Por que?
Gostaria de manifestar minha indignação, na condição de jornalista profissional há 33 anos, pelo descaso com que a mídia trata dos assuntos referentes a implantação de serviços de saneamento básico em Florianópolis. Infelizmente nossas ações têm cheiro e são enterradas. Incrível, mas quando o assunto é falta de saneamento, os veículos de comunicação dedicam generosos espaços à falta de infraestrutura ou à omissão dos órgãos públicos. A CASAN apanha, muitas vezes sem ser ouvida, injustamente. Quando é convidada a falar oficialmente, o espaço destinado ao diretor ou ao gerente da Empresa é infinitamente menor.
Com uma nova política, com crédito nos agentes financeiros nacionais e internacionais, num novo modelo de gestão que reconhece os erros do passado, a CASAN está aplicando vultosos recursos nos seguintes sistemas de esgotos: ampliação na Lagoa da Conceição, implantação na Barra da Lagoa, implantação nos Ingleses, início das obras no Cacupé, Santo Antonio e Sambaqui, implantação na Costeira do Pirajubaé, início das obras no Ribeirão da Ilha, entrega da ordem de serviço para início das obras do Campeche e implantação no Kobrasol, em São José, para lembrar de alguns serviços.
E vêm mais por aí. Com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento-PAC – , do banco japonês JBIC e do BNDEs a CASAN quer reverter o vexamoso índice de atendimento ao Estado com sistemas de esgotos, passando de 11 para 50% num curto espaço de tempo.
Um abraço
Carlos de Carvalho Neto
Gerência de Comunicação Social
ATUALIZAÇÃO DA TARDE
César.
Nós lemos a mensagem do senhor Carlos de Carvalho Neto.
Queremos saber a sua opinião.
Jorge Oliveira
Laguna - Santa Catarina
Pois é, às vezes esqueço de dar palpite. E em geral não faz falta, porque os leitores e leitoras são espertos o suficiente para tirar suas próprias conclusões.
Mas vamos lá. O Neto tem razão, pelo menos em parte. Os jornais e emissoras de TV têm andado muito ruins. Dá impressão que substituíram aquela boa norma jornalística, de dar a notícia que ninguém deu, por outra, mais cômoda, de só falar naquilo que está todo mundo falando.
Pautas originais, ou pelo menos fora da agenda “do momento” não prosperam. E não é só aqui. Outro dia estava conversando com colegas de São Paulo e Brasília, sobre esse escândalo do livro. A história da “extorsão” é boa: raramente um picareta, desses que vive de publicar matérias pagas, abre o bico e acaba preso. Mas ninguém, fora de SC, está prestando muita atenção ao caso. Há uma certa “jurisprudência” nas principais redações, que estabelece que eles não devem tratar desses casos regionais ou locais. Desinteresse mesmo.
As obras públicas podem render muitas matérias. Nem todas, é claro, capazes de realizar o sonho dos assessores de imprensa, mas, em todo caso, mais numerosas e interessantes do que as que atualmente estamos vendo e lendo. Falta desburocratizar o jornalismo de geral. Um projeto, uma lei, um convênio, uma obra, não tem sentido se a gente não for investigar o lado dos atingidos ou beneficiados. As histórias humanas e socialmente relevantes que cercam a implantação de uma rede de esgoto, por exemplo. As dificuldades para fazer as ligações, o transtorno no trânsito e o antes e depois. Pauta não falta.
Mas pra tudo isso é preciso algum tempo. O repórter não pode fazer nenhuma matéria que preste se tiver que cumprir sete ou oito pautas numa tarde. Dando uma passadinha de 15 minutos no local da obra, o máximo que se consegue é mesmo um relatinho burocrático, sem graça e com pouca informação relevante.
O outro lado da questão é a forma igualmente burocratizada como algumas assessorias de imprensa funcionam. Nem sei se é o caso da Casan, porque faz muito tempo que não acompanho o trabalho deles (hum... isto pode ser um sintoma). Mas em geral vemos o trabalho sendo feito amadoristicamente, concentrado no envio de notinhas para colunistas e e-mails insossos para editores e setoristas.
Em tempo: Neto, dá uma olhada nos comentários deste post. Dá pra ter uma idéia de como anda a imagem da empresa, pelo menos entre aquela meia dúzia de leitores que tem saco de escrever alguma coisa.
