A senadora Ideli Salvatti quando vai à tribuna, especialmente em ocasiões de grande tensão, como ontem, durante a votação da CPMF, eleva a voz como se estivesse num ginásio lotado, sem microfone. Talvez seja um hábito herdado dos tempos de militância sindical. Ela grita como se esses aparelhos que amplificam a voz ainda não tivessem sido inventados.
Mas a verdade é que ontem a gritaria foi geral. Ela não foi a única a se esgoelar em defesa da CPMF. E houve quem se esgoelasse também para argumentar contra.
Em todo caso, falar assim não é só ruim para o aparelho fonador dos gritões. É péssimo também para quem os ouve. Mas parece que muitos senadores (e parlamentares de uma maneira geral, em todos os níveis) acham que, se não discursarem aos gritos, não darão a devida ênfase a seus argumentos.
Levam ao pé da letra aquela história de “ganhar no grito”.
SACO!
E por falar na discussão sobre CPMF, não tenho mais paciência para aquele terrorismo que é usado sempre antes de cada eleição, de cada votação importante: “vocês serão responsáveis pelo caos que virá se...”
Lembram que os adversários de Lula diziam, antes da eleição, que os empresários mudariam de país, que haveria uma bagunça generalizada, que seria o fim do mundo? Era um exagero, um terrorismo de campanha.
Pois agora Lula, no governo, faz a mesma coisa: “vocês serão responsáveis pelo fim do bolsa família, pelo caos na saúde, por deixar o povo mais pobre à míngua”. Exagero. Terrorismo de campanha.
Todo mundo que acompanha a política sabe que essas coisas são ditas meio da boca pra fora e fazem parte do jogo. Mas tem muita gente que acredita que as ameaças são reais.
Teve gente que ficou com medo do sapo barbudo e acreditou na Regina Duarte. Lembram? Pois agora vejo que tem gente que acredita mesmo que é impossível governar sem os recursos da CPMF. Ou que a saúde pública ficará ainda pior do que está.
Não dá um cansaço?
Todos os parlamentares e quem acompanha a política sabe que os discursos são só para marcar posição. Usam argumentos apenas para tentar sensibilizar o pobre povo brasileiro, que não tem tempo, paciência ou recursos (culturais, econômicos ou escolares), para discernir entre o jogo de cena e a realidade política.
Entre eles, com as honrosas exceções de sempre, valem coisas muito mais concretas e pragmáticas. Defende-se o imposto do cheque num ano, combate-se sua prorrogação no outro. Fala-se agora ardorosamente contra, amanhã cantarão as 1001 maravilhas do imposto. Só depende das circunstâncias.
Até o momento em que enviei a coluna para o jornal, a votação ainda não tinha começado. E, na verdade, não faz muita diferença. Com CPMF ou sem CPMF, as coisas continuarão do mesmo jeito.
Update da madrugada: houve uma proposta de adiamento, com debates adicionais, mas à 1h06min a votação iniciou.
O governo, apesar de todo o esforço e o empenho pessoal do presidente, não conseguiu votos suficientes para prorrogar a CPMF.
O próximo capítulo promete ser emocionante: como Lula reagirá? O episódio da vaia no Maracanã mostrou que o presidente não lida bem com a contrariedade.
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*Há quem defe...
Há 4 horas
3 comentários:
Sem a CPMF, estou louca pra ver o jeito PT de governar. Sem dinheiro, com 3 mil "aspones" no Planalto e aqueles Ministérios inúteis. Nunca pensei que iria aplaudir o DEM um dia.
O caro colega a� em cima tem alguma d�vida de quem vai pagar essa conta, ou acha que os milhares de militantes petistas v�o perder sua "boquinha"?
� melhor ir preparando o seu (nosso) bolso.
O pior � que a consequencia desta acomoda�o de cargos n�o � s� financeira.
Veja coment�rio abaixo, do ministro Marco Aurelio!
A incompet�ncia dos apadrinhados gera o caos em que nos encontramos.
ab�s
Antonio Carlos
Eles já estão "enunciando": daqui a 90 dias pode ter novo imposto.
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