sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

SEXTA

POLÊMICA NATALINA
O padre Márcio, aqui de Florianópolis, está indignado com o Shopping Beiramar, que baniu os símbolos cristãos da decoração natalina. Usaram ursinhos, pingüins, gatinhos e não deixaram nem uma estrela para lembrar que, antes de ser a festa dos comerciantes, o Natal deveria comemorar o nascimento de Cristo.

Na verdade, o padre está apenas percebendo uma tendência internacional. E da mesma forma que ele, em outros países grupos religiosos se movimentam para que o Natal (que em inglês tem Cristo – Christ – no nome: Christmas) volte a ser cristão.

Uma das coisas que o pessoal tem implicado, nos Estados Unidos, por exemplo, é que para não ofender clientes não cristãos, as lojas estão deixando de desejar “Merry Christmas” (Feliz Natal) e substituindo por “Happy Holidays” (algo como Feliz Feriado) em suas mensagens publicitárias.

A estrela-guia, os reis magos e o presépio, alguns dos símbolos mais fortes do significado cristão da festa, estão sendo deixados de lado.

SÍMBOLOS PAGÃOS
O Natal, em todo caso, desde suas origens, convive com essa polêmica sobre sua simbologia. Essa época de festas de dezembro antecede o nascimento de Cristo. Ligado ao solstício do inverno e ao festival do “sol invencível” romano, o feriado do dia 25 foi assumido pelos cristãos a partir do século quatro.

E a árvore de Natal, então? Não tem nada a ver com o cristianismo ou com Jesus. É um símbolo pagão dos festivais de inverno alemães.

CARAVELLAS À DERIVA
A Justiça Federal paralisou a construção do Residencial Caravellas no Pântano do Sul, na Ilha de Santa Catarina. A decisão suspende a licença da FATMA e o alvará municipal e fixa multa de R$ 200 mil para punir o descumprimento.

O condomínio está sendo construído sobre banhado, restinga litorânea e um ecossistema protegido por lei, porque associado à mata atlântica. Mesmo assim, o IBAMA, a FATMA e a prefeitura deram o OK.

A procuradora da República Analúcia Hartmann, diz que propôs a ação atendendo as queixas dos moradores da região. Segundo ela, o empreendedor, muito vivo, dividiu o loteamento em quatro para efeitos de licenciamento ambiental, mas na verdade se trata de um só e bem grande.

Não deixa de ser grave que os órgãos que deveriam cuidar do ambiente tenham suas licenças questionadas: significa, no mínimo, que não trabalharam direito. E, na pior das hipóteses, que atenderam interesses contrários àqueles que deveriam proteger.

BAÚ DO PAPAI NOEL
Um caminhão baú foi a condução que o Papai Noel municipal usou em Florianópolis para distribuir às crianças dos bairros mais pobres cerca de 31 mil brinquedos. Os presentes foram arrecadados na Casa do Papai Noel (na praça XV) e comprados com o dinheiro da venda de biscoitos na cozinha da Mamãe Noel (que fica, é claro, na casa do Papai Noel).

Já que o ano é eleitoral, a secretária-esposa-candidata Rose Berger ia à frente do caminhão, para dar a sua faturadinha.

FERIADÃO
Hoje os servidores públicos estaduais e de muitos municípios já estão de folga, para alegria dos comerciantes, que esperam que todo mundo vá torrar o 13º e se endividar nas últimas horas de lojas abertas.

Os servidores estaduais só voltam ao batente dia 3 do ano que vem. O que não é tanto tempo assim, também. Até parece que o pessoal que reclama dos tais “pontos facultativos” teria assuntos urgentíssimos para tratar nas repartições estaduais dia 27 ou 28.

MULHER NÃO TEM VEZ
O site Congresso em Foco fez uma extensa reportagem sobre a participação feminina no parlamento nacional. Dos 513 deputados, só 46 são mulheres e entre os 81 senadores há dez mulheres.
Além disso, elas ficam de fora dos melhores postos de decisão e liderança no legislativo.

