sexta-feira, 24 de outubro de 2008

FLORIANÓPOLIS TEM SALVAÇÃO?

A crônica abaixo foi escrita (e publicada) em 9 de março de 2003 (bem antes da Moeda Verde, portanto. LHS tinha acabado de assumir e a Tia Ângela era a prefeita). Republico-a sem tirar nem por, mantendo até as referências a algumas datas. Só pra lembrar que, em se tratando dos problemas da cidade, as coisas continuam mais ou menos na mesma. E achei que seria oportuno falar nisso, já que teremos que escolher, no domingo, se o prefeito continua ou se o Amin volta.
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A fotógrafa Vera Sayão, carioca que mora há um ano em Florianópolis escreveu-me falando de um dos problemas sérios que a cidade tem: o crescimento mal planejado.

No fotoblog dela está a foto de uma casinha marcada para morrer. No local será construído mais um prédio ou um conjunto de blocos. E ela pergunta se não seria possível fazer alguma coisa.

Para os que não conhecem Florianópolis terem uma idéia da gravidade da coisa: as ruas são as mesmas há várias dezenas de anos, a rede de água é a mesma, a de esgoto é quase inexistente. Só que agora, onde estavam as casinhas, estão instalando prédios de até 14 andares e condomínios com menos andares, mas vários blocos.

Aumentar a tal “densidade urbana” é o sonho maravilhoso de todo prefeito que quer arrecadar mais IPTU. E a cidade ganha, mesmo nos bairros bucólicos onde a gurizada jogava bola nos terrenos baldios até o ano passado, engarrafamentos várias vezes por dia (lembrem-se que as ruas são as mesmas, não foram alargadas e o sistema de transporte coletivo é péssimo), barulho, falta d’água, contaminação do mangue, das baías etc.

A Vera lembra que muitos dos problemas de cidades como o Rio de Janeiro começaram assim.

E o que fazer? Não é coisa simples. Nem pouca coisa. Primeiro, a família que tem a casinha vai ganhar um dinheiro que nunca conseguiria trabalhando. Isso algumas vezes resolve grandes problemas, às vezes cria problemas, mas não dá pra simplesmente proibir a família de vender seu bem, às vezes o único.

Cidade mal planejada, Florianópolis tem barreiras naturais e artificiais que impedem que se more mais afastado do local do trabalho sem enormes prejuízos de tempo e qualidade de vida. E não tem, como a totalidade das cidades brasileiras, um sistema eficiente de transporte público. Logo, morar mais perto nem sempre é uma das escolhas, mas a única opção.

E tem o pessoal, como a própria Vera e sua família, que vem para Florianópolis porque gosta daqui e do que ouviu a respeito. Isso cria uma demanda no mercado imobiliário. Não tem apartamento novo desocupado ou difícil de vender.

Portanto, só uma forte pressão sobre vereadores e prefeitura pode se opor à pressão que o dinheiro que circula nos negócios imobiliários naturalmente faz. Alguns deles podem ser amigos dos incorporadores e construtores, mas todos dependem de votos e de uma boa imagem pública. Se apoiar a mudança de gabarito para 14 andares ficar uma coisa impopular, os políticos municipais pensarão duas vezes.

Não será luta fácil nem charmosa. Os jornais têm nas imobiliárias grandes clientes. Cada lançamento de novo prédio rende uma programação de mídia respeitável, numa economia do tamanho da de Florianópolis. Os interesses contrariados serão muitos e diversificados.

E tem, ainda, a tendência às brigas internas. Várias coisas, na Lagoa, onde a comunidade parece mais organizada, esbarram nos conflitos entre as diversas ongs e entidades. Se um determinado projeto depender de consenso para ser executado, nunca sairá do papel. Mas se até o PT conseguiu reunir e acalmar suas várias correntes, então ainda resta alguma esperança.

Manter um nível mínimo de qualidade de vida na Florianópolis de 2010 não é impossível. Mas parece, agora, tarefa sobre-humana. Acho que a principal tarefa é saber quantos são os que pensam parecido e até onde estão dispostos a ir para criar uma força de pressão popular que seja ouvida e respeitada.

Nunca é demais lembrar que em 2004 tem eleições municipais, mas os prazos para inscrição de candidatos e filiação partidária terminam agora, neste mês ou no próximo. O jogo estará com todas as peças no tabuleiro, portanto, até o final deste ano. Qualquer movimento tem que começar já, identificando os atores, nesse cenário, que estão deste ou daquele lado. E os que ainda podem, com os argumentos corretos, optar pelo lado certo.

2 comentários:

Anônimo disse...

A CASVIG quebrou. É só ler a nota CONVOCAÇÃO, na coluna do Prisco Paraíso, no A NOTÍCIA, hoje, 24. Eles, os comissionados, "adoraram"...

Anônimo disse...

Pois é...nada de novo no método.
Comissionados sempre foram paus mandados do inquilino no poder.Tanto é que tive uma diretora de escola que era amin(doim) doente hehehe,fazia campanha durante o horário de expediente, pedia votos na comunidade com o argumento de que se ele perdesse ela perderia a direção da escola, dava merenda escolar pra mãe de aluno levar pra casa,quando o certo seria que comessem NA escola( sim, a merenda pode[ ou podia] ser pra outros membros da família do aluno como irmãos menores e até os pais), já que eram carentes.Foi o que me responderam então. A secretária da escola que foi escolhida e colocada pela diretora trabalhou com a camiseta azul do 11, bem como uma professora act de Ed.Física.Se está foi trabalhar com a camiseta do Amin por conta própria ou mandada pela diretora não consegui nunca uma resposta da professora, nem sim, nem não.A secretária , com certeza não iria por conta própria com camiseta de outro candidato, iria? Não, porque é vedado isso.Mas como era do candidato da diretora podia, os demais não podiam fazer campanha na escola...Professores não alinhados não podiam circular/trabalhar com propagandas de nenhum tipo.Sem falar nos adesivos 11 nos carros das duas em função gratificada.Algum problema depois? quando o Amin perdeu pro tal LHS?Bem, tirando a raiva inicial da diretora que, por vingança, misturou todos os livros da biblioteca(depois de um ano a gente arrumando)porque não ia deixar tudo arrumadinho pra 'neguinha do pmdb' nada demais aconteceu.Pelo contrário...não só ela ficou no então novo governo, como garantiu primeira classe no trem da alegria...foi só passar pro PSDB rapidinho, seu padrinho político que ora se deita na caminha dos Amin [ fazia parte do governo dele, era coligado], ora pula pra caminha do PMBD,então em campanha,com muita chance de vitória.Ainda estava no governo do Dão, que não havia terminado, porém estava nos estertores,e já era parte da aliança com FHS.ninguém havia deserbarcado dos cargos ainda.Simples assim.
Práticas idênticas,os mesmos meios, para os mesmos fins.
Dá uma certa leseira saber que nem na picaretagem acontece uma novidade, né não?

Com concursos pra secretárias a coisa encolheu um pouco;elas já não são 'obrigadas' a vestir a camisa das diretoras.Por isso sou a favor de concurso público pra diretores de escolas.Sem rabo preso com indicação política,nem pactos supeitos com alguns elementos comunitários...

Mas novidade em usar comissionados?Onde? quando não foi/é assim?


Lia