E por falar nisso, há alguns meses teve um vazamento de água na minha rua, quase em frente à minha casa. Avisei a Casan e depois de uma certa pressão (acho que até liguei para a assessoria de imprensa), apareceram, passados uns dias. Achei que seria um daqueles consertos à prestação: vem um, abre o buraco e olha o que é. Vem outro e arruma. Depois vem o que fecha o buraco e finalmente aparece o cara do calçamento, pra repor as lajotas. Mas não, até que foi rápido. Semanas depois começou a vazar de novo, no mesmo lugar, só que do outro lado da rua, provavelmente outro furo no mesmo cano. Ninguém, nem eu nem os vizinhos tivemos ainda saco de avisar a Casan. Só aquela história de ter que explicar um ponto de referência depois de ter fornecido o nome da rua e o número, já desanima.
ATUALIZAÇÃO DE FIM DE TARDE
Um leitor mandou dizer, por e-mail, que o Neto não devia se queixar tanto, “afinal, a Casan teve uma edição inteira da revista Metrópole, com o presidente na capa, para falar das suas realizações. Será que ele ainda queria mais?”
12 comentários:
Tio César,
Será que os usuários destes novos sistemas vão ter que votar na Ada de Luca, como aqueles lá de Braço do Trombudo ou vizinhaças?
O certo é "vexaminoso", ao invés de "vexamoso". E, enquanto as promessas não se transformarem em realidade, o índice ainda é 11%. Vexaminoso, portanto. E merecedor de registro, matéria, reclamação...
César.
Nós lemos a mensagem do senhor Carlos de Carvalho Neto.
Queremos saber a sua opinião.
Jorge Oliveira
Laguna - Santa Catarina
De minha parte, a única coisa que tenho a dizer a esse cidadão é uma expressão muito usada no interior da ilha: vai c ... no mato pra ver se urubu te pinica! Ora, ora, vão trabalhar, seus istepô! Mostrem serviço, tirem o esgoto de nossos rios e praias, e depois a gente conversa!
Nada contra o Carlos, que já foi nosso colega de redação, mas a Casan não se auto-justifica. É ausente na questão de saneamento (nível de Piauí) e falta água em tudo quanto é recanto no verão (ou mesmo em outras estações, chuvosas inclusive).
Experimente comunicar algum vazamento de esgoto em qualquer lugar....
Que me desculpe o Carlos, mas a Casan me lembra aqueles mastodontes da falecida União Soviética.
Cesar.
O cara quer elogio e aplauso? Esqueça.
Se fizessem tudo "direitinho", não teria reclamação, mas elogio?
Ademais, também acho que a Casan está devendo.
No dia seguinte à entrega daquela empresa para o Jorginho, a estação de tratamento da capital passou a exalar mau cheiro.
Quem tem rede de esgotos, paga uma fortuna por esse serviço, suficiente para financiar a implementação de outras redes.
...
Abraços.
César,
Será que esse cara acha que está fazendo um favor para a população ?
Aliás, está na hora de governos e empresas públicas pararem de gastar nosso dinheiro para propaganda !
Que seus dirigente, funcionários e contratados façam sua obrigação para fazerem jus aos salários pagos pela população, e pronto !
CHEGA DE TANTA PROPAGANDA INSTITUCIONAL
Tio César,
Pois é, o que eles querem é pautar (é assim que se diz?)!
Veja o que já está circulando: amanhã tem "inauguração" de edital na Lagoa.
Vão estar lá a turma da Casan e da PMF.
Depois não querem "levar pau"!!
Em tempo: será que o Walmor De Luca deu um "esporro" neste jornalista da CASAN para ele se acordar?
E tem mais: a Av. Madre Benvenuta, que acabaram de recapar, já tá cheia de buracos da dona CASAN. Ou a porquidão é da obra de asfaltamento ou da CASAN. É mais lógico e racional entender que a "m..." foi feita pelas duas instituições!!
Realmente.. Devemos elogiar a atual administração da Casan. Muito transparente. Administração "enxuta". Os aumentos na conta de água foram mera ilusão. Os serviços são excelentes e o valor justo.
