quinta-feira, 1 de novembro de 2007

UMA FÁBULA!

Era uma vez uma Ilha no Sul do mundo, também conhecida como Ilha da Fantasia. Ali viviam seres mágicos, que faziam com naturalidade coisas que a maioria dos mortais jamais conseguiria. Multiplicar dinheiro e bens sem ter que trabalhar muito, por exemplo.

Até que um dia, preocupada com o azinhavre que estava esverdeando as moedas da Ilha, a fada-madrinha Pof, ajudada pela outras fadas do bosque, a Mip e a Juf, prepararam uma poção mágica que lhes permitiu ver e ouvir o que aqueles seres estranhos estavam fazendo e, principalmente, como faziam.

O pergaminho onde redigiram o relatório do que viram e ouviram, secretíssimo, está guardado a sete chaves embaixo da velha figueira da praça. Mas o DIARINHO, que não é fraco e que também faz das suas, conseguiu receber, num passe de mágica, o ectoplasma do pergaminho. E tudo o que vocês lerão nesta coluna, e na de amanhã, foi retirado de lá. Shazam!

QUANTA COISA!
Pra não cansar os leitores, hoje vou contar a história de apenas um dos seres mágicos. Vamos chamá-lo de Monnaie, para evitar constrangimentos. E nos limitaremos à relação de bens que a fada Pof descobriu que Monnaie acumulou nos últimos tempos. Sempre lembrando que o nosso amiguinho era um representante eleito da comuna da Ilha e que seus ganhos anuais tributáveis (conforme declarou ao leãozinho da montanha), somaram cerca de R$ 168 mil, em 2006.

A fadinha Pof, com sua visão privilegiada, também descobriu que, nos bancos de pedra, Monnaie teve uma movimentação de cerca de R$ 1,2 milhão no mesmo período. Mesmo levando-se em conta que o expedito Monnaie ganhou uma bolada (pouco mais de R$ 100 mil) do Plano de Demissão Incentivada do banco dos duendes onde ele trabalhava, as contas custam a fechar.

A gente, que mora aqui na planície, também gostaria de poder girar, nas contas bancárias, quase dez vezes mais do que nosso minguado salário. Mas é que eles são mágicos e a gente não é.

QUANTA CASINHA!
O Monnaie, além de ser mágico, tem muita, mas muita sorte mesmo. Vejam só: era amigo, mas amigo de verdade, praticamente irmão, de gente muito generosa. Que fazia condições especiais de compra, venda e troca de apartamentos, carros e barcos. Talvez por isso, Monnaie tenha conseguido reunir um patrimoniozinho básico.

Apartamento 1: no sétimo andar do edifício Praça do Século, comprado em 2001 por R$ 140 mil e mantido no nome da construtora (sem transferir para Monnaie). A construtora, por pura coincidência, é do mesmo dono de uma revenda de veículos e de um centro de compras.

Apartamento 2: no 13º andar do mesmo edifício, um pouco maior, com vista melhor, trocado sete anos depois, troca por troca (na verdade o apto. 1 estava mobiliado e o 2, não). Grande negócio. Mágico. Em abril de 2007, Monnaie tentou trocar este apartamento por outro, no bairro de Good Christ Falls. Mas a mágica não deu certo.

Apartamento 3: em meados de 2006 o Monnaie mudou-se para um apartamento no edifício Morena Coast. Por artes mágicas, foi síndico do edifício antes de morar lá. Mas mesmo tendo sido síndico, afirma que não era proprietário (“era alugado”). Também por pura coincidência, o construtor do prédio estava ligado a negócios que tiveram boa tramitação na edilidade comunal. Em maio de 2007, Monnaie tentou vender este apartamento (que dizia não ser dele), o que obrigou a fadinha Pof a pedir à fada Juf que colocasse areia nos planos do moço.

A fada ainda conta sobre dois outros apartamentos, usados por parentes do Monnaie, igualmente enrolados quanto à sua origem. Mas são mágicas comuns, não vale a pena perder tempo com eles.

