quarta-feira, 8 de março de 2006

QUARTA

VEM AÍ O “MEGA PROJETO DO MACIÇO”
Esse nome feio é como a Prefeitura de Florianópolis está chamando uma série de ações direcionadas para uma comunidade de 30 mil pessoas que mora nas encostas dos morros (o tal “maciço” é o conjunto deles) no centro da capital.

A idéia até que é boa e merece ser acompanhada com atenção. Não tem como tentar solucionar o problema da favelização das cidades se o Estado não interferir e tornar-se presente. Normalmente os traficantes agem com maior desenvoltura e “tomam conta” de locais abandonados e esquecidos pelo poder público.

Só que sempre incomoda o contribuinte (a este contribuinte, pelo menos) essa mania que os governos têm, de propagandear como bondade excepcional coisas que não são mais que a obrigação. Tratar bem as nossas combalidas reservas florestais, ajudar o pessoal que ocupou os morros a se ajeitar, fazer com que a malandragem (no mau sentido) não tome conta do pedaço, tudo isso é obrigação de quem recolhe nossos impostos para governar a cidade.

DÁ-LHE MEDAGLIA!
O jornalista Mário Medaglia, um doutor honoris causa da crônica esportiva catarinense, a quem o Avaí deve milhões de desculpas, ganhou o primeiro round na luta para obter a reparação de sua honra profissional.

O advogado do Medaglia, Zilton Vargas informa que o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) concedeu o que em juridiquês se chama “tutela antecipada”. Por ordem do TJD o Avaí é obrigado a deixar o Medaglia trabalhar na Ressacada. O clube já foi notificado e terá que se defender no tribunal para não pagar multa que pode ir de R$ 5 mil a R$ 50 mil.

É só o começo, mas toda grande caminhada começa assim, com um primeiro passo.

MEMÓRIA FRACA

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgou nota, ontem, afirmando que “Governador de Santa Catarina desconhecia agressões da PM”. Diz lá que o presidente do Sindicato dos Jornalistas de SC e Sérgio Murillo de Andrade, presidente da Fenaj, perguntaram ao LHS, em Lages, sobre a apuração dos dois últimos casos envolvendo a polícia e jornalistas e o governador saiu-se com esta: “quem é Sarará? quem é Nilson Lage?”

Estranho, né? Primeiro porque qualquer político experiente tem meios de contornar essas armadilhas da memória. Mesmo que não lembre do caso ou não esteja, no momento, relacionando o nome à pessoa, costuma dar uma resposta menos desastrada que simplesmente perguntar quem é.

Depois porque o LHS se gaba de ser leitor ávido do clipping (recortes de jornais com assuntos relacionados ao governo) que diz devorar ainda cedo em seu computador pessoal. E os dois nomes estiveram no noticiário, até com bastante destaque.

SEM POLÊMICA
No Centro Administrativo, a assessoria do governador garante que LHS tomou conhecimento dos casos e aprovou as medidas que foram tomadas. No caso do Nilson Lage o corregedor da PM foi à casa do professor comunicar que tinham sido abertos procedimentos para responsabilizar os PMs que o agrediram. O resultado está para sair por estes dias.

No caso do Sarará, também há um procedimento para apurar responsabilidades (embora a PM, na semana passada, tivesse dito que não havia nada).

Ninguém soube explicar por que o LHS teria dito, conforme a nota que a Fenaj distribuiu nacionalmente, que não sabia do caso. “Não vamos polemizar com o Sérgio Murilo, só que as providências que ele próprio pediu que fossem tomadas, foram e é isso que é importante, que os dois casos estão tendo a atenção do governo como um todo”, disse o Diretor de Imprensa da Secretaria de Comunicação, José Augusto Gayoso Neves.

