quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

QUARTA

ESPECIAL: NA ESTRADA COM O TIO CESAR


Nesta semana vocês e eu estamos viajando, sem gastar muito, pelo Mercosul. A primeira parada será Montevideo, a bela capital uruguaia.

Saímos de Florianópolis no começo da tarde, num ônibus da Eucatur/Catarinense, daqueles de dois andares, que tem classe executiva em cima e leito embaixo. Chegamos em Porto Alegre às nove da noite, a tempo de pegar, uma hora depois, o ônibus da EGA para Montevideo e viajar a noite inteira.

RUMO AO ESTRANGEIRO

Teoricamente, basta a carteira de identidade para viajar para os países do Mercosul. Não é bem assim: a carteira de identidade precisa ser recente e não pode estar maltratada, desbeiçada ou com o plástico descolando. Outra opção é usar o passaporte, desde que ainda seja válido por um ano ou mais.

Portanto, antes de ir à rodoviária comprar a passagem, é preciso verificar as condições da sua carteira de identidade. Ou do passaporte.

Procure chegar no mínimo meia hora antes de embarcar no ônibus que vai fazer a travessia da fronteira, para dar tempo de cumprir a burocracia.

POR QUE O URUGUAI?
O Uruguai tem muitos pontos positivos, além da proximidade. O câmbio nos favorece, os preços são razoáveis, Montevideo é uma capital civilizada, com excelentes bares e restaurantes e os uruguaios são muito simpáticos e adoram Florianópolis e o Brasil.

Dez reais se transformam em cerca de cem pesos. Cem reais valem mil pesos (960, pra ser exato). A gente fica instantaneamente com a sensação de que está dez vezes mais rico.

Claro que, ao pagar, a gente nota que não é bem assim, mas não deixa de ser interessante ver o dinheiro da gente valer mais. As coisas custam, em média, um pouco mais barato que no Brasil.

O ÔNIBUS BARULHENTO
Marcopolo é um fabricante brasileiro de ônibus. Fez o ônibus excelente que nos trouxe até Porto Alegre. E fez também esse, da empresa uruguaia que vai nos conduzir durante a noite. São até do mesmo modelo.

Como não tenho muita experiëncia com ônibus rodoviário, achei que, pra passar a noite viajando, seria melhor pegar uma poltrona leito, no andar de baixo.

Afinal é maior, deita mais, tem menos gente, custa mais caro: deve ser melhor, certo? Errado!

Tinha um troço do ar condicionado, uma espécie de aspirador gigante, que fazia um barulho infernal e tornava a pequena sala com seis poltronas-leito, uma espécie de câmara de torturas.

Não adiantou a empresa servir lanchinho, aperitivo, sanduíches, bebidas (tinha uísque, vermute, vinho, refrigerante, mas nada de cerveja) e um café da manhã bem razoável: o barulho do ar condicionado deixou a cabeça zuniando o dia inteiro.

Vou escrever uma carta para o seu Marcopolo, que eu sei que mora em Caxias do Sul, reclamando das onze horas mais barulhentas dos últimos tempos.


ESSES ITALIANOS...
Um dos principais cartões postais de Montevideo é o Palácio Salvo. Hoje tem pouco de palácio, é apenas um edifício antigo, mas que ainda impressiona por suas linhas e seus quase 30 andares (na foto acima). Foi construído pela família Salvo, comerciantes de origem italiana, que chegaram ao país em 1860.

Começou a ser construído em 1923, com projeto do arquiteto milanês Mario Palati, que vivia em Buenos Aires, onde tinha construído o Palacio Bartolo, uma espécie de versão menor do que pretendia fazer em Montevideo.

Foi a primeira obra, no Uruguai, a utilizar o concreto armado e os operários, na sua maioria italianos, trouxeram novas técnicas de montar os andaimes.

Inicialmente o prédio teria dez andares e uma cúpula de quatro ou cinco andares. Só que ao chegar ao décimo andar, viram que os andaimes e a estrutura estavam tão firmes, que resolveram continuar: “o céu é o limite!”, pareciam dizer.

E os arquitetos foram desenhando os andares à medida em que o edifício ia subindo. Pararam quando chegou a 120 metros. Era o mais alto da América Latina e transformou-se num dos orgulhos dos urugaios.

O OUTRO URUGUAI
Soube ontem que o Cacau Menezes, colunista daquele jornal gaúcho que circula em Santa Catarina, está em Punta del Este, um balneário ao norte de Montevideo. Punta é uma espécie de Miami, de Jurerê Internacional, de praia para ricos e famosos se exibirem.
Não é uma boa amostra do Uruguai de verdade. Embora seja bonita, bem arrumada, bem cuidada. A gente vê Punta ao chegar (o ônibus passa por lá, perto das oito da manhã).


ESSES BRASILEIROS...
Um dos cafés mais famosos e antigos de Montevideo é o Sorocabana. O imponente prédio da foto acima é conhecido como Edificio Sorocabana porque ali, durante muitos anos, funcionou o Café. O edifício é de 1929 e na década de 30 Getúlio Vargas estimulou os produtores de café brasileiros a atuar com mais agressividade nos mercados internacionais.

Em torno do café brasileiro, o Sorocabana transformou-se num ambiente que reunia intelectuais e artistas de todo tipo, num dos mais oxigenados centros de debate e política de Montevideo.

O prédio fica na Plaza Cagancha, bem no centro, próximo à estátua da Liberdade, mas o café não existe mais.
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AMANHÃ: O MERCADO DO PORTO E A MANIA DE TOMAR CHIMARRÃO.

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