Agora que chegaram os uniformes para os alunos das escolas estaduais, em toda solenidade os coitados têm que ficar desfilando pra mostrar como o LHS é bom figurinista. Nessa foto aí, diante das autoridades no palanque, de novo a gurizada de uniforme, na inauguração de um ginásio coberto no Norte do estado.
VOLTA À ILHA
A prova de revezamento Volta à Ilha, que este ano acontece pela 11ª vez, é uma das competições mais charmosas e que mais atrai a atenção no País. O pessoal passa por 150 km de belas paisagens e participa da maior corrida a pé por revezamento da América do Sul.
Um dos lugares mais bonitos do trajeto é o Sertão do Peri. Só que os moradores de lá estão pensando seriamente em impedir que eles passem por lá na prova deste 8 de abril.
É que os organizadores “esquecem”, todos os anos, de recolher o lixo e os restos da passagem de centenas de corredores e milhares de pessoas. O povo do Sertão sente, na montoeira de copos e garrafas que ficam por lá, o desprezo da organização – que arrecada um bom dinheiro – pelas comunidades pobres, mas limpinhas.
O FIM DO MUNDO
É assustadora a coincidência: poucos dias depois do STF ter decidido que um tarado pedófilo (e pastor evangélico) condenado a 18 anos de prisão podia pedir os mesmos benefícios dos ladrões de galinha, abrindo o precedente para que todos os assassinos, seqüestradores e estupradores peçam a mesma coisa, a Câmara dos Deputados, como um todo, mergulha ainda mais no poço profundo de merda que eles mesmos construíram e encheram.
Tem uma certa coerência nessa coincidência. Se assassinar com requintes de crueldade não merece punição severa, então por que punir gente cujo único crime conhecido (e confessado) é sonegação fiscal (o caixa 2)?
Só tolos, como nós, ainda pagam impostos (os grandes devedores, além de não irem para a cadeia, ainda ganham enormes descontos, caso queiram saldar parte da dívida). Só idiotas, como vocês e eu, ainda abominam a violência e acham que a vida humana é sagrada e que os criminosos precisam ser detidos e punidos.
VOTO DE CABRESTO
A cientista política Lúcia Hippolito, no seu comentário de ontem na rede CBN de rádios, intitulado “De volta o passado” disse, entre outras coisas, o seguinte:
“Ao absolver os dois deputados, a Câmara deu as costas à opinião pública brasileira.[Para ir ao blog do Noblat, onde tem o comentário inteiro, é só clicar aqui]
Mais grave ainda: a Câmara mandou dizer que não lhe interessam os votos da parte mais esclarecida da sociedade.
Não lhe interessam os votos do eleitorado mais informado, preocupado com a ética na política, rigoroso na cobrança de um comportamento correto por parte de seus representantes.
A Câmara mandou dizer que não está nem aí para a opinião pública. O que lhe interessa são os votos da parcela mais desinformada, mais desassistida da sociedade.
O que lhe interessa é o voto de cabresto, a clientela dos mais variados tipos de programas assistencialistas, as populações despossuídas de tudo, que, infelizmente, são presa fácil de políticos populistas, clientelistas e fisiológicos.
Com isso, de vexame em vexame, a Câmara dos Deputados vai alegremente, ladeira abaixo, rumo ao século XIX.”
DIARINHO TEM PODER!
Foi só eu comentar aqui, na edição de quinta, que o pessoal estava estranhando o fato do editor do jornal popular dos Petrelli ser também empregado da Assembléia Legislativa (lotado no gabinete de um deputado do PMDB), que o tal jornalista se tocou e tomou uma providência.
Ontem, dia 10, protocolou um pedido de licença por um ano das funções que exercia na Alesc. Agora sim, ficará mais à vontade para se dedicar ao jornal sem ter que ficar ouvindo cobranças que, por mais incômodas que fossem, eram inteiramente justas.
TÔ FORA!
Alguém, provavelmente amigo do editor esse, deixou comentário anônimo no site de Internet onde transcrevo esta coluna, incluindo meu nome numa lista de jornalistas que acumularam ou acumulam função pública com trabalho em redação (pretendia provar, com a lista, que acumular cargos não significa obrigatoriamente que o jornalista não exerça direito o seu trabalho).
Já exerci funções em órgãos públicos (principalmente como professor na UFSC), mas nunca acumulei essas funções com o trabalho de redação. Não sei servir a dois senhores. Tem gente que consegue. Eu, infelizmente (para as minhas sempre abaladas finanças pessoais), nunca consegui.
DEPUTADO ESCRAVAGISTA
Não sei se vocês conhecem ou já ouviram falar no deputado Inocêncio Oliveira (está no PL de Pernambuco, mas foi do PFL muito tempo). Ele está no oitavo mandato e já foi presidente da Câmara dos Deputados. Na ocasião (entre 93 e 94) foi Presidente da República interino por nove vezes, substituindo Itamar Franco.
Pois ele é acusado, em inquérito que chegou ao Supremo, de manter empregados, em sua fazenda do Maranhão, em condições semelhantes às de escravos. Claro que desde 2003 o procedimento que pede a condenação de Inocêncio se arrasta no Supremo.
O site Congresso em Foco (www.congressoemfoco.com.br) publicou uma longa e interessante reportagem sobre esse processo e conta muitos detalhes curiosos. Um deles: os fiscais do Ministério do Trabalho não tiveram dificuldade de saber de quem era a fazenda, porque todos os funcionários escravizados usavam camisetas com propaganda do candidato a deputado federal.
Vale a pena ler, pelo menos para conhecer um pouco mais este nosso Brasil de currais eleitorais.
[Clique aqui para ir direto aos dois tópicos da reportagem:
RETRATO DO BRASIL-COLÔNIA EM PLENO SÉCULO XXI
O RELATOS DAS CONDIÇÕES DEGRADANTES ]
O JARDIM DO PAREDÃO
A prefeitura está dando uma guaribada no canteiro central da Avenida Hercílio Luz, principalmente no trecho que fica em frente àquele paredão de prédios. Vai colocar bancos mais bonitinhos, melhorar a iluminação e plantar mais árvores.
Nada a reclamar quanto a isso. Aquela área merece isso e muito mais. Ali ocorreu um dos grandes crimes contra a cidade: numa determinada época (década de 70, se não me engano) uniram-se vereadores, prefeitura e empresários imobiliários, para criar aquele paredão, aquela excrescência, que deu muito dinheiro a algumas pessoas e deu à cidade um espaço arquitetênico indigno e, já naquela época, opressivo.
TUDO É FESTA
Não entendo o espanto, de alguns colunistas, com o fato do Ministro da Defesa e do próprio Lula não terem advertido o general que fez o DAC e a TAM arranjarem lugar pra ele num avião lotado. Espantoso seria o contrário.
Assim como o deslumbramento provinciano do Presidente e sua comitiva com o cerimonial britânico é perfeitamente normal. Estranho seria se ele se portasse como estadista. Um Presidente da República que viaja ao exterior como ele não poderia ter dito em público que nunca tinha sido tão bem recebido. Ofendeu todas as dezenas de chefes de estado que o receberam antes.
Mas quem se espanta com isso? A transgressão das normas virou regra. Bons tempos aqueles em que a gente achava, de todo coração, que o Lula só violava a gramática, que a única norma que ele desobedecia era a da língua culta. E que, tirante isso, seria o líder que nos levaria a um novo patamar político, onde a norma principal seria não roubar e não deixar roubar.
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