A deputada Juíza Denise Frossard (PPS-RJ) afirma que aquilo é “uma casa de machos” e reclama: “eles nos ignoram e não nos chamam para os debates dos temas importantes”.
A discriminação começa bem antes, ainda nos diretórios municipais dos partidos, que só pensam nas mulheres como força auxiliar e como um traste que serve para cumprir a cota de 30% das candidaturas. Machistas e antiquadas, as estruturas partidárias chegam a achar que a mulher não tem “estrutura” para enfrentar uma campanha política.

“Imagina se é possível uma mulher casada ficar fora de casa, viajando, por várias semanas, no meio de homens”, comentou comigo um velho político, que não é homem o suficiente para permitir que eu o identifique. No fundo, o que parece, é que a homarada morre de medo que as mulheres, como está acontecendo na Suécia, tomem conta e mostrem que são melhor preparadas e tão competitivas quanto.
O endereço para ler a matéria é www.congressoemfoco.com.br.

MENSALEIROS
Já que estamos recomendando material de leitura na internet, para as horas calmas do final de semana, tem uma outra muito boa. É um artigo do Cláudio Weber Abramo, diretor da ONG Transparência Brasil, que combate a corrupção. Um trechinho:

“A turma está defecando no cérebro brasileiro coletivo. Esses mensaleiros vão a jantares, estouram garrafas de champanhe, articulam-se, continuam a negociar cargos mesmo depois de terem renunciado ou sido cassados”.

Para ler o artigo é só dar uma chegada ao Blog do Noblat (www.noblat.com.br) e abrir a seção artigos. E vá olhando pelo caminho, tem muita coisa boa por lá.

Tirem as crianças da sala:
não fazem mais papais noéis como antigamente...


CARTA-RESPOSTA DO PAPAI NOEL

Minha querida:

Recebi sua cartinha e fiquei muito feliz em saber que você, apesar de adulta, ainda acredita que eu possa lhe trazer um pouco de alegria. Às vezes fico um pouco cansado de ler cartas que só pedem riquezas e bens materiais. Mas a sua não, a sua é uma bela cartinha, cheia de esperança e muito generosa, ao pensar também em outras pessoas. Sinto que você é uma pessoa boa, que tem se portado bem e que por isso merece uma atenção especial.

A vida de Papai Noel não é fácil. Desde que Mamãe Noel resolveu repensar a relação e experimentar coisas novas cantarolando aquela música do Paulinho da Viola ("ao seu lado não me sinto muito criativa, tenho asas, meu amor, preciso abri-las"), as salas e quartos dos meus Palácios de Verão no Polo Norte e de Inverno no Polo Sul não foram mais as mesmas.

Aquele silêncio obsequioso que reinava, quando Mamãe Noel estava em casa, foi substituído por uma certa balbúrdia controlada, de jovens seminuas correndo para lá e pra cá, música alta e os elfos, meus ajudantes, meio confusos, sem saber se serviam a cerveja ou olhavam para a bunda das visitas.

Essa vida de amores inconstantes e muito esforço físico, como sabes, cansa. Estou precisando atracar minha velha lancha em um porto mais tranqüilo. Enquanto não encontro, só me resta procurar, no horizonte, algum sinal de terra firme. E a tua cartinha, minha querida, pode ter sido um desses sinais. Por isso apressei-me em respondê-la e ao mesmo tempo fazer um convite: por que a gente não se encontra pessoalmente para trocar uma idéia? Não seria legal?

A gente podia tomar um chá, uma coca light com limão ou um champagne, comer uns petit-fours, saborear uns queijinhos ou jantar à luz de velas.

E quem sabe neste Natal nós dois não teríamos nossos desejos realizados? Você ganhando casa, comida, roupa lavada, carro na garagem, jardineiro musculoso e dinheiro no banco, como estava na sua cartinha e eu ganhando o seu lindo coração, aliás muito bem protegido por esses simpáticos monumentos que aparecem na foto que estava no envelope. Que tal? Topas?

Beijos, Santa.

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