Algumas considerações que ouvi, ao longo do sábado, levantavam questões sobre o papel que o Secretário de Comunicação, Derly de Anunciação poderia ter tido. Amigos, a quem considero, acham que peguei pesado, ao colocar o nome do secretário na roda, sem fazer uma ressalva fundamental: em várias ocasiões ele teria sido voto vencido. Principalmente porque LHS nem sempre ouve e leva em conta conselhos e recomendações. De qualquer forma, como o foco da ação e dos votos dos ministros é a comunicação dos atos do governo, sobra farto material de reflexão não só para o Derly e sua equipe, mas também para equipes de comunicação dos adversários e mesmo de prefeituras e empresas estatais.
Além da discussão do caso específico, os votos dos ministros lançam um alerta para todos aqueles que têm responsabilidade na formulação de políticas de comunicação de órgãos públicos. Há, aparentemente, um movimento do TSE no sentido de mostrar-se mais atento a questões que, em outros tempos, talvez não fossem observadas com tanto zelo. E se nunca foi fácil propor e executar uma comunicação pública que atendesse tanto o interesse dos titulares dos cargos quanto as limitações legais e mesmo o interesse público, agora o problema ganha novos contornos e desafios.
ESSE PIRIQUITO...
O deputado Piriquito mandou um e-mail para o colega Moacir Pereira, que o transcreveu no seu blog. No texto, o deputado pretende defender o governador. Coisa natural, afinal são correligionários. Mas acho que o deputado, talvez no entusiasmo do momento, enviou uma versão sem revisão. Porque o texto, tal como está no blog do Moa, deixa algumas dúvidas:
O deputado afirma que “LHS, RENUNCIOU seu mandato para concorrer à reeleição, porquanto, não comete crime eleitoral no momento em que pratica o ato da divulgação das ações do governo que comanda”, como se isto fosse ponto pacífico. E não é. É exatamente este o ponto que está em discussão, se o ato de divulgação das ações de governo foi legal ou não. É sobre isso que se debruçam os ministros do TSE. E três deles já afirmaram que a divulgação foi indevida. Tanto que se colocaram favoráveis à cassação do governador.
Cá na minha ignorância, achava que o deputado até poderia dizer que o governo agiu legitimamente, que no entender dele LHS não cometeu qualquer ilícito, enfim, solidarizar-se e apoiar de várias maneiras, sem, contudo, antecipar um julgamento que, a esta altura, cabe ao TSE e até, quem sabe, ao STF.
Além disso não entendi, por exemplo, o que ele quis dizer com esta frase:
“Ainda entendo que LHS não pode responder por qualquer ato que veio a acontecer praticado pelo seu sucessor, pois este passou a ser o responsável pelo respeito às condutas vedadas ao agente público, sabendo-se, que LHS não era mais detentor de mandato durante o período eleitoral de 2006 e não incorreu em arrepio a Lei das Eleições.”Quer dizer, numa primeira leitura, dá impressão que ele sugere que o Dr. Moreira poderia ter cometido algum deslize. Mas não deve ser isso. Porque era só o que faltava, tentar mostrar que LHS não merece ser processado, mas o vice, sim. O trecho “LHS (...) não incorreu em arrepio a Lei das Eleições” não faz sentido.
E a frase final do manifesto do deputado também comporta várias leituras:
“O que vejo com muita clareza, é a tentativa equivocada de conquistarem ilegalmente o mandato legítimo (conquistado nas urnas) de um homem com larga e exemplar biografia na vida pública, o que daí sim, definiria na aberração do “CRIME ELEITORAL”!”Acho que entendi a intenção: dizer que, ao recorrer aos tribunais, a coligação derrotada nada mais quis do que ganhar no tapetão o que não conseguiu nas urnas. Mas, do jeito que foi construída, a frase sugere, além disso, que o TSE cometerá crime eleitoral, caso venha a cassar LHS. Sim, porque não será Esperidião Amin, nem seus companheiros, que tirarão o mandato do governador. Isso, se ocorrer, será por força de uma decisão judicial. Portanto, dizer que “conquistarem ilegalmente o mandato legítimo” lança sobre os votos dos ministros e sobre a atuação do tribunal, uma suspeita de ilegalidade. Ao decidirem pela cassação estariam, pelo que se entende da nota do deputado, retirando ilegalmente um mandato legítimo.
Novamente, parece que o redator foi traído pela pressa: o que o tribunal está discutindo é justamente a legitimidade do mandato. Discutem se a vitória nas urnas foi obtida limpamente ou não. Se decidirem, acompanhando os três votos já proferidos, que o mandato é ilegítimo, ilegal seria manter esse mandato.
COMUNICAÇÃO, ESSA DESCONHECIDA...
