terça-feira, 15 de agosto de 2006

QUARTA

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VIDA DE CAMPANHA

O ritmo de uma campanha política estadual é intenso para aqueles candidatos que têm chance e estrutura (ou dinheiro). Todos os recantos, municípios, regiões e grupos têm que ser visitados e o jeito é encher-se de bom hummor, paciência e enfrentar tudo com disposição, pra não chorar depois, no caso da eleição perdida por poucos votos.

As histórias que os candidatos vão acumulando ao longo das campanhas são em geral muito interessantes e divertidas. Nem sempre há conforto, mas é preciso sorrir o tempo todo, ter o discurso afiado e topar qualquer parada.

O senador Leonel Pavan é daqueles que parece gostar muito da campanha. Nas reuniões partidárias, longe das eleições, sempre dá impressão que está num palanque. Esse entusiasmo de campanha causou algumas situações delicadas para seus companheiros de partido que faziam parte do governo: é que quando se é governo nem sempre é possível manter o mesmo discurso da campanha.

Luiz Henrique parece que não está disputando apenas a preferência do eleitor: dá impressão que ele tem certeza que precisa ter mais quilômetros rodados, menos horas de sono e circulado mais rápido que seus adversários, para merecer ganhar a eleição. Como se estivesse mesmo disputando uma maratona e não só votos.

HORÁRIO POLÍTICO
Com o início, hoje, do horário político de rádio e TV, os candidatos esperam conseguir atingir um número maior de eleitores. Talvez conquistar os indecisos, quem sabe fazer com que a militância se entusiasme e vá à luta.

Assim como o horário político não tem nada de gratuito, também não fará com que alguém, milagrosamente, ganhe milhares de fãs e adeptos.

Os partidos e os candidatos gastam muito dinheiro para preparar esse material que o eleitor, em muitos casos, vai desdenhar, desligando o rádio ou colocando um filme da TV. E nós, como sempre, pagamos para as emissoras uma gorda compensação pela transmissão. Muitas delas ficam esperando os anos eleitorais para resolver seus problemas de caixa, porque podem descontar do imposto de renda o custo do horário, a preço de tabela cheia.

Portanto, a propaganda que começa hoje não é gratuita. Mas é obrigatória e é bom que seja. Porque não tem outro jeito da democracia representativa ir tocando sua vida, se nós, os eleitores, não ficarmos sabendo que são aqueles que pretendem nos representar.

E é como numa novela: em pouco tempo a gente fica sabendo que é gente boa e quem é puro fingimento.

TADINHO DO CARLITO
Tão faceiro ficou o Carlito Merss (PT) por ter sido relator do orçamento, que publicou um “Jornal do Carlito” pra contar pra todo mundo tudo de bom que ele vinha fazendo. E também colocou (como tanta outra gente) uns out-doors para mostrar que estava trabalhando.

Só que a Justiça Eleitoral entende que um candidato falar (muito) bem de si mesmo é propaganda eleitoral. E quando isso é feito fora do prazo (antes de 6 de julho), como foi o caso do coitado do Carlito, a multa é de R$ 21 mil. Em uma semana o deputado candidato à reeleição foi multado duas vezes. Se for eleito, é claro que fica mais fácil recuperar o dinheiro das multas (um deputado federal ganha razoavelmente bem), mas se além de tanta propaganda ainda perder a eleição, vai ficar ruim pra ele.

Em todo caso, ainda cabem recursos das duas multas.

A NOVELA DO GODINHO
O advogado do PFL e do candidato ao senado, Raimundo Colombo deu entrada ontem, no finalzinho do expediente, às duas ações judiciais contra o deputado Sérgio Godinho (aquele que disse que o governo comprou o PFL). Uma delas é a interpelação judicial e a outra a ação que pede indenização por danos morais.

Perguntei a ele se o partido não iria esperar as explicações públicas que o deputado prometeu dar hoje, em entrevista coletiva, às 9h, na Assembléia Legislativa. A resposta é que essas duas ações judiciais não dependem em nada do que ele disser hoje e vão ter seqüência de qualquer maneira. Baseiam-se no mal feito pelo primeiro discurso.

Só a terceira ação, que será movida na própria Assembléia, pedindo a cassação do deputado, é que, dependendo do que o deputado disser, poderá ter alguma alteração na forma como será proposta. O pedido de cassação é uma iniciativa política do partido e, como tal, será avaliada politicamente.

A expectativa é que hoje ele se desdiga e conte alguma história comprida e cheia de voltinhas para mostrar que ao dizer que o governo pagou R$ 5 milhões ao PFL e ao Raimundo Colombo, ele na verdade estava querendo dizer que o governo é ótimo, o PFL é maravilhoso, Colombo é seu amigo desde criança e todos merecem cinco milhões de beijos e abraços e “o resto é intriga da oposição”.

ESSE LULA...
O candidato-presidente vive dizendo que os adversários adoram baixar o nível, mas no final de semana quem resolveu sair dando caneladas foi ele mesmo, num comício em Salvador:
“Eu tenho dúvida se o Congresso Nacional fará uma reforma política de verdade. Eu tenho dúvida porque eles estarão legislando em causa própria. Poderão fazer muito arremedo em benefício deles próprios”.
Lembram do inequecível presidente Collor e dos ditadores militares? Pois eles também gostavam muito de atacar e menosprezar o Legislativo.

Atualização: conforme previsto, Lula fugiu mesmo do debate na Bandeirantes. Autoriza-nos a todos, se quisermos, a chamá-lo, de agora em diante, apenas de Fujão.

AMIN DÁ DE DEDO
Não sei quem anda fotografando o ex-governador e candidato Esperidião Amin nas suas andanças de campanha, mas deve ser alguém fascinado por um único gesto. Cada vez que Amin aponta o indicador, é batida uma foto. As fotos acima foram algumas das mais recentes distribuídas pelo comitê. Não cheguei a perguntar o significado de tanta exposição “digital”, mas acho que alguém vai ter que colocar o dedo nessa ferida.

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