QUANTO CARRINHO!
O Monnaie, como a maioria dos seres mágicos da Ilha da Fantasia, distribui presentes para toda a família. Assim, é difícil saber o que é de um e o que é de outro. Como disse a fadinha Pof, “ui, tem aqui uma enorme confusão patrimonial”. E seus poderes mágicos ficam claros quando ele compra carrinhos com grande fé, usa-os e depois os revende por valor superior ao adquirido.

A gente, que sempre toma prejuízo quando tenta trocar o carrinho, só tem mesmo que admirar tais poderes.

Mágica 1: no dia 30 de julho de 2004, Monnaie comprou, numa concessionário de veículos de fé, uma lancha por R$ 46 mil e um Astra sedan por R$ 49 mil. Mágica das mágicas, no mesmo dia revendeu o Astra, por R$ 45 mil, para a mesma concessionária. A fadinha Pof arrepiou os cabelos.

Mágica 2: e aí, ele comprou um Ford Ecosport, em novembro de 2004, da tal revenda de fé, por R$ 55 mil e vendeu em março de 2005 pelo mesmo valor, para a mesma empresa boazinha.

Mas chega de falar em bons negócios, vamos apenas apreciar a frota do Monnaie, distribuída nesta coluna, ilustrada com fotinhas meramente ilustrativas. São os modelinhos que, no pergaminho das fadinhas, está comprovado que o Monnaie possuía no momento em que o encanto se quebrou.
Update da madrugada – Esqueci de falar num caminhãozinho que o Monnaie também tinha (tem?) e não mostrei fotinhas de vários outros carrinhos citados no relatório, anteriores a esses aí em cima ou em “test drive”. Mas acho que já deu pra ter uma idéia não só dos poderes mágicos, mas também da sorte do nosso amiguinho, né?

Durmam bem. Amanhã tem mais historinhas.

7 comentários:

Anônimo disse...

Jacaré não foi para o céu porque a boca era muito grande....

Anônimo disse...

Um "DASUM", um "ÉSO" e um´"ÉSUM" -
prá tí Ô !!! Pela coluna de hoje só posso dizer: DAS UM BANHO, ÉS O MELHOR e ÉS UM MONSTRO.
Abraços
OSVALDO PEIXOTO

Anônimo disse...

O incrível dessa história toda é que precisa explodir uma bomba para que os órgãos competentes vejam essas "pequeninas" irregularidades... Engraçado que, se um cidadão comum erra uma vírgula no imposto de renda, vai pra malha fina. Já esses seres mágicos...

Só um detalhe: o automóvel da tirinha 3, nomeado como astra sedan elegance, na imagem é um vectra.

Anônimo disse...

"Você meu amigo de FÉ meu irmão camarada... o amigo mais certo nas horas incertas...."

Anônimo disse...

O amigo objeto desse bem humorado post deve a receita federal por movimentação bancária e patrimonio a bagatela de R$ 200.000,00.

Ele devia ir para a cadeia. Claro! Junto com ele deve ir tb as empresários corruptores.

Tanto os da Fé como o do Santo. O do Santo aliás bateu o record de cara de pau. Ele diz que o dinheiro verde é um assunto superado. Superado pra quem cara palida? Pra mim, pra justiça e pra sociedade não está. Deviam investigar tb o dinheiro da santivest que durante muitos anos era administrado..... por quem mesmo?

Deixa pra lá e bom fim de semana pra todos.

Pedro de Souza

Anônimo disse...

Dá uma olhada tb num certo apto em que o Dumbledore morou emprestado, la pelas bandas da Praça dos Galhos, que foi comprado de uma construtora bem espaçosa que construía para o Leva-e-trás. Vê quem era o Diretor do Leva-e-trás e o dono do apartamento. Esse assunto tb é bom.

Cesar Valente disse...

Pois é, meu conhecimento de veículos fica na área do Ka, do Celta, do Fiesta, do Gol. Passou pra Astra e Vectra, já me atrapalho todo. Ainda mais de traseira.