sexta-feira, 31 de março de 2006

SEXTA

A gurizada encostou LHS na parede gritando palavras de ordem: “CPI da manga já!”

BESC SEM DINHEIRO
O choro dos usuários do BESC na Univali, em Itajaí, indica que o banco, apesar de federal e técnicamente “recuperado”, não tem como manter seus caixas eletrônicos abastecidos.
O povo que precisa sacar de manhã ou no começo da tarde, bate com o nariz na porta: nunca tem dinheiro. A única solução é ir pro caixa humano, aquele que sempre tem fila.

Ou então esperar que, dependendo do movimento do dia, sobre algum dinheiro para alimentar o caixa eletrônico, o que é feito depois das três da tarde. Não é o máximo? O cliente ter que ficar torcendo que apareça alguém para depositar, porque senão ele não vai conseguir sacar seu próprio dinheiro.

MELECA
O negócio da CPMI dos Correios é o seguinte: lembram da CPI do Banestado, em 2004? Vai acontecer a mesma coisa.

Naquela CPI o senador Antero Paes de Barros (PSDB) apresentou um relatório paralelo ao de José Mentor (PT), então relator. Deu uma baita confusão, nada foi votado e a CPI terminou sem resultado.

Pois agora o PT deve apresentar um relatório paralelo ao do relator Osmar Serraglio (PMDB), para descaracterizar o mensalão e livrar a cara de todo mundo (se o Lula e o Lulinha ficaram de fora, então por que não os outros?).

Vai dar uma confusão, o prazo termina e a CPI fica sem relatório final. É nisto que o governo e o PT estão trabalhando: melecar o jogo.

SANTO INOCÊNCIO
O Brasil tem cerca de 25 mil trabalhadores que podem ser considerados escravos, tais as condições em que trabalham, sem salário, sem condições dignas, sem liberdade e sem direitos trabalhistas. Alguns deles estão (ou estavam) numa fazenda do deputado federal Inocêncio Oliveira (PMDB-PE).

Apesar de condenado pelo TRT do Maranhão, o deputado teve a alegria de ver que o Supremo Tribunal Federal não acha ele merece ser denunciado por isso. O STF manteve o arquivamento do caso. Nada é impossível quando o autor do delito é poderoso.

A VIDA É BELA
O presidente Lula e dona Marisa voltaram a habitar o Palácio do Alvorada, aquele que tem as colunas que são o símbolo de Brasília. Reformado ao custo de cerca de R$ 18 milhões, o palácio está novo em folha.

Com avião novo, palácio novo e ministério novo, o presidente agora só espera a volta do primeiro astronauta brasileiro e a vitória da seleção de futebol, para poder chegar às eleições e receber uma votação consagradora do povo satisfeito e reconhecido.

“SÓ NO MEU?”
O deputado estadual Vânio dos Santos (PT) foi à tribuna reclamar: em setembro do ano passado o deputado Nelson Goetten (PFL) leu em público o extrato bancário dele, Vânio. Mas desde aquela época a Assembléia Legislativa não tomou nenhuma providência nem deu qualquer resposta às queixas do petista. “A quebra do sigilo bancário do caseiro é crime. E a quebra do meu sigilo como fica? São dois pesos e duas medidas?” pergunta Vânio.

JÁ TOU COM SAUDADE
Durante os oito meses de vida desta coluna a gente se divertiu pegando no pé de muito secretário de estado e do governador. Hoje muitos deles estão saindo de seus cargos para se candidatar. E a gente vai ter que começar tudo de novo.

Não posso deixar de agradecer, por exemplo, ao Gilmar Knaesel e sua troupe de imprensa. Graças a eles tivemos bons momentos aqui na coluna. Nos divertimos bastante com as coisas produzidas por lá.

Impossível também não ficar com saudades do Cézar Cim e seu séquito de fantasmas, que renderam alguns dos pontos altos da coluna.

Bom, mas a vida continua e certamente entre os novos terá alguém que merecerá nossa atenção.

O problema agora será descobrir o nome dos substitutos. Ontem o Knaesel mandou uma foto em que apresenta seu substituto, mas não mandou dizer o nome da criatura. Esse Knaesel não perde a chance da piada nem na hora da saída...

