quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

QUARTA

É SÓ UM TAPETINHO MESMO...
O que é um tapete? É um pedaço de tecido que se coloca sobre um piso, para enfeitar ou proteger. Não se pode exigir, de um tapete, a resistência e a durabilidade do piso sobre o qual ele está instalado. Acho que é exatamente esse o conceito da tal “Operação Tapete Preto” da prefeitura de Florianópolis.

A capital, tradicionalmente, tem tido suas ruas asfaltadas assim: um tapete sobre o paralelepípedo. Entendiam os planejadores urbanos de antigamente que paralelepípedo era atraso e asfalto era progresso. Com o passar dos anos, os engenheiros e urbanistas mais estudados descobriram que não é bem assim.

O asfalto impermeabiliza o solo, cria problemas de drenagem, aumenta o calor do ambiente. Já as pedras só causam um problema: fazem os automóveis trepidar quando estão desalinhadas.

Em todo caso, quando a gente vai trocar o paralelepípedo pelo asfalto, precisa tirar as pedras, arrumar o chão que vai apoiar o asfalto e revisar ou mesmo ampliar a rede de drenagem pluvial, porque o asfalto vai criar enxurradas maiores quando chover.

Mas nesses “asfaltamentos” de ano pré-eleitoral, só se coloca um asfaltinho sobre as pedras pra dar uma nivelada e depois uma outra camada de asfalto que fica lisinha e bonitinha por algum tempo. Até começarem a abrir para consertar defeitos na tubulação que não foram consertados antes. Até o solo começar a ceder por causa de vazamentos da tubulação antiga. Até os buracos começarem a aparecer por causa da camada excessivamente fina de asfalto.

Uma vez, anos atrás, fizeram uma coisa interessante em Florianópolis: asfaltaram umas ruas que eram calçadas a lajota. Primeiro retiraram as lajotas, prepararam o solo e depois asfaltaram, tudo direitinho. E as lajotas retiradas foram utilizadas para pavimentar, praticamente de graça, ruas de bairros pobres que ainda não tinham calçamento.

Como em tudo, sempre se pode fazer do jeito certo ou do jeito errado. O problema é que às vezes, pra fazer certo, leva mais tempo. E a eleição já é no ano que vem.

GA$OLINA NAS NUVENS
Florianópolis tem a gasolina mais cara do mundo. Pode não ser exatamente isso, mas pra gente, que mora aqui e tem que abastecer o carro aqui, é o que parece. Se a gente vai a Tijucas, a Santo Amaro, a Itajaí, já encontra preço menor.

Os postos daqui aumentam os preços a qualquer pretexto (agora é o aumento do álcool).
E nunca reduzem o preço. Mesmo quando nos postos do País inteiro o combustível baixa um pouco.

Até o Ministério Público já tentou dar um jeito nessa bagunça. Mas o mercado é livre e não se pode tabelar os preços. O que seria mais fácil de administrar se houvesse livre concorrência.

SEM CONCORRÊNCIA
Isso é o pior de tudo: um cartel mantém os preços de todos os postos rigorosamente iguais. Não tem essa de escolher o posto com menor preço. Os que tentaram fazer preço diferente sofreram ameaças e tiveram que desistir.

Pra “animar” todo mundo, o presidente do Sindicato dos postos ainda foi aos jornais dizer que “o aumento do álcool pode ser maior que o previsto porque muitos postos estão trabalhando sem margem de lucro e precisam equilibrar suas contas”. Ou seja, para que eles arrumem suas contas e ampliem suas margens de lucro, a gente vai ficar no prejuízo. Como sempre, aliás.

O AMOR É LINDO!
Abraçadinhos e loucos de felicidade, o deputado Afrânio Boppré (d) e o professor Plínio de Arruda Sampaio (e) não param de rir desde que saíram do PT. Foram para o PSOL, onde aparentemente o karma é mais leve. Plínio é um lendário esquerdista cristão, cassado em 64, exilado, fundador do PT, intelectual renomado, político atuante e agora está em Santa Catarina para debates sobre política. Amanhã em Itajaí (na Univali) e na sexta em Florianópolis. Sempre de mãos dadas com seu fiel companheiro Afrânio.

A CIDADE EM QUESTÃO
Hoje o Movimento FloripAmanhã faz uma reunião do seu Conselho Consultivo, com a apresentação de relatórios das oito Câmaras Setoriais e dos projetos especiais. É interessante ver que entre os coordenadores se encontra tanto gente ligada ao ex-governador Esperidião Amin quanto ao atual governador LHS. Naturalmente, a presença mais notada é a da Diretora Geral da Secretaria de Estado do Planejamento, Anita Pires. Imagino que ela tenha sido convidada mais por causa das relações comerciais de suas empresas com o Costão do Santinho (Fernando Marcondes de Mattos dirige o FloripAmanhã), do que propriamente por ser do PMDB.

Essa ONG, criada há alguns meses, reúne conhecidos líderes empresariais da cidade (embora goste de dizer que não é uma ong só de empresários).

OS PERSONAGENS
Estes são os coordenadores das Câmaras Setoriais do FloripAmanhã: Planejamento da cidade – Carlos Alberto Riederer; Cultura – Lélia Pereira da Silva Nunes; Esporte – Mário Petrelli Filho; Náutica (marinas) – Márcio Schaefer; Tecnologia – José Fernando Xavier Faraco; Turismo – Anita Pires; Segurança – Aroldo Boschetti Soster; e meio ambiente – André Freysleben Ferreira.

E os projetos especiais que a entidade está tocando ou apoiando são o planejamento naútico da Ilha, o sistema de saneamento, a ampliação do aeroporto Hercílio Luz e o Sapiens Parque.

O lado bom dessa e de outras ongs (existem milhares em Florianópolis) é que mexe com a pasmaceira e faz a comunidade, ou parte dela, acordar. A cidade só pode melhorar se a maioria resolver meter a mão na massa e a boca no trombone.

A NOVELA DA MADRE BENVENUTA
Ontem colocaram umas pazadas de asfalto nos buracos na pista e encheram de terra o buraco da Casan. Às quatro e pouco já não tinha mais ninguém trabalhando. O expediente decerto começa cedo e acaba cedo. Ainda falta recolher a terra que sobrou e refazer o calçamento de lajotas. Mas isso, é claro, é com outra equipe. Que virá outro dia. Como contei ontem, a novela desse buraco começou há uma semana. Os vizinhos estão estranhando que está indo “muito rápido”. O normal é essa operação “complicadíssima” durar mais de quinze dias.

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