sábado, 30 de agosto de 2008

ESCOLINHA ELEITORAL

Lá vem o Tio Cesar com aquelas aulinhas chatas de novo!

JOGO DURO
Escolher o candidato (ou candidata) a vereador é uma das tarefas mais difíceis que o eleitor pode ter. Ainda mais se leva a sério a história e não quer ficar com uma abelha zuniando dentro da cabeça por quatro anos.
Como saber quem é quem? A grande sacanagem é que os que estão se candidatando à reeleição levam vantagem, porque já são mais conhecidos. Os novos, por melhores que sejam, terão que gastar muita sola de sapato pra poder, de casa em casa, convencer a gente a votar neles. E mesmo assim, como é que a gente vai saber que não está elegendo mais um pilantra?

O ELEITOR, ESSE DESCONHECIDO
Quando chega perto das eleições o eleitor vira o centro das atenções (deveria ser o ano inteiro, todos os anos, mas esta é outra história) e dependendo do resultado das pesquisas tem até quem diga que o eleitor é burro e/ou malagradecido. E quem está à frente acha que nunca o eleitor foi tão sábio.

As campanhas políticas, não sei se vocês sabem, não são feitas no escuro. Antes de qualquer coisa, são feitas pesquisas qualitativas, onde se pretende saber o que o eleitor quer ouvir, o que ele gostaria que os candidatos dissessem. A partir daí as coordenações de campanha montam os discursos, os programas (quando tem) e a estratégia que será utilizada.

Talvez seja por isso que as campanhas são tão parecidas. Todo mundo fala o que acha que a gente quer ouvir. Se as pesquisas iniciais detectaram que a nossa preocupação principal é emprego, então dá-lhe emprego e renda. E eles ficam fazendo o possível para nos agradar. Para que os discursos soem como música aos nossos ouvidos.

Depois de eleitos tratarão de fazer o que for possível. Como diz o queridinho das multidões: “política a gente faz do jeito que dá, com quem tiver”. Sempre de olho nas pesquisas de aprovação. Nos índices estatísticos.

E pra gente, que sofre ouvindo discursos e faz uma força danada pra votar direito, pra não jogar o voto fora, isso não nos satisfaz, porque fica sempre faltando alguma coisa mais. Afinal, a gente não está no supermercado e político não deveria ser igual a sabonete.

O POLÍTICO, ESSE DESCONHECIDO
Desde muito tempo (pelo menos desde 1998) se discute sobre a necessidade de uma reforma política. Mas nunca se debate adequadamente o tema. Seja porque ele é lembrado por oportunistas, quando surge um escândalo, seja porque está bom assim e ninguém é louco de matar a galinha dos ovos de ouro.

O cientista político Bruno Lima Rocha escreveu um artigo muito interessante em setembro de 2006 (clique aqui para ler a íntegra) em que levanta uma questão fundamental: acabar com a “carreira” política. Criar mecanismos que evitem que o sujeito seja deputado por 20 anos, ou tenha cargos de confiança a vida inteira. Em resumo: política deveria ser uma prestação de serviço por tempo determinado e não um emprego permanente.

Eles viraram uma “classe” e a gente até fala na “classe política”. Em alguns casos o acesso a esse “privilégio” é hereditário, ou familiar. O político profissional faz de tudo para não largar o osso. Para se manter na “carreira”.

Obrigá-los, por exemplo, a ficar inelegíveis por quatro anos depois de um mandato de igual tempo, seria saudável e permitiria a oxigenação dos parlamentos. E proibí-los de exercer, nesse intervalo, cargos em confiança, para que não fique um jogo de compadres.

Isto deve soar como coisa do demo. Ameaça terrorista. “Nem pensar!” Claro, reação normal e natural de quem já conta com a cadeira cativa, o título patrimonial, a carreira segura e bem remunerada (direta ou indiretamente).

Enquanto isso, como diz meu colega Paulo Alceu, “a vida segue”.

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