sábado, 31 de dezembro de 2005

FINAL DE 2005, DOMINGO E SEGUNDA

PREPAREM-SE!
Está para começar um ano completamente novo. Já não era sem tempo, mas em todo caso, sempre dá um frio na barriga saber que não sabemos nada que o novo ano trará.

Ou algum de vocês, em 31 de dezembro de 2004, imaginava o que iria acontecer em 2005?
E nem adianta os videntes e as bruxas dizerem que morrerá alguém famoso, que o Brasil deixará de ser o país do futuro ou que Sílvio Santos será presidente. A gente, que já viveu algumas décadas, sabe que não tem como saber o que vai acontecer.

A única coisa que a gente pode fazer, nessas últimas horas de 2005, é se preparar para o melhor. Porque para o pior estamos sempre preparados. Preparar-se, por exemplo, para votar em gente de bem, para mostrar, com o voto, que não estamos brincando.

O ANO JÁ COMEÇOU
O problema é que os partidos e as cúpulas partidárias já definiram quem serão os candidatos. Pode ainda haver algum acerto nos próximos meses, mas o básico está definido. E a gente não participou dessa montagem, porque nos ensinaram que o povo só participa votando nas eleições gerais.

Em muitos casos, pode ser tarde demais. Não adianta termos a melhor boa vontade para eleger gente honesta e capaz, se os candidatos que os partidos nos apresentam são umas bostas, uns bocas-moles falastrões, além dos nossos velhos conhecidos.

OTIMISMO E LUTA
Uma das correntes mais famosas da esquerda brasileira era a Liberdade e Luta (a Libelu). Tirante o que fizeram dela, o nome é muito bonito. Nada se conquista sem luta. Mesmo o otimismo que podemos ter para esperar o novo ano, precisa ser ajudado por uma disposição para ir à luta.

Querer ser feliz, levantar a cabeça, respirar fundo, tudo ajuda, mas é importante também lutar para que as coisas boas aconteçam, para que a gente consiga ter um ano bom, tranqüilo e produtivo.

UM ANO SEM MÁSCARAS
O ano que está acabando não foi tão ruim como pode parecer: graças a 2005, 2006 começa de cara limpa. Já sabemos que o poder corrompe, que mesmo aqueles políticos que pareciam alimentar-se da sua ideologia sabem perfeitamente como montar máquinas de alimentar o fisiologismo.

Estamos mais céticos e isso é bom. O ceticismo, na política e na vida, é uma forma madura de encarar os fatos. Sempre com os quatro pés atrás. Se partimos do princípio que estão sempre querendo bater nossa carteira, tomamos mais cuidado. E não nos decepcionamos tanto.

ESPECIAL: NA ESTRADA COM O TIO CESAR
A ARTE (OU A CIÊNCIA) DE VIAJAR SEM SE ESTRESSAR

Viajar é uma ciência (ou uma arte) que tanto serve para o bem quanto para o mal. Há queles que viajam com os olhos fechados e não conseguem ver graça em nada. Outros acham que a vida é um concurso de televisão e passam o tempo todo comparando o que vêem com o que tem em casa. Também não conseguem aproveitar direito.

Uma boa viagem, uma viagem inesquecível, exige uma grande dose de generosa curiosidade. E uma sincera disposição de aprender. Porque as viagens são aulas, onde aprendemos muita coisa, de uma forma dinâmica e divertida.

Ou chata e aborrecida. Só depende da forma como encaramos essas pequenas (ou grandes) aventuras. E da nossa capacidade de entender o que nos cerca.

É óbvio e lógico que os lugares que encontraremos para dormir não serão iguais ao nosso quarto e à nossa cama. Os barulhos que existirão ao redor serão naturalmente diferentes do que estamos habituados a ouvir. Então, a cada nova pousada, a cada novo hotel é preciso ter calma e paciência. Porque por mais luxuosas que sejam as instalações, sempre terá alguma coisa que nos incomode, que não seja bem do jeito a que estamos... acostumados.

Mas é justamente disso que as aventuras são feitas: novidades, quebra da nossa confortável normalidade. Então, relaxa e aproveita. E tenta aprender.

Tem gente que, quando viaja, fica morrendo de saudade da comidinha de casa. E procura feijão com arroz em todo lugar. Perde a oportunidade de saber que gosto tem um alfajor. Ou um chivito. Passa longe de uma parrilla. Nem pensa em comer húngaras.

Sem falar naqueles que torcem o nariz ao sair e só enxergam os defeitos: “olha aí, também tem mendigos, vi um mexendo no lixo, espia, quanto prédio velho abandonado, esses ônibus são muito antigos, se eu soubesse que era tudo tão caro não tinha vindo, o cara roubou no troco...”

Não sei vocês, mas eu continuo achando que, apesar dos pesares, viajar ainda é melhor que estudar nos livros ou ficar em salas de aula ouvindo alguém dizer que viajou mais que nós.

[As fotos abaixo são de Montevideo, capital do Uruguai.]
O viajante estressado diria “putz, que água fria, que mar sem graça”; e o bom viajante: “que areia limpinha, que praia organizada, que avenida larga”.

O estressado: “não tem milho verde no cachorro quente”.

O bom viajante: “interessante, as frutas ficam expostas e ninguém carrega”.

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