Faça-me o favor... O cara está reclamando que não elogiamos a empresa que tem a OBRIGAÇÃO de nos fornecer água e tratamento de esgoto? E que não o faz com competência? Vem dizer que os trabalhos da empresa não são divulgados? O que ele quer? Vá trabalhar na iniciativa privada para ver o que é bom! Fácil é trabalhar no país da Alice. É só aumentar a tarifa e pronto! Pegar dinheiro federal e pronto! As pessoas estão perdendo a noção do certo e do errado. O povo (coitado) elege um governo para administrar o que é nosso. Você, meu caro, tem que trabalhar em função da população. Não o inverso. Vocês deveriam elogiar a paciência que temos, ao acreditar que vão parar de jogar fezes na baía sul, ao acreditar que um dia não seremos mais onhecidos por não ter saneamento básico, mesmo sendo um estado rico, de uma região rica. Infelizmente temos tantos outros problemas a resolver, que atitudes como esta acabam passando. Mas ainda chegará o dia que quando ouvirmos ou lermos algo assim o sujeito será defenestrado do cargo PÚBLICO no mesmo instante.
Mas como nem gravação entre bandidos faz a mídia e a população se mobilizar, você ainda terá algum tempo para refletir e mudar de atitude.
César.
Valeu pelo seu comentário. Foi apenas uma provocação.
Há algum tempo fui até o Besc na Bela Vista (São José) e verifiquei que a avenida central daquele bairro estava toda asfaltada, lindíssima, uma velha aspiração da comunidade enfim se tornava realidade.
Duas semanas depois, ao passar novamente pela mesma avenida, fiquei simplesmente abismado com o que tinham feito com o trabalho realizado.
O asfalto, novinho, cheio de cortes, buracos, mal feitos e tapados como o “escórno” deles.
Parece até que esperaram a prefeitura terminar de pavimentar a avenida para então fazer o serviço (a Casan).
E era justamente naquela época em que começaram a exigir do usuário a canalização do esgoto doméstico, com o pagamento de considerável parcela mensal na fatura de água.
E é justamente o que falta ainda hoje: planejamento.
Não existe uma comunicação entre as prefeituras/Casan para definirem um cronograma de obras.
Não há gerência de Comunicação Social que justifique essas coisas por mais bem intencionado que seu titular possa ser.
Jorge Oliveira
Laguna – Santa Catarina
Caro Cesar,
Conheço o Neto há alguns anos e até então, sempre tinha respeitado o trabalho deste nobre colega. Mas agora, buscando esse espaço para "desabafo proposital", começo a imaginar que o mesmo está apelando. Concordo com os comentários anteriores, de que ele tenha levado um "puxão de orelha" ou outro corretivo do Valmor DeLuca, que só quer saber de mídia positiva, mas ESTÁ DEVENDO E MUITO, em relação a alguns problemas que aqui relato:
- Implantação do Esgoto do Kobrasol??? meu Deus, já fizeram isso em 2004... Vão implantar de novo algo que já cobram (caro)? Não seria uma ampliação paga com dinheiro público, ou seja, melhoram o sistema, mas o povo é quem paga os custos???
- E a Lagoa de Estabilização de POtecas, que a Casan prometeu e chegou a lançar a obra de melhoria no sistema (leia-se acabar com a fedentina insuportável do local) em plena campanha de reeleição do LHS e esqueceu? Depois relançou a obra há dois anos e novamente não fez nada?
- E os centenas de buracos que a Casan abre e não fecha pelas cidades do estado?
Seria bem melhor se o Neto ficasse quietinho, pois o resultado prático da Casan no dia a dia, não merece nem um digno registro de notinha nas páginas de nossos jornais.
Conselho para o colega: se quer ficar bem com o patrão, que arrume emprego em outro lugar, pois esta estatal em franca decadência e em descrédito com a população, não produz nada de positivo ou que renda alguma boa pauta. Só sabem aumentar as tarifas...
Grande Abraço Cesar e continue assim.
De um leitor assíduo e admirador de seu trabalho.
Eu vou pensar em elogiar a CASAN no dia em que:
1) ela parar de me cobrar taxa de esgoto de um terreno BALDIO, sem nenhuma construção nele. E ainda não me der a desculpa de que a cobrança é feita porque a rede está ali, a minha disposição, mesmo eu não usando. Difícil usar um rede de esgoto se não tem esgoto. Eu não cag... no terreno vazio, portanto não tenho necessidade do serviço;
2) ela parar de me cobrar taxa mínima, que chega ao absurdo de 60m3 quando o consumo não passa de 7m3. Por que a CASAN não cobra pelo consumo real, medido no relógio? Aliás, pra que relógio? Eu mesmo respondo: pra saber quando cobrar o que excede a taxa mínima, ou seja, o relógio só vale quando é em benefício da CASAN. Roubo é pouco para descrever essa situação.
Abraço.
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