Houve tempo em que dizer-se de esquerda ou filiar-se a um partido que tivesse qualquer ligação com o socialismo ou o comunismo significava um risco. Era preciso cuidado e critério antes de assumir-se: havia sempre a probabiidade de ser preso, torturado, morto, quando não ocorresse alguma coisa pior.
Com a abertura política, e depois a queda do muro de Berlim, sinal visível do fim de uma era, a coisa meio que virou a casa da mãe Joana. A rigor, os velhos conceitos de direita e esquerda não têm mais sentido. Mas são usados sempre que parece conveniente. Mais ou menos confirmando isso, um partido dizer-se socialista ou ter em sua origem histórica os ideais comunistas, não significa absolutamente nada para a maioria da população. E, é claro, para a maioria dos seus filiados e militantes.
Essas reflexões meio sem nexo me ocorreram a partir do anúncio da grande frente de “centro-esquerda” que se está formando para apoiar Dário Berger e depois para encetar o “grande projeto político” (provavelmente socialista/liberal/conservador ou muito antes pelo contrário) rumo a 2010. E levaram-me a recuperar um dos símbolos mais apreciados dos “bons tempos”: a Internacional.
Infelizmente só consegui em espanhol (queria, naturalmente, em russo). Mas acho que é suficiente para homenagear esses bravos políticos da nova esquerda e do novo centro. E aproveito a viagem para, com esta música, também inticar um pouco com meus colegas blogueiros Aluízio e Tambosi, que têm um indisfarçável apreço pelo legado do marxismo. Enjoy:
O golpe da COP
-
Quanto antes aposentarmos as decadentes fantasias verdes do Ocidente, mais
brilhante será o futuro da humanidade. Fraser Myers, da Spiked, para a
revista...
Há 7 horas
6 comentários:
Cesar,
você não leu meu velho livro sobre a decadência do marxismo. Não resta pedra sobre pedra. E até hoje ninguém me contestou.
Depois de 1989, não tem mesmo mais sentido falar em esquerda/direita. Pra mim a coisa ficou assim: democratas (nada a ver com o Dem) ou inimigos da democracia.
Continuo do lado da democracia, como sempre fui, como você sabe. Não mudei.
Quem mudou foram os governistas, que se ainda se autoproclamam de "esquerda" e revelam desapreço pela democracia.
Eu estou no mesmo lugar. Eles viraram entusiastas de ditaduras.
E digo mais, Cesar: foi o único livro da UFSC a ser traduzido (saiu na Itália). Nunca fui entrevistado sobre o trabalho, que continua atualíssimo neste Grotão patrimonialista.
Quem atravessar a leitura não sai incólume, te garanto.
Abs.
César,
em primeiro lugar fico grato pela lembrança de me citar. Mas quero deixar claro nesta oportunidade, já que muitos leitores podem levar a sério a sua brincadeira, que faz um bom tempo que abandonei completamente a crença marxista. Jamais compreendo como foi possível ter patinado nessa idiotice que pretende tratar de forma igual os desiguais e que atribui ao capitalismo e ao liberalismo a responsabilidde pelas iniqüidade do mundo. Arre! Creio que estou hoje muito além do que tipificam como "direita". Estou convicto de que há determinadas variáveis no plano da evolução das espécies que fizeram surgir, de forma parcimoniosa, humanos com cérebro razoavelmente desenvolvido e uma avassaladora maioria de humanos dotados, no máximo, de cérebro de chimpanzé. Com uma agravante: chimpazés capazes de reter alguma informação que lhes dão a aparência de humanos, e são aquilo que se costuma conceituar como "bestas".
Para facilitar a compreensão desse arremedo de ser humano, construi o "tipo ideal" (vide Max Weber) de "botocudo" que utilizo freqüentemente no meu blog. Quem acompanha os meus escritos já compreendeu o que são os "botocudos".
E aproveito para proferir mais uma vez uma frase que é de minha autoria: "A humanidade é pródiga na geração da estupidez e parciomoniosa na produção da genialidade".
Daí resulta: quando mais cresce a população da Terra, mais botocudos
são gerados.
Por isso os ataques à democracia e à liberdade aqui, com os petralhas e, até mesmo, nos EUA, onde poderão eleger Hussein Obama e chamar o Bin Laden para um encontro diplomático na Casa Branca. Argh!
Cesar,
quero corrigir: estou usando acento no seu nome. Perdôe.
"Creio que estou hoje muito além do que tipificam como 'direita'".
O ato não é falho, é certeiro: o Aluizio Amorim é de extrema direita. E que brilhantismo e profundidade ele tem em sua frase memorável: "A humanidade é pródiga na geração da estupidez e parciomoniosa na produção da genialidade". Nunca pensei que alguém fosse capaz de cunhar algo tão impressionante!
Fanáticos, tanto de extrema direita ou esquerda, têm uma presonalidade religiosa (no sentido restrito do termo). Olham o mundo a partir de dicotomias - certo X errado, democratas e não democratas etc.
Tão profundos que numa formiguinha a água bate nas canelinhas.
Maniqueistas com obras mais ou menos maquiadas, mais ou menos conceituais. Apenas isso. No frigir dos 'óvulos', nada mais que isso. Lamento que lhes falte 'humanidade', traço que esquerda, direita, meio, marxismo, maoísmo, trotiskismo e qualquer xiitismo NÃO oferece nas suas cartilhas imbecilizantes.
Postar um comentário