quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

QUINTA

LHS PREPARA O TROCO
Mesmo atingido por um golpe dado pelo PP e encaminhado pelo juiz Paludo, LHS não perde a pose. Ontem, em Matos Costa, no norte do estado, ele colocou seu chapéu de Indiana Jones e fez festa para inaugurar uma ponte que custou R$ 60 mil e entregar uma ambulância que custou R$ 70 mil.

Ao atravessar a ponte recém-inaugurada, nem viu (ou fez que não viu) que, às suas costas, as coisas estavam é pegando fogo.

Os advogados do escritório do deputado Blasi estão preparando a defesa para derrubar a liminar e devem dar entrada hoje.

LHS diz que não liga pro bloqueio dos bens “só tenho uma casa e não tou querendo vender” e que a propaganda oficial não é focada nele. Isso pode fazer com que a derrubada da liminar seja só uma questão de tempo.

Mas, quanto ao texto da ação, vai ter troco. O que deixou o governador muito mordido foram os termos desaforados e ofensivos com que o PP escreveu o troço. E que o juiz, na sentença, utilizou, ao citar alguns trechos.

LHS pretende acionar os deputados do PP pelo excesso de adjetivos ofensivos que enfeitaram o texto que eles assinaram. Diz que não vai fazer qualquer retaliação contra prefeitos do PP, mas que os deputados vão ter que se ver com os advogados dele.

A FONTE SECOU

O governo suspendeu toda a publicidade oficial até o começo de janeiro e ainda está pensando se volta a anunciar. Indiretamente, quer pressionar jornais e TVs a se posicionarem quanto à ação do PP. Como o DIARINHO não depende da grana oficial, pode assistir a essa briga de camarote.

DE OLHO NO CUn
O Conselho Universitário (CUn) da UFSC decide hoje como fica o calendário escolar depois da greve dos cem dias. Uma paralisação desse tamanho atrapalha a vida de milhares de estudantes e suas famílias, porque muda a data das férias, das formaturas e terá reflexos até o ano letivo de 2007.

CDL NA CONTRAMÃO
Em Criciúma uma rede de lojas achou que o movimento tava fraco e resolveu fazer uma liquidação. Os clientes adoraram. Mas o CDL de lá chiou. Decerto os nobres dirigente lojistas acham que a livre concorrência é uma bobagem e preferem agir como um cartel, ferrando os consumidores.

INTERROMPEMOS O SEU JORNAL PARA JOGAR CONVERSA FORA

Você está lendo um jornal, meu amigo, minha amiga, por motivos particulares. Eu não tenho nada com os seus motivos para ler jornal. Você fica sabendo do que aconteceu ontem no mundo, tem detalhes do que viu na televisão. Você sabe das coisas da sua cidade, como vai a administração, quais os buracos que estão abertos. Sabe quem morreu, dá palpites sobre quem matou, afinal, você está lendo jornal, em último caso, para se informar.

Agora eu gostaria de saber, sinceramente, por que você está lendo esta crônica? Aqui não há a notícia, a informação quentinha, a novidade. Aqui não há a fotografia que diz tanto. Aqui não estão os nomes dos conhecidos, envolvidos neste ou naquele fato. Há alguma razão para que as pessoas leiam crônicas? As pessoas lêem crônicas ou os cronistas apenas pensam que elas são lidas?

Mas antes que vocês respondam, acho que seria bom um de nós, que escrevemos, contar por que escrevemos crônicas. O que nos levaria a faIar com vocês utilizando-nos desta forma tão discutível de literatura?

“É FÁCIL”
Um dia parei perto de mim mesmo num canto escuro da rua e pensei que estava com muita vontade de fazer profissionalmente aquilo que sempre fiz: escrever. Mas eu disse para mim mesmo naquela mesma ocasião que há muitas maneiras de ganhar a vida honestamente escrevendo. Claro que nenhuma delas pode supor a expressão “ganhar a vida” como é entendida, geralmente. Quem escreve sabe que obter o mínimo necessário para sobreviver já é “ganhar a vida”.

Pois bem. Entre a poesia e o conto, meio enredada entre outros tantos gêneros literários, meio indefinida, estava lá, perdida, abandonada, a crônica. Aparentemente é facílimo escrever uma crônica. Mesmo quase diariamente ou ainda diariamente. Aparentemente é fácil escrever livremente, escolhendo os assuntos, descomprometido com rigorismos ou seriedades senis. Aparentemente é uma delícia escrever jovialmente, fazer piadas, divagar, pensar alto, enfim, cronicar.

“SÓ LOUCO”

No início é realmente fácil. Mas o tempo passa, a gente vai, encontrando esta, aquela, aquela outra, pessoas que leram crônicas que nós, tão despreocupadamente, escrevemos. Quando um leitor de crônicas é apresentado ao autor de crônicas geralmente leva um susto: “Mas é esse cara aí?” E naturalmente é um cara que o leitor encontrou na rua, no ônibus, na praia, um monte de vezes.

Só não sabia que na calada da noite o cara dá um grito, “Shazam”, e se transforma em mais um misterioso, monolítico e chato autor de crônicas. Na certa, pensa o leitor, o sujeito vara madrugadas pipoqueando numa máquina de escrever (computador é coisa para os jovens), sempre meio bêbado, completamente louco. Sim, porque tem que ser louco para escrever o que nós escrevemos e assinar em baixo (ou em cima).

Mas é claro que ninguém acredita de verdade nessas idéias. Exceto no fato de que a gente é, de fato, meio doido. E, quem sabe, até bem esquisito.

“QUE MEDO!”
Fazer jornal é uma loucura. Fazer literatura é outra loucura. A crônica, segundo entendo, não funciona fora do jornal e fora do seu tempo. Um livro de crônicas é apenas uma capela de velório, onde vamos prestar homenagem a ilustres crônicas mortas.

Um jornal é o retrato em corpo inteiro do momento e lá, a certa altura, um espaço se abre e uma pessoa descreve, com letras, palavras e sentimento, como está vivendo o mundo que o jornal mostra. Pode ser que não fale em coisas atuais, pode ser que não pareça com nenhum dos modelos de crônica dos livros de colégio. Mas o cronista tem por norma de serviço ouvir o mundo, e seus habitantes.

Pelos dedos sai então o desabafo, a respiração, a ternura, o ódio, o retrato da paz, o retrato da denúncia. Com maior ou menor força, dependendo dos medos do autor. Porque vamos falar sério: que medo as pessoas têm da verdade! Fecham os olhos para não vê-la, mas antes preferem calar a boca de quem a diz.

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