domingo, 24 de fevereiro de 2008

O RESUMO DA ÓPERA

Roubei de lá na caradura e transcrevo aqui a crônica do Fábio Brüggeman publicada no Diário Catarinense de sábado.

23 de fevereiro de 2008 – N° 7986
Fábio Brüggemann

Governo de uma nota só

O governador Luiz Henrique da Silveira tem uma nota só no seu piano. Réu de um processo que se arrasta desde 2006, apresenta um único argumento de defesa: o de que saiu do cargo do mandato anterior para disputar as eleições. Nas entrevistas que concedeu, não refutou quaisquer das acusações do relator, limitando-se ao argumento já citado. Com a decisão de anteontem, que fez a ação voltar à estaca zero, para incluir o vice-governador, o governo tem apenas uma vitória processual, mas se transformará num moribundo político, porque não conseguiu contra-argumentar os dois relatórios já apresentados: o do TRE e o do TSE.

O ministro Ari Pargendler, diante do relatório, disse: "Sem sombra de dúvida, foi montado o maior aparato de comunicação já visto em Santa Catarina com um único fim: alavancar a candidatura a reeleição do então governador Luiz Henrique da Silveira, isso tudo à custa do erário". Resta perguntar: quem pagará pelos estragos de anos ocupando um cargo de forma considerada (ainda que a posteriori) ilegítima?

E este não é um episódio isolado. É de conhecimento público os vários escândalos da atual administração. Tem o caso Vera Fischer; o escândalo da oficina mecânica à beira de uma estrada que se passava por produtora para beneficiar uma escola de samba do Rio de Janeiro; o escândalo na Secretaria da Fazenda, que culminou na prisão do assessor Aldo Hey Neto; os milhões de reais gastos com publicidade sem licitação; o escândalo do Balé Bolshoi, e todas as confusões arrumadas por causa de um Fundo de Cultura que não é fundo, e que transformou artistas e produtores em arrecadadores de impostos para o próprio governo. A aceitação por parte de alguns (por medo, ignorância ou ainda aproveitamento) não legitima o equívoco em relação ao papel do Estado no fomento à cultura.

Não esquecer ainda a defesa intransigente do governador aos ainda considerados, pela justiça, como suspeitos de compra de licença ambiental da Operação Moeda Verde. O descaso com o meio-ambiente lhe rendeu também o desonroso Prêmio Motosserra, ano passado, concedido pela Fundação SOS Mata Atlântica, por ter lutado ostensivamente contra a criação de unidades de conservação no Estado, que ajudaria a preservar tão importante patrimônio natural brasileiro.

Mesmo que o governo seja inocentado deste e de todos os processos que correm na justiça contra ele, e que continue no cargo até o final do mandato, é inegável o equívoco ideológico de sua administração, e não há quem não comente, ainda que a boca pequena (por um medo atávico típico do Estado), o estilo principesco de governar, o pairar nos helicópteros e o gosto duvidoso por megaeventos. É tão equivocada sua gestão, e passa apenas por suas idiossincrasias, que sequer escondeu sua defesa à eugenia, em artigo publicado no jornal A Notícia, comentado, inclusive, pelo jornal Folha de S.Paulo.

Somente pela criação de mais de 30 secretarias, que consomem tempo e dinheiro do Estado, na tentativa de tirar das prefeituras o papel que é inerente a elas, e o supracitado exemplo da visão estreita e apenas de governo em relação à cultura, já seria caso para um processo por equívoco político. É claro que isto não existe, a não ser nas urnas, e estou aqui tentando apenas fazer uma licença poética para aquilo que nem merece.

Não sou filiado a nenhum partido, não simpatizo com nenhum político, seja de esquerda, direita ou centro, não sou de nenhuma igreja, clube ou sindicato. Não escrevo em nome de alguém mas por sentir na pele essa exorbitância, essa coisa que está, sim, fora da órbita, esse descaso com o bom senso e com as políticas públicas sérias, principalmente às relacionadas à cultura. Com o processo retornando ao começo, e cientes da morosidade da justiça brasileira, teremos mais dois anos de limbo. A justiça não julgou, apenas retardou processualmente o resultado quase óbvio, o qual seria a cassação do diploma, e claro, o enorme prazer que eu teria em dizer: “Prezado ex-governador, seu piano de uma nota só já foi tarde”.

16 comentários:

Anônimo disse...

Merece registro mesmo essa crônica.
O roubo está perdoado !

Anônimo disse...

DESCULPE MAS QUERO DESABAFAR

Nao vamos esquecer das NOITADAS, LÁ NA CASA DE FAMILIA DA MARLENE RICA.
Nao vamos esquecer, da pompa de querer fazer de conta de que parece um novo MILIONARIO, circulando de helicoptero do palacio da Agronomica até o Centro Administrativo logo ali na SC 401 tudo porque parece nao gostar de se misturar no transito com o povao.
Nao vamos esquecer tanto do trato com o publico como com a IMPRENSA, quando é questionado, esbraveja,espuma, se gospe,chinga,se vinga,dá chá de cadeira, ou simplesmente nao atende.
Quando falam a favor, bajula,consede favores,elogia,é convidado para comitivas de viajem e outras cozitas mas.
Sinceramente, tomara que este pesadelo tanto MUNICIPAL como ESTADUAL e FEDERAL, passe lógo,
Nao da mais para errar tanto na hora de votar, tá na hora de acabar com esta esculhambaçao que virou a Justiça eleitoral, e entodo o contesto pois tudo quando esta em vias de fato termina levado a peso POLITICO.