LULA, SEMPRE ATRASADO
Ontem Lula cometeu a primeira gafe de sua visita ao Reino Unido. Deixou a Rainha da Inglaterra esperando por mais de um minuto. Um atraso desses, em se tratando da Rainha e dos britânicos, é mais grave que os atrasos freqüentes de uma ou duas horas do mesmo Lula, aqui no bananão.

MAÇONS EM FESTA
Ontem foi lançado, na Casa do Jornalista (sede da Associação Catarinense de Imprensa) o Ano do Bicentenário de Jerônimo Coelho.

Esse catarinense que nasceu em Laguna em setembro de 1806, fez brilhante carreira militar e chegou a Ministro da Guerra. Fundou a primeira Loja Maçônica de Santa Catarina e fez parte do movimento maçônico de oposição a D. Pedro I. Para difundir suas idéias, funda, aqui no Desterro, em 1831, o primeiro jornal da Província: “O Catharinense”.

Jerônimo Coelho foi eleito deputado provincial quatro vezes e deputado geral três vezes, o que demonstra o prestígio que ele desfrutava. Morreu em 1860 em Nova Friburgo, RJ.

SARARÁ EMPREGADO
O anúncio do lançamento, a partir do dia 13, de um novo jornal na Grande Florianópolis, de perfil popular (concorrente do DIARINHO?), trás embuitida uma ótima notícia: o Sarará, o fotógrafo Cláudio Silva, que o DC rifou porque foi espancado pela polícia, vai trabalhar lá.

Segundo Marcelo Petrelli, o jornal começa com 4 mil exemplares, dará 60 empregos diretos (20 dos quais para jornalistas) e será impresso nas oficinas do Correio Lageano. Ele sonha em chegar a 10 mil exemplares em um ano.

Terá, como colunistas, Paulo Alceu, Hélio Costa e Rui Guimarães (que o pessoal conhece aqui do mais lido, onde ele publica uma coluna).

Quanto ao jornal propriamente dito, “muita foto e textos curtos, ênfase em polícia, esporte e programação de TV”. Mas, é claro, nunca será desaforado e desbocado como este aqui.

O DRAMA DO GUGA

O tenista Gusta Kuerten chegou onde jamais se imaginaria que um brasileiro pudesse chegar. Natural de um País de um único esporte, que não tem tradição nem ânimo para revelar novos talentos e apoiar atletas, Guga fez-se por si mesmo (com a ajuda, é claro de umas tantas pessoas que o cercaram, inclusive em sua família).

Mas este é também o País em que não existe segundo lugar. Enquanto estava ganhando, todos o achavam o máximo. Quando começou a perder – coisa relativamente natural e que pode acontecer mais cedo (como no caso dele) ou mais tarde, mas que fatalmente acontecerá – muita gente simplesmente apagou da memória os bons momentos que ele viveu e nos fez viver.

E há quem o despreze como se tivesse entrado nessa decadência precoce por vontade própria. Porque quis. Ignoram o fato que este País mata atletas no nascedouro aos milhares e que quando um escapa, mesmo que para minutos de glória, deve ser, para sempre, reverenciado.

Mesmo no futebol, o nascimento de atletas é condicionado a armadilhas e politiquices que deixam de fora muita gente boa. Conheço um jovem, pobre, bom de bola, grande craque, que poderia fazer sucesso em qualquer time do mundo. Mas não consegue treinar nem no Figueirense nem no Avaí, porque, quando chegou lá, tentando um teste para as divisões de base, lhe perguntaram quem era seu padrinho. “Você foi indicado por quem?” E como não tinha padrinho, o pobre menino bom de bola voltou pra casa, desiludido, frustrado e descrente da humanidade.

Por isso temos que pegar mais leve com o Guga, que conseguiu chegar lá.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois. A grande imprensa aqui do RS quase sempre tratou o Guga de "brasileiro". Mas há alguns dias os jornais anunciaram que um "gaúcho" havia derrotado o "tenista catarinense". Vamos ver até onde vai o "gaúcho", isto é, vamos ver se ele chega a ser "brasileiro". Um abraço.