BORNHAUSEN E ACM
Tal e qual no PSDB, no PFL a coisa também está dividida. De uma lado o presidente do partido, senador Jorge Bornhausen e do outro o senador baiano Antônio Carlos Magalhães. Cada um tem sua sardinha predileta (para colocar de vice do Alckmin) e trata de puxar a brasa para ela.

Como ACM e Bornhausen são peixes muito grandes, muito espertos e não é a primeira vez que se estranham, é bom a gente, que é bagrinho, ficar meio de longe, sem se meter, pra não acabar respingado de óleo quente.

PÚBLICO E PRIVADO
O governador LHS ofereceu um jantar na Casa D’Agronômica para o pessoal graúdo do Seminário Internacional sobre Corrupção que o Tribunal de Contas promoveu na capital. Houve troca de gentilezas: o TCE deu a LHS uma Medalha do Cinquentenário e o governador elogiou o TCE.

A certa altura do discurso, LHS disse uma coisa muito certa: “Os objetivos do setor público e do setor privado não devem se misturar”. O lucro é o objetivo no mundo dos negócios (privados) e para o homem público, disse o governador, “o lucro é o reconhecimento dos cidadãos pelas ações em favor da sociedade”.

É importante que isso seja dito. Mesmo sabendo que, às vezes, os discursos são difíceis de serem levados à prática. Mas ajudam a esclarecer o cidadão: eles sabem, e sabem muito bem, que não se deve nem se pode misturar setor público com setor privado.

Isso aumenta a responsabilidade de toda a sociedade quando perceber que alguém, quem quer que seja, estiver esquecendo disso. Ou interpretando de forma excessivamente frouxa essa norma. Tem que botar a boca no mundo.

Agora que as tais “parcerias público-privadas” estão entrando na moda, tem que redobrar a atenção. Porque todo mundo acha que o que é público não tem dono. Quando é exatamente o contrário. O que é público tem muitos donos, todos nós. É patrimônio dos contribuintes. Deve ser melhor cuidado, com mais zelo, do que algo que pertence a uma pessoa ou empresa.

DIARINHO TEM PODER
O deputado estadual Paulo Eccel (PT) fez referências elogiosas, na tribuna da Assembléia Legislativa, ao DIARINHO e a esta coluna. Ele citou especialmente aquela foto da edição de quarta-feira, onde aparece um sujeito com a camiseta do PMDB puxando uma caminhada do LHS na inauguração de uma estrada. A foto foi publicada, no mesmo dia, por outros jornais, mas aqui a gente chamou a atenção para o fato, grave, da propaganda partidária misturada à ação administrativa.

Eccel disse que o jornal “fura o bloqueio da mídia catarinense” ao mostrar a situação de campanha escancarada.

Alguns dias antes, o deputado Afrânio Boppré (PSOL) tinha usado, também na tribuna, esta coluna para comentar as viagens do governador LHS.

Isso quer dizer que o DIARINHO tem sido bem lido ali na Assembléia. Outro dia dei uma passada por lá, pra ver ao vivo aquilo que a gente vê pela TVAL e conversei com vários deputados e assessores e saí bem animado: a maioria lê o jornal e a coluna e muitos deles, de vários partidos, elogiaram esta forma nova de falar sobre as coisas da capital.

AFINAL PROCON
Florianópolis, por incrível que pareça, ainda não tem um Procon. O Procon estadual faz às vezes de Procon de Florianópolis e acaba sobrecarregado. A prefeitura está prometendo instalar o Procon da capital só no segundo semestre. Segundo o vereador-secretário Gean (ele continua com seu gabinete na Câmara), o treinamento do pessoal começa em abril.

Deve ser praticamente uma pós-graduação, esse treinamento que vai levar uns cinco meses. Decerto, depois de preparação tão longa, teremos o melhor Procon do País, com tudo funcionando às mil maravilhas.

A prefeitura de Florianópolis encontrou uma forma de justificar seu desleixo: “em Santa Catarina só 48 municípios têm Procons”. Ah, tá, então tá tudo bem, não tem pressa, então.

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