Podem me chamar do que quiserem, mas ninguém poderá dizer que o Tio Cesar não é um cara preocupado com o sucesso do governo. De todos os governos. Há quase três anos, praticamente todos os dias, estou aqui dando dicas, conselhos, informações e fazendo preciosas advertências que, se eu fosse cobrar como consultor, me transformariam num dos jornalistas mais ricos da minha rua.
Qualquer administrador público com um mínimo de massa cinzenta e uma dose mínima de bom senso, assina o DIARINHO para poder receber, logo de manhã, a dose diária de sabedoria dos colunistas e jornalistas desta douta casa de letras e do saber.
Com a generosidade que me é peculiar, não só identifico os problemas e as áreas críticas, como também dou palpites (alguns até bem furados) sobre como consertar as coisas.
Vejam este caso, que trago a lume hoje: o governo, mais especialmente a secretaria do Gilmar Knaesel, está fazendo uma grande confusão, misturando os fundos de turismo, do esporte e da cultura.
A excelente equipe de leitores que tenho fez uma pesquisa nos Diários Oficiais e descobriu algumas preciosidades que indicam uma deficiência grave de aprendizado. Provavelmente alguém matou as aulas de português onde se ensinava o que as palavras queriam dizer e como consultar um dicionário.
FUNTURISMO DO B
O Fundo de Turismo tem servido para pagar coisas que dificilmente se enquadrariam como turísticas.
– Tem duas contribuições para a ampliação das instalações da Associação dos Funcionários Fiscais do Estado;
– Tem algumas contribuinções para Centros de Tradição Gaúcha. Num deles, para construir banheiros, numa das festas tradicionalistas;
– Foi o Funturismo também que pagou a tournê catarinense da Banda dos Fuzileiros Navais;
– E adivinha de qual fundo saíram os recursos para a 2ª Corrida Rústica de Canoinhas? do turismo, é óbvio;
– Para o Fórum Social da Juventude, a União Catarinense de Estudantes Secundaristas também levou uma graninha do... Funturismo.
E a lista segue, infindável e inacreditável. Toda festa, seja da Cultura Italiana, seja da Steinhager, seja reveióm e toda feira, como a Náutica Fair (que é uma feira empresarial, de negócios), é patrocinada via o Fundo do Turismo. Mas aí, os que vêem alguma lógica nessas ações, poderão argumentar que festa e feira traz turista. Logo...
FUNDESPORTE DO B
A prova mais eloqüente de que o sujeito (ou sujeita) que define que fundo paga o quê está com uma telha levemente corrida, é esta:
– Um piano de concerto Steinway, de R$ 253 mil, para o CIC, foi pago, claro, pelo Fundo do Esporte. Ué? Vocês queriam que o Fundo de Cultura pagasse isso? Tão brincando...
– Troca de carpete do CIC. Como foi o Fundesporte que pagou, decerto trocaram o carpete por grama sintética, para a prática do futebol society, entre uma peça de teatro e outra.
TABELINHA SALVADORA
E agora vem a parte em que presto um serviço – voluntário, inteiramente gratuito e de profundo sentido cívico – aos homens e mulheres bem intencionados do governo: na tabelinha abaixo, estão definições do que é cada coisa. São definições simples, colhidas num dicionário dos mais básicos, acessível a qualquer um. Mas podem ajudar bastante na hora de escolher de qual o fundo será tirado o dinheiro.
Segundo a tabela, piano, banda e teatro estão mais para cultura. Corrida rústica, para esporte. CTG, dependendo do enfoque, até pode ser cultura. Mas se perguntar pros manezinhos, acho que eles vão preferir que o grande estado do Rio Grande do Sul, que os pariu, e a cuja bandeira eles prestam devoção, que os financie.
Se tiverem alguma dúvida, do tipo “mas de onde a gente tira a grana pra ampliação sede da Associação dos Amigos dos Comissionados?” podem usar uma fórmula simples:
– a sede é na praia? então é do Funturismo;
– tem quadra de bocha, piscina ou mesa com pano verde? então é do Fundesporte;
– tem dvd, karaokê, piano, galeria com fotos de ex-presidentes? então é do Fundo da Cultura.
Usar corretamente o dinheiro público é simples. Basta um pouco de bom senso.
A TABELINHA==============================
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa...
CULTURA
do Lat. cultura
s. f., ato, efeito de cultivar.
do Al. kultur
s. f., desenvolvimento intelectual, saber; utilização industrial de certos produtos naturais; estudo, elegância; esmero; conjunto dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores morais e materiais, característicos de uma sociedade; civilização.
ESPORTE
do Ing. sport, divertimento
s. m., prática metódica de exercícios físicos; prática de exercícios próprios para desenvolver o vigor e a agilidade; processo de aperfeiçoamento físico e de educação do espírito; divertimento; recreação; folga; distração; Portugal, desporto.
TURISMO
do Ing. tourism
s. m., gosto pelas viagens; tudo o que se relaciona com os serviços organizados de viagens de recreio num país; viagem ou excursão de recreio ou instrução a locais que despertam o interesse; conjunto de atividades profissionais relacionadas com o transporte, alojamento e assistência a turistas.
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Há 13 horas
5 comentários:
Qual sua fonte de pesquisa, professor?
Sobre o uso dos fundos, a fonte é o velho Diário Oficial de papel. Ao longo de várias edições. As definições são do dicionário online Priberam (www.priberam.pt/dlpo).
César, imagine com o Diário Oficial on-line o que poderíamos encontrar. Acredito que a demora para entrar no ar o Diário On-line se deva ao sistema de tradução simultânea. Ou você acredita que LHS permitiria que entrasse no ar um Diário Oficial sem uma versão em francês?
Cesar
Isto é o tango do galego maluco.
Mauricio
Você esqueceu do golfe: tem turismo esporte e, é claro, cultura importada. Em qual tabela se encaixa? Acho que essa escola de administração pública vem me boa hora, para definir melhor esses conceitos.
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