sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

SEXTA

Ontem à uma da tarde fui visitar o Bonson no Hospital Universitário. Levei a coluna, toda dedicada a ele, impressa a cores, em papel brilhante. Sedado, ele já não conseguia falar, mas aparentemente ouvia alguma coisa, porque virava a cabeça na direção da voz. Contei que a gente estava torcendo para que ele saísse dessa. E as amigas e parentes que o estavam cercando de carinho ficaram de mostrar a página pra ele mais tarde, quando o efeito dos remédios diminuisse.

Às cinco em ponto da tarde uma cunhada dele ligou, contando que nosso amigo tinha acabado de morrer, consumido pelo câncer. O enterro será hoje cedo, no cemitério do Itacorubi, em Florianópolis.

O BOM BONSON
Quem trabalhou em O Estado nos chamados bons tempos, aqueles em que o “nosso” jornal chegava até a fronteira com a Argentina, não esquece jamais daquela figura doce e engraçada, o chargista da casa. O Bonson serpenteava por entre as mesas da redação, conversando com editores e repórteres, em busca de informações sobre os melhores assuntos do dia. A edição do dia seguinte podia contar com ele e nós, editores, com o resultado eficiente do seu trabalho. Uma doçura de pessoa e de companheiro de redação.
Mário Medaglia


COM BETO E LENNON
Cesar, eu não acreditei quando li tua mensagem com a triste notícia. Estava abrindo o computador para te dar parabéns, pois a página no Diarinho ficou digna do Bonson. Tinha humor e respeito.

O fato é que estamos muito mais pobres a partir de hoje. Tenho a certeza de que, se existe mesmo um outro mundo, nosso amigo vai deixá-lo alegre e colorido.
Beto Stodieck e John Lennon bem poderiam fazer uma grande recepção pro Bonson, né?
Bea Porto


UM NOVO COMEÇO
Uma pena. Uma pena mesmo. Sinto muito sua morte. Por uma incrível coincidência, na hora em que recebi a notícia, no exato momento, estava ouvindo "Start me Up" dos Rolling Stones, a banda preferida dele. Não era a que ele mais gostava – Satisfaction sempre – mas não deixa de ser uma ironia.

Na última vez que a gente se falou, há um ano, talvez menos, notei que ele estava muito desiludido, triste, reclamando das opções que tinha feito na vida. Espero que haja um novo começo lá em cima – preciso acreditar nisso ou a vida aqui ficaria insuportável. E que o Bonson faça o pessoal lá de cima divertir-se tanto quanto divertiu a gente aqui embaixo.

Hoje vou tomar umas e outras, como ele diria, e fazer um grande brinde a esse amigo querido.
Fábio Veiga


UM TRAÇO ILHÉU
O Soiza, a Valdirene e outros traços vivos de seu repertório vão ficar para sempre no imaginário dos verdadeiros ilhéus. Sem falar na sua mais recente missão: retratar a ilha em aquarelas que lembram Paris.
Neno Brazil


MAIS BONSON NO DIARINHO (www.diarinho.com.br, para assinantes, ou nas bancas)

PARLAMENTARES RADIALISTAS
Foi instalada na Câmara uma “Frente Parlamentar da Radiodifusão”, com mais de 100 deputados. Nada mais apropriado, uma vez que mais da metade das concessões de rádio e TV do Páis pertencem a políticos ou seus familiares. O líder é Ivan Ranzolin (PFL-SC), ele próprio dono de emissora de rádio.

Para consumo externo, o objetivo da frente é barrar a concessão de autorização para funcionamento de emissoras comunitárias e corrigir a excessiva concentração em algumas regiões.

Para nós, que não nascemos ontem, soa como se suas excelências estivessem querendo evitar o crescimento de potenciais concorrentes. E garantir que nenhuma modificação na legislação venha a atrapalhar o crescimento de seus negócios. Assim, de longe, a tal Frente parece ser fundamentalmente corporativa. Agora vai ficar muito mais difícil mexer na concentração da propriedade dos veículos de comunicação.

POBRE TV PÚBLICA
Enquanto Ranzolin e os deputados se organizam para defender seus interesses na radiodifusão, a única emissora pública de TV de Florianópolis vive à míngua.

A TV Cultura, canal 2, além de uma crônica dificuldade para obter recursos para sua manutenção, sofreu muito tempo com uma administração desastrada e amadora. Os reitores da UFSC e da Udesc (entidades mantenedoras da TV), entregaram a direção para uma professora universitária sem qualquer experiência na área.

Com isso, o que já era difícil (tocar um canal de TV sem recursos) ficou impossível, embora tragicômico. E hoje, a Assembléia Legislativa realiza, a partir das nove da manhã, uma audiência pública para debater esses problemas.

O DIARINHO TEM PODER!


Acompanhamos, durante a semana, a novela do buraco na Av. Madre Benvenuta, esquina com Eurico Hosterno. A vizinhança estranhou porque tudo aconteceu mais rápido do que o normal. Não gosto de me gabar, mas, por coin-cidência, depois que a gente começou a falar no buraco, não teve um dia em que alguém não aparecesse pra fazer alguma coisa.

Claro, naquele passo de cágado tradicional: depois de ficar vários dias abandonado, vertendo água, na segunda um sujeito cavocou ainda mais e consertou o vazamento. Na terça, apareceu alguém para tapar o buraco. Na quarta veio a turma especializada em recolocar lajota. E finalmente ontem apareceu uma equipe para recolher a terra que sobrou. E, tecnicamente, a novela terminou. Como, segundo os vizinhos, o vazamento foi notado pela primeira vez na terça-feira, dia 29 de novembro, esse buraco levou “apenas” nove dias para ser consertado. Bem menos que os 15 dias regulamentares.

E isso que nós estamos numa área “nobre” da cidade. Imagina o que não sofre o pessoal da periferia...

Um comentário:

Anônimo disse...

e agora??? estou lendo seus depoimentos...que por sinal, mostram-se muito interessantes.. as charges me "COMOVERAM"... vou linkar voce!
Abraço!