quinta-feira, 17 de julho de 2008

A CULPA É DO MORDOMO

Outro assunto que não toquei aqui, mas que agitou todas as conversas dos últimos dias, foi a vexaminosa liberação de detentos na capital. Não se pode nem falar em fuga. Muito menos em escapada espetacular. Só falta que algum dos que saíram processe o Estado, por ter sido obrigado a ir para a rua.

E ainda mais vergonhosa do que a “fuga”, é a discussão que veio a seguir, sobre a localização das cadeias, prisões, penitenciárias e coisas parecidas.

Não nos merecessem, secretários e outras “autoridades”, respeito, eu os classificaria de ridículos. Mas sou um sujeito educado e não cometeria essa indelicadeza com pessoas que talvez só estejam dizendo o que dizem porque não têm, a cercá-los, verdadeiros amigos.

Explico: quando a gente assume um cargo importante, de responsabilidade, os puxa-sacos nos cercam como moscas varejeiras na carniça. E é neste momento inicial que se começa a distinguir os tolos dos que têm a cabeça no lugar. Os tolos acreditam no que os puxa-sacos dizem e passam a viver num mundo irreal, de faz-de-conta. Os que têm juízo, afastam os abutres e ouvem as críticas dos amigos, para não perder o contato com a terra firme.

Os tolos, pendurados nos balões de festa, acham que chegarão a algum lugar.

O CERNE DA QUESTÃO

Pra encerrar este assunto, que afinal o Festival de Dança de Joinville já está começando e não fica bem a gente tocar em assuntos controversos em plena festa, permitam-me dizer só mais uma coisinha:

É claro que ninguém quer aterro sanitário, presídio, usina nuclear e tantos outros equipamentos, ao lado da sua casa. Este é um dilema que existe desde o século passado, em todos os países do mundo. E tem sido enfrentado, nas democracias, com as armas que se exige para a vida em sociedade: habilidade política, informação, competência gerencial e transparência.

É possível que, há alguns anos, quando os problemas eram menos complexos, a sociedade menos informada, as pessoas mais ingênuas, não fosse necessário, aos administradores públicos, grande talento. Um político que tivesse sido eleito com alguns apertos de mão, promessas vagas e meia dúzia de favores, mesmo que fosse burro como uma porta, poderia exercer um cargo público. Bastaria assinar alguns papéis, confiar nos auxiliares e ir tocando.

Mas hoje as coisas são muito mais complicadas. Exige-se, do administrador público, muito mais do que apenas as quatro operações (necessárias para calcular a comissão) e o rabisco do nome. Precisa competência, inteligência, cultura geral e muito, mas muito traquejo político. Né não?

Um comentário:

Anônimo disse...

Você ofendeu as portas...