O último programa da propaganda eleitoral obrigatória (que não é gratuita, mas esta é outra história) foi mais ou menos como imaginei que seria.
O Amin, como todo candidato contra um prefeito que tenta a reeleição, tinha a tarefa mais difícil. Vocês sabem que a história das reeleições, no Brasil, tem mais ou menos consolidado uma tendência: a menos que o prefeito tenha sido uma calamidade, ele se reelege. Conta, para isso, até com a inércia, a passividade do eleitor, que tem medo de mudar. “Se está funcionando, deixa como está” ou “pra que trocar o certo pelo duvidoso” são os pontos fortes das campanhas.
Cabe ao adversário tentar desconstruir o mandato, mostrar que a coisa não está bem. E isso é difícil, porque as administrações públicas modernas não são orientadas para a campanha apenas no período eleitoral: desde o primeiro dia as coisas já são feitas visando o uso que se pode fazer quando necessário. Então, dá-lhe pintar e reformar prédios públicos, asfaltar ruas, construir, sempre que possível, coisas visíveis (policlínicas são ótimas, têm vários andares e podem ser vistas de longe).
Todos fazem isto e continuarão fazendo. Isto não é ruim e em muitos casos atende mesmo as necessidades da cidade. E, na campanha, enche os olhos do telespectador e a boca dos apresentadores, transferindo ao oponente todo o ônus do combate ao “que está dando certo”, como se quisesse impedir o moço bonzinho de continuar a fazer o bem.
Então, não foi surpresa que o programa do Amin se dedicasse a mostrar erros, mentiras e contradições que, no entender deles, Dário cometeu. Não tem outra saída: se o eleitor não se convencer que a administração Dário não foi boa, provavelmente não mudará o voto. Se não desconfiar que houve maquiagem e não se sentir enganado, a tendência é “deixar como está”. O voto pela mudança não é uma coisa fácil ou natural. Exige mais esforço e decisão do eleitor do que o voto pela continuidade (claro, nos casos em que não tenha acontecido nenhum desastre administrativo), donde o índice de sucesso dos candidatos à reeleição.
O programa final do Dário (estou escrevendo na hipótese do programa da tarde ser apenas reprisado à noite) também dentro do previsto, apelou para o emocional, ressaltando a história de lutas do menino de origem humilde, com uma musiquinha apropriada e um coral infantil. Não estava escrito, nem foi dito, mas durante todo o programa a gente podia sentir, como pano de fundo, “deixa o homem continuar a trabalhar” e “não troque o certo pelo duvidoso”.
O eleitor comum, imagino, não terá percebido a ausência, nos programas do Dário, do governador LHS e outros apoios. Ouvi dizer que chegaram a gravar uma participação, não utilizada (ou será que colocaram e eu fui o único que não vi?). Essas questões partidárias, que às vezes ocupam tanto tempo nas conversas sobre política, parecem muito distantes do eleitor, ainda mais no pleito municipal. Acho que pouca gente leva em conta o fato do prefeito ter disputado cada eleição por um partido diferente e o entendimento do TSE e mesmo do Congresso, hoje, ser contrário à infidelidade partidária.
Também não fez nem marola a condenação, já em plena campanha, dos irmãos Berger pelo TCU, por superfaturamento de obra pública, muito menos a divulgação, por uma entidade de respeito nacional, como a Associação dos Magistrados Brasileiros, que dos vários processos em que Dário Berger é parte, há cinco merecedores de atenção especial, porque envolvem improbidade administrativa. Os fãs do Amin, caso se confirme nas urnas a tendência das pesquisas, poderão dizer que o eleitor “não sabe votar”. Claro, deixaram de lado esses fatores que, se fossem considerados como muitos acham que deveria, teriam resultado num menor índice de intenção de voto.
Portanto, a posição eleitoral do candidato à reeleição tende a ser sempre mais confortável do que quem pretende tirá-lo de lá. Os militantes e fãs do Amin tiveram que trabalhar dobrado (e ainda terão, até domingo), porque estão empurrando a pedra morro acima. Qualquer descuido deles a pedra volta, nem tanto pelo esforço da turma do Dário em impedir o avanço, mas pela própria força da gravidade. Este, me parece, é o jogo que está sendo jogado e que não permite nenhuma previsão fácil. É possível que Dário ganhe, mas não é impossível que o Amin vire o jogo. O resultado, até onde consigo perceber, tanto pode confirmar o que a Brasmarket mediu (e que parece, à primeira vista, meio fora da realidade), quanto ser disputado voto a voto.
Ah, eu não acredito que o debate de hoje à noite vá mudar votos. Em geral os debates servem para que os fãs, de um e de outro lado, reforcem as argumentações. O eleitor que assiste debate e ainda não tem convicção formada até pode perceber uma ou outra coisa, mas será amanhã, na conversa com amigos e a família, que irá de fato consolidar seu voto.
Dizem os estudiosos e marqueteiros que o eleitor só percebe quem “ganhou” ou “perdeu” um debate, quando vê (na TV, no caso dos países em que isso é permitido, como os Estados Unidos) ou lê nos jornais, as avaliações e comentários. Aqui, em geral isso é feito nos programas eleitorais que mostram que cada um dos participantes “ganhou” a discussão. Como amanhã não terá mais programa eleitoral, o efeito será ainda menor. Até porque quem se interessa por política já conhece suficientemente as duas figurinhas carimbadas que estão na disputa.
A ameaça nuclear de Putin e o sentido da política para o Ocidente
-
Não existe nenhum acordo secreto para impedir o uso de armas nucleares
antes que o mundo seja destruído. Catarina Rochamonte para a Crusoé:
*Há quem defe...
Há 2 horas
3 comentários:
Putz,
Inda bem que a eleição acabou. Caso contrário poderíamos ter gente morrendo. Afinal, o que o segurança do Dário foi fazer lá?
O resultado dessa pesquisa da Brasmarket que dá 64% dos votos para o Dário, significa que ele chega aos 151 mil votos, ou seja, conseguiu agregar 57 mil votos dos opositores. Tirando os votos do Amin, isso representa 70% da soma dos votos do Júnior, da Angela Albino, do Nildão, do Afrânio e da Joaninha !
Será que os eleitores do Júnior se bandearam para o lado do prefeito, apesar do Júnior ter sido o que mais denunciou as falcatruas ?
Será que eleitores da Angela estão com o Dário mesmo depois de a verem ser desrespeitada pelo prefeito ?
Ídem para os eleitores do Nildão, do Afrânio e da Joaninha !
Será que o eleitor de Florianópolis é tão volúvel assim ?
Corrigindo para a pesquisa do IBOPE:
Dário teria 51% dos votos, ou seja: 121 mil votos e Amin 33% = 78 mil votos
Portanto Dário estaria agregando 26 mil votos dos algozes Junior, Angela, Nildão, Afrânio e Joaninha, enquanto Amin, que também bateu, teria acrescentado só 18 mil desses votos.
Dá prá entender ?
Temos que aguardar o resultado da pesquisa verdadeira para saber qual é o discurso que o eleitor gosta e, se o resultado confirmar a pesquisa, procurar um hospício para se proteger dessa loucura !
Postar um comentário