Tanto a nota que o PMDB e demais partidos emitiram na sexta, quanto esta nota do deputado Piriquito, denunciam a falta, principalmente, de bons redatores. Ou melhor, de uma consultoria em comunicação institucional. Ou de comunicação política. Porque está claro que, neste momento, é preciso municiar a militância com algumas palavras de esperança, de confiança, mostrar unidade e, principalmente, tentar demonstrar que não houve intenção de violar a lei, a ética e os princípios do serviço público. Só que as duas notas não fazem isso com eficiência e clareza.
Como, então, poderia ser redigida uma nota, neste momento complicado, de incerteza e suspense? Um leitor, que gosta desses exercícios e desafios, mandou uma sugestão de texto. Não sei qual a sua cor política. Ignoro mesmo se contém algum traço de ironia, mas achei que, tecnicamente, o texto reúne os elementos básicos do que deveria ser uma peça desse tipo, num momento como este:
“Esclarecimento aos catarinenses:Ah, antes que os comentaristas fiquem achando que estou deste ou daquele lado: acima e além da avaliação política, dói ler coisas mal escritas. E, mais ainda, em momentos importantes. O governo tem profissionais de excelente nível e em Florianópolis e em praticamente todo o estado, é possível encontrar gente capaz de sugerir a melhor forma para elaborar uma peça delicada, como é um manifesto político. Não tenho a menor informação sobre como ocorreu a gestação da nota dos partidos de apoio ao governo, mas acredito que talvez tivesse valido a pena chamar mais gente para ajudar. A ler, a reler, a construir uma peça que tinha a responsabilidade de ser o contraponto à notícia de três votos contrários no STF.
Durante todo o primeiro mandato, o governador Luiz Henrique e sua equipe tentaram fazer o melhor pelo estado e, acreditando cumprir os preceitos que obrigam a dar publicidade aos atos públicos, deram-lhes ampla divulgação. Com esta finalidade, foi profissionalizado o gerenciamento da comunicação oficial e foram criados instrumentos que, acima de tudo, dão às atividades do governo a necessária e desejada transparência.
Tal visão profissional e despersonalizada teve início num gesto simples, porém emblemático, da visão que o governo que apoiamos tem sobre isto: foi abolida, desde o primeiro minuto de governo, a obrigação de expor o retrato do governador nos gabinetes das repartições públicas.
A preocupação com o estrito cumprimento da lei e o desempenho ético do mandato não só permearam todas as ações de governo, como levaram o governador, num ato que não pode ser menosprezado, a renunciar seis meses antes das eleições. Justamente para concorrer em igualdade de condições. Exatamente para não ser favorecido pelo que, genericamente, se chama de “máquina”.
Agora, provocado por uma iniciativa de agentes cuja legitimidade os eleitores catarinenses saberão avaliar, o Tribunal Superior Eleitoral examina alguns aspectos da política de comunicação executada no primeiro período de governo. Três ministros manifestaram-se até agora, entendendo que a política de comunicação do governo teria, de alguma forma, influído no resultado da eleição.
Os partidos que compõem a base de apoio do governo têm confiança que, a despeito desses votos contrários, os demais ministros saberão encontrar, nas consistentes peças apresentadas pela defesa, argumentos suficientes para posicionarem-se de outra maneira. Hão de entender os ministros o que os catarinenses já compreenderam: a transparência resultante da política de comunicação do governo não deu ao candidato LHS nenhuma vantagem indevida. Ao contrário, cumpriu os preceitos constitucionais de divulgação dos atos públicos e permitiu, ao eleitor consciente e informado, amadurecer uma decisão que foi expressa claramente nas urnas.”
Não é pouca coisa. Teria que provocar algum impacto. Era a oportunidade única (a meu ver desperdiçada), de posicionar-se, principalmente diante da militância. Não podia ser um texto qualquer, fechado de qualquer maneira, com uma idéia central elementar. Se as lideranças políticas foram surpreendidas, imagina-se que a base, os filiados dos partidos, os cabos eleitorais, os vereadores, todos, enfim, ficaram igualmente estupefatos. Presentear-lhes com um texto que pudesse ser lido em praça pública, reenviado com orgulho e colado nos postes, seria o ideal. Mas isso não é coisa para amadores. Exige competência, conhecimento da língua, expertise em comunicação política.
E não deixa de ser irônico que, no meio de um turbilhão político causado justamente pelo uso da comunicação, a coligação governista tenha produzido uma peça tão negligente com as boas técnicas de comunicação.
Update do domingo – um leitor alertou que o texto sugerido acima seria recusado de primeira pelos correligionários do governador: não fala em descentralização! De fato, não tem a palavra mágica uma única vez. Claro que até daria pra fazer um rápido copy (uma correção, um ajuste no texto) e solucionar o problema. Mas acho que, com essa falha grave, o texto, como diriam os Mythbusters, “tá detonado”.
9 comentários:
Quando as pessoas são levadas pela emoção e buscam interpretar e julgar, sempre é bom ver o texto da lei.
Essa questão da publicidade está muito clara no § 1º do Art. 37 da Constituição Federal, a nossa Lei Maior:
"A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos".
