quarta-feira, 14 de novembro de 2007

COMUNICAR-SE

Todo mundo acha que sabe se comunicar, todo mundo pensa que entende esta arte vital e complexa. Muita gente até acredita que, diante de um computador e de programas tipo “faça-você-mesmo”, qualquer idiota pode produzir folhetos, cartazes, jornais, livros e revistas.

Desprezam o conhecimento acumulado e codificado ao longo dos séculos, como se a comunicação fosse um dom inato. Já que qualquer um pode se expressar, falando, gesticulando, até mesmo escrevendo, não haveria por que imaginar que exista ciência nisso.

De fato, como a comunicação supre uma necessidade vital do ser humano (se duvidar, conseguimos ficar mais tempo sem comer do que sem saber o que está acontecendo na esquina) e temos vários instrumentos que podem ser usados para isso, a coisa parece muito fácil e natural.

Só que, para que uma pessoa entenda exatamente o que a outra quer dizer, da forma como a outra quis dizer, não basta articular algumas palavras e dizê-las. Também não é suficiente encadear frases impressas num papel.

Ou vocês não estão cansados de ouvir, ou de dizer, “pera aí! não foi bem isso que eu quis dizer!”? Os malentendidos que ocorrem a todo momento, em todos os níveis, ajudam a demonstrar que é preciso cuidado e técnica para dizer as coisas, de tal forma que as pessoas que a gente quer que as entendam, compreendam do modo correto.

É por isso que, desde que o relacionamento das empresas e do governo com o público começou a se sofisticar, surgiram especialistas em comunicação. Gente que, com seus conhecimentos, poderia ajudar a reduzir a distorção que naturalmente ocorre quando se diz ou deixa de dizer alguma coisa.

Só que, ao longo do tempo, esse papel fundamental dos especialistas e estudiosos do fenômeno da comunicação, foi se perdendo e distorcendo. E hoje vemos que empresários, políticos e público em geral, não vêem necessidade de assessorar-se adequadamente.

Onde há um cargo de assessor de imprensa por decreto, como nas repartições públicas, emprega-se qualquer um. Geralmente um radialista conhecido, ou uma repórter de TV, ou um amigo de alguém. Ninguém sente necessidade de que o ocupante desse cargo tenha uma formação mais apurada. Basta ter um cursinho Walita de jornalismo e, de preferência, aparecer na TV, para se transformar imediatamente em especialista.

Na prática, essa turma acha que pronunciar direito as palavras, usar um terno bem passado e cabelo arrumadinho é suficiente para que a comunicação se dê. Ledo engano: emitir a mensagem é apenas uma pequena parte do processo todo. O processo da comunicação só pode ser considerado completo quando o público que queremos atingir tiver entendido, exatamente do jeito que desejamos, o que gostaríamos que ele entendesse. E pra isso, não basta ter voz bonita e ser famoso.

Aí, quando a gente não consegue entender direito o que o governo quer dizer, quando a empresa, por melhor intencionada, aparece diante dos consumidores como uma odiosa e insensível usurária, ninguém imagina que as escolhas na área de comunicação possam ter algo a ver com isso.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pô César, boiei nessa. Queremos nomes...indícios...

Anônimo disse...

Pois bem, seu César. Nome aos bois, por favor. Este não é o teu perfil. Estamos querendo sangue... hehehe.