Anônimo disse...

Sem falar no bordel da Marlene, do Delegado Preso, da PF na Sec. da Saúde, na Fraude do concurso da PM, nas denúncias do Dejandir ....

Anônimo disse...

Gente quem escreveu eu não conheço,mas tá sintetizado e claro!agora o governador tem que respeitar mais os artistas sim,é vergonhoso a lentidão e o descaso para com projetos...e sempre tem uma fatia maior e para os mesmos.querem exemplo??visitem o CIC(centro "integrado de cultura"lá simplismente não pode ser chamado de cultura integrada,pois não tem nada!!

Anônimo disse...

Curioso, mas este artigo foi sonegado da edição impressa de sábado

Cesar Valente disse...

Anônimo das 11:38, olha direito: acabo de conferir e está lá, na página 4 do caderno de Variedades do sábado. E também na internet.

Anônimo disse...

Confere. Está no caderno de Variedades da edição impressa. Desculpe.
É que na edição de internet está catalogado como COLUNAS:
http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&edition=9348§ion=capa_offline

Anônimo disse...

César, valeu tomar a liberdade de reproduzir a excelente crônica do Fábio Bruggemann! Parabéns também ao autor; claro e objetivo em suas colocações. Tenho certeza, reproduz na medida o exato sentimento de milhares de catarinenses, que se sentem órfãos de representação política e carentes de uma imprensa atuante. O estranho nisso tudo, é que tenha sido publicado no Diário Catarinense, que, para mim, mais parece Órgão de Propaganda do Governo, ilustrado com fotografias e reportagens desinteressantes.

Anônimo disse...

Bela síntese. LHS é réu confesso, pelo menos nesse julgamento. O retrospecto de escândalos é vergonhoso. Mesmo assim, parece não preocupar o ainda governador. Se isso tudo não preocupa, estariam preocupados com algo ainda pior. Será que há algo ainda mais podre?
Definitivamente, isso tudo comprova que não há uma oposição eficiente. Impera a vontade do "Imperador".

Anônimo disse...

Como é que é, o Gley Sagaz vai usar o ex-funcionario da DPM como testemunha?
Acho a oportunidade bem propricia, ainda mais que este ex-funcionario abriu o verbo em materia do Jornal Gazeta de Joinville e se nao me engano abriu um processo contra a produtora.
Só sei de uma coisa, o homi tem muita coisa pra contar na Justiça.
Tem otoridade que foi denunciado pela Secretaria outro pelo Jardineiro,outro pela Amante, outro pela ex-Mulher e assim se sucede, agora é a vez deste ex-funcionario da DPM.

Anônimo disse...

"De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se
os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto."

Rui Barbosa

Anônimo disse...

Crônica irretocável!

Anônimo disse...

Com tudo isso ando enojado. Melancólico ver em que se transformou a democracia...

Anônimo disse...

Complicado ver as pessoas se venderem por um cargo ,um salário,ou apenas uma oferta de "ajuda".Hipócritas,defenda o correto,não venda seu voto, nem vote em políticos profissionais,que roubam e deixam roubar...levante a cabeça!seja honesto nas pequenas e grandes coisas, denuncie , uma, duas, quantas vezes precisar!!

Fábio Brüggemann disse...

Tá perdoado pelo roubo. O texto está também no meu blogue: www.bloguedobruggemann.blogspot.com
abraço
fábio

Anônimo disse...

E cabe mais alguma coisa na lista?

Bem, com relação a artistas, a filhinha cantora não tem queixas...


Dando um salto, melhor dizendo, um rasante...

Com que então TODOS os catarinenses podem contar com aviões e helicópteros do ESTADO, pago pelo contribuinte, para levar parentes a outro estado,para providências de enterros?Ou só vale pra dono de construtora?
quero saber, se eu precisar ir a um enterro no Rio, ou qquer lugar, e não quiser usar avião de carreira,nem alugar um táxi aéreo, falo com quem???Espero quanto?
Que me perdoem as famílias enlutadas,mas quem pode comprar um avião não precisa usar transporte pertencente a todo o povo que não tem o mesmo privilégio; eles podem, sim, contratar um táxi aéreo, ou esperar em aeroporto como todo mundo. Ainda se fossem coitados que precisassem de busão, vá lá, mas não me parece o caso. No lugar deles não aceitaria, a menos que fosse de algum amigo, avião particular sei lá eu. Mas do Estado??? quem paga as despesas? Quando morre um catariense no exterior a família que se dane, que junte dinheiro para mandar o corpo.Quantos casos vimos na Tv, de brasileiros que ficaram por lá porque a família não podia pagar e a FAB não é pra isso,dizem que não é rabecão, agência funerária!
O governo brasileiro não gastou um cent com o caso Jean Charles em Londres.Eles fizaram a burrada e arcaram com as despesas.
Bem, se for para todos, ok, aplaudo e peço que me mostrem a lista dos já atendidos assim.Dos que precisaram, claro, não dos abonados até demais.Falo por que já saiu na imprensa catarinense um caso de helicóptero não liberado para transportar um doente, então...Nem sei se o coitado morreu.
A conta, afinal, cai no meu bolso e não tenho nada a ver com o peixe.Já passei por algo parecido e não tive mamata nem ajdua de ninguém.
Cada um com sua cruz.