A campanha da Descentralização, depois repetida na campanha, se caracterizou claramente como promoção pessoal do governador para sua reeleição !
O plantão de domingo está funcionando. É o Tio César em tempo real. Aliás, um plantão necessário.
Converso com as pessoas e poucas sabem da quase cassação do LHS. Prevalece a chamada (discretíssima) de capa do Diário Catarinense de sexta-feira: "Suspenso o julgamento de Luiz Henrique". Desta vez os veículos da RBS estão uníssonos: pouco destaque, raros comentários, comentários não publicados, comentaristas preocupados com as táticas da defesa de LHS e um festival de incoerências. Esse comportamento é uma descarada confissão. De culpa.
PERIQUITO AUSTRALIANO
O Alegre Periquito Australiano | Tagarelas | Ficha
TAGARELAS
Os Psitacídeos, família à qual o Periquito Australiano pertence, em geral são faladores. O formato da boca e da laringe possibilitam essa aptidão. Só que, diferentemente dos papagaios, o Periquito Australiano emite as palavras numa velocidade maior que a ensinada, produzindo-as num tom mais agudo.
O adulto não aprende a falar. Assim, é básico começar a ensinar desde filhote. O primeiro passo, portanto, é comprá-lo recém-saído do ninho, de um criador, na época em que começar a comer sozinho. As lojas, aviculturas ou associações podem fornecer os endereços ou dar indicações. Enquanto "bebê" é necessário alimentá-lo na boca, o que o torno manso e amigo de seus "pais" adotivos. Isole-o completamente das aves e animais para que não se contamine com outros sons.
Ensinar a falar depende de determinação e paciência. Comece o treinamento com apenas uma única palavra, curta- duas sílabas - e simples, como "olá", "belo", "rico" etc... Repita-a várias vezes ao dia, em períodos de 10 a 15 minutos. Pronuncie bem de perto, pausada e claramente, com paciência e disposição. Como auxílio use um gravador. Grave e toque a palavra várias vezes ao dia, cerca de 15 minutos cada. Em geral, entre 30 e 60 dias após o início do aprendizado, o nosso aluno começara a pronunciá-la. A partir daí a assimilação será mais rápida para as novas palavras.
Existem casos conhecidos em que a ave chega a ter um vocabulário de cerca de 200 palavras. No Brasil, o criador mineiro Eberath Iken ficou famoso por ensinar ao seu Periquito Australiano 176 palavras. Ele demorou aproximadamente cinco anos. Não é preciso chegar a tanto, mas você pode ensinar o seu nome, endereço e telefone, ou seja, sua própria identificação.
Uma outra maneira de ensinar é por associação. Ao descobrir a gaiola diga "bom dia", ao apagar as luzes, "boa noite". Com o tempo, quando você fizer uma destas coisas, a ave repetirá a expressão correspondente. Dê preferência a um filhote macho. Por tradição seu canto é mais forte; ele é mais vocal. A voz feminina e a de criança funcionam melhor para ensinar, devido ao timbre mais agudo e claro.
Fonte:
http://familiapet.uol.com.br/aves/aves/periquitoaustraliano_tagarelas.htm
Caro Cesar, talvez as notas de apoio ao Sr Governador estejam saindo da maneira como você descreveu justamente porque eles não têm argumentos. Batem tanto na tecla do afastamento, mas se esquecem que o período em questão é anterior a isto, ou seja, ele ainda estava no cargo. Não há uma linha de defesa coerente simplesmente porque não defesa!
E tem o entendimento do advogado Sagaz, seguido pelos Ministros: Por que fazer propaganda em regiões diferentes das quais estavam ou seriam executadas obras?
Para as pessoas que têm algum contato com este governo, se o Governador for realmente cassado, saberão que foi ainda por pouco, pois há muito mais coelhos nesse mato...
Tio Cesar, você está se admirando que "a coligação governista tenha produzido uma peça tão negligente". Eu não. Vi muita gente boa e competente do PMDB sair correndo do Centro Administrativo em razão da truculência administrativa de Luiz Henrique. Prepotente e arrogante, ele sempre se embeveceu com as bajulações de assessores submissos e se recusou a escutar críticas, até mesmo de amigos, que poderiam tê-lo feito corrigir alguns rumos.
Argumento furado. Não falou da descentralização...
Bem que alguem, poderia ter a coragem de chegar perto do figura, e perguntar quem ta pagando as idas e vindas a Brasilia, e os honorarios dos mais e mais famosos e prestigiados Advogados da Naçao, que estao defendendo o indefensavel.
Como dizia um mote de campanha de um Dep. estadual que é muito gente boa e nao esta mais como Dep.
" MENOS PAPO E MAIS AÇAO "
CHEGA DE BLÁBLÁ BLÁ.
Parece que muito em breve saberemos se D. Luiz XV é um insigne 'partinte' ou um insigniFICANTE, he he he
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