O antigo grito de guerra da campanha (“Agora é Lula!”) soa, neste momento, como mau agouro ameaçador. O presidente foi perdendo seus anteparos como quem perde os dedos da mão. Sempre de forma muito doída, mas aparentemente com o consolo que se tratava de um mal menor. O principal estava preservado, protegido.
A queda do ministro Palocci, apanhado cometendo um crime grave (o presidente da Caixa entregou-lhe o extrato do caseiro e ele tomou a desastrada decisão de tornar pública a informação que a lei protege), não poderia ser mais melancólica e constrangedora.
Todo o esforço do PT para absolver os mensaleiros, o estresse que fez aquela patética deputada dançar em plenário e diante da população perplexa, acaba ficando meio sem sentido diante do que aconteceu ontem. Lula vai para a campanha de reeleição praticamente só. Pelo menos sem as grandes figuras que o levaram até onde está e que foram caindo, uma a uma, sem glória e sem honra, ainda antes que as coisas ficassem bem explicadas.
A FALTA QUE O VDM FAZ!
Todo governo que se preze tem que ter o ministro do Vai Dar Merda! Aquele sujeito de bom senso a quem as decisões são submetidas antes de serem tomadas. Se o Palocci lhe tivesse dito, “companheiro, estou pensando em entregar este extrato do caseiro para uma revista publicar”, o ministro do VDM com certeza teria dito: “vai dar merda!”
Mas o bom senso já estava faltando há tempos. A história toda teria sido outra se o mesmo Palocci, no começo do governo, tivesse perguntado ao ministro do VDM se ele achava boa idéia manter uma garçonière (local de encontros amorosos furtivos) na mesma casa onde a turma de Ribeirão Preto reunia os amigos para churrascos e conversas ao pé do ouvido.
Claro que o cara do VDM teria pulado na cadeira, ao notar o risco potencial de misturar essas duas coisas explosivas e gritado: “VAI DAR MERDA!”
Eu, se fosse o Lula, nessa reta final em que o único alvo que resta para a artilharia inimiga atacar é ele mesmo, trataria de nomear logo o cara do VDM.
PLANO SOB SUSPEITA
A história dos tais “indices de potencial construtivo” de Florianópolis, que segundo o Ministério Público de Santa Catarina transformaram o Plano Diretor numa enorme maracutaia inconstitucional e safada, tem tudo para ser o grande escândalo do semestre na capital.
Mas, lamentavelmente, pode não dar em nada por uma razão simples e que nos devia envergonhar a todos: é um assunto complicado, difícil de traduzir para o leitor comum de jornal e envolve muito, mas muito dinheiro. Os procuradores tentarão medidas judiciais, mas, sem a pressão do público eleitor e leitor, fica difícil.
SEM NOVIDADES
Dediquei a coluna de hoje aos fatos nacionais porque, por aqui, a coisa continua em banho maria. Ninguém tomou nenhuma decisão ainda. O papelzinho rabiscado aí do lado mostra a tentativa de um “especialista” de me explicar as possibilidades de composição política para os cargos de governador, vice e senador.
A única coisa que fica bem clara é que, até agora, só existiam conversas e sondagens. Mas a partir de hoje pode ser que tudo se encaminhe rapidamente e a coisa comece a engrenar.
O Estado sempre sonhou tirar as crianças dos pais
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La pretensión de quitar a los padres la educación de los hijos es tan
antigua, al menos, como La República de Platón. José Carlos Rodríguez para
Disident...
Há 40 minutos
Um comentário:
VDM tipo Golbery?
;-)
e seja qual for a composição política, VDM :P
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