas "reportagens", quanto nos anúncios. Não deixa nada a dever à revista Metrópole.
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