quinta-feira, 17 de agosto de 2006

QUINTA

No auditório da Procuradoria Geral onde ocorreu a entrevista coletiva em que o governo anunciou as medidas que tomou sobre o caso do assessor preso, a mesa principal fica, curiosamente, bem em frente ao banheiro masculino.
Taí um bom auditório para fazer as reuniões da Secretaria do VDM...

Na foto acima, da esquerda para a direita:
Alfredo Felipe da Luz Sobrinho, Tycho Brahe Fernandes e Ivo Carminatti.


O ESPECIALISTA
O cara é especialista. Currículo impecável. Professor de Direito Internacional. Insuspeito, apresentou, no 2° Congresso Brasileiro de Direito Internacional, o trabalho “A Corrupção e as Empresas Transnacionais”. Consultor tributário. Auditor fiscal da Secretaria da Fazenda do Paraná. Recomendadíssimo. O próprio sócio do Dr. Max Bornholdt falou bem dele. Não tinha como não trazer esse especialista para a Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina.

Homem de confiança do Secretário Max, Aldo Hey Neto, o tal especialista, participava das comitivas governamentais, como aquela que foi a São Paulo, em julho de 2004, tentar trazer um centro de distribuição das Casas Bahia para Santa Catarina.

Desde 30 de abril de 2004, Hey Neto foi colocado para gerir um programa de incentivo às importações (Compex), que são abatimentos concedidos a empresas que usam os portos catarinenses para receber suas cargas. O lançamento do Compex foi elogiado até pela Fiesc.

Pois ontem bem cedinho o especialista Aldo estava entre as dezenas de pessoas que a Polícia Federal prendeu na “Operação Dilúvio”, suspeito de participar de um super-mega-hiper esquema de sonegação fiscal e sub-faturamento de importações.

E o Secretário Max, que tinha saído de férias, foi “convidado” pelo governo a fazer um bate-e-volta: iniciar a viagem de volta tão logo tivesse chegado a seu destino, nos Estados Unidos.

O CANDIDATO
O outro personagem é um auditor fiscal da Receita Federal, que em 2002 fez concurso para o Itamaraty (será que passou e não quis ser diplomata?), administrador com registro 946 no CRA-SC, que resolveu testar sua popularidade nas urnas e candidatou-se a deputado federal pelo PMDB com o número 1501 (algum dia alguém tem que estudar por que tantos fiscais se aventuram na política, né não?) Pois bem, ele também foi preso hoje, na mesma operação.

Com um nome incomum, Gumildes Rupert Ribeiro pretendia gastar até R$ 2,9 milhões na sua campanha. Mesmo declarando, como bens, apenas um apartamento de R$ 280 mil e uma motocicleta de R$ 13 mil, decerto confiava nas doações de almas generosas que apostavam no bom serviço que poderia prestar ao estado em Brasília.

A DOR DE CABEÇA
O governador, Dr. Moreira, que é médico, não teve dificuldade para encontrar o analgésico que o ajudasse a enfrentar o dia. A notícia da operação da Polícia Federal tirou-o da cama como se fosse um balde de água: imediatamente tratou de acordar os auxiliares e preparar a reação que o caso exigia. E, até onde consegui ver, fez tudo direito (não que, diante da situação, tivesse outras opções, mas sempre poderia ter pisado na bola).

Botou na rua o funcionário suspeito e, ao mesmo tempo, criou uma comissão sem ninguém da Secretaria da Fazenda, para examinar todos os atos e procedimentos do Aldo no governo e em 15 dias (esse número...) dar um parecer sobre o que aconteceu, se houve prejuízo para o estado, se houve mesmo fraude e de que forma tudo era feito.

Na própria coletiva que anunciou as medidas, a ausência do Diretor Geral da Secretaria da Fazenda não foi acidental: o governo quer mostrar não apenas agilidade, mas também evitar a contaminação da apuração pela suspeita de pizza ou panos quentes.

Mas será uma tarefa muito difícil, a da comissão, composta pelo Procurador Geral do Estado, Tycho Brahe Fernandes, pelo Secretário de Estado da Agricultura (e ex-Secretário do Planejamento) Alfredo Felipe da Luz Sobrinho e pelo Secretário da Coordenação e Articulação, Ivo Carminatti (eles aparecem na foto lá em cima).

O COMPADRE
O Secretário da Fazenda, Max Roberto Bornholdt (foto), amigo e companheiro de longa data do ex-governador Luiz Henrique da Silveira é o fiador da presença do Aldo no governo. Caberá a ele explicar como o especialista veio parar aqui e de que forma assumiu as funções que lhe permitiriam, em tese, favorecer sonegadores.

Claro que a proximidade do Secretário Max com o candidato LHS (são até compadres) torna tudo mais complicado e sensível. Qualquer descuido pode transformar um problema isolado numa bomba eleitoral de efeito devastador e imprevisível.

Fortes emoções nos esperam, ainda mais que o prazo da comissão que o governo estadual encarregou de examinar os supostos delitos termina no início de setembro, a um mês, se tanto, das eleições.

GUERRA É GUERRA
Àqueles que desconfiam de tanta eficiência da Polícia Federal em pleno período de campanha eleitoral (várias “operações” nas últimas semanas e mais algumas em “maturação”), o Ministro da Justiça, naturalmente, disse que uma coisa não tinha nada a ver com outra. Não podia mesmo dizer que, embora sem ser de propósito, faz bem para a campanha do candidato-presidente que a PF mostre serviço.

De qualquer forma, não faltará quem ache que se trata de “perseguição do Lula” ao PMDB catarinense, que lhe faz oposição. Coisa ainda mais complicada de comprovar que o dinheiro que só o Godinho viu. Mas, tanto uma quanto outra, são fofocas que têm tudo para prosperar ao pé do ouvido.

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AMINZINHO PAZ & AMOR
A entrevista do candidato-ex-governador ontem, na RBS-TV, mostrou a faceta controlada e amistosa, didática, quase paternal, do Esperidião. Claro que, experiente, ele percebeu que LHS, no dia anterior, tinha se exaltado e quis mostrar que era diferente. Tal e qual Heloísa Helena, Amin domina a arte de falar em público e sabe cativar a audiência. Resta saber se cativará os votos necessários.

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