sexta-feira, 10 de março de 2006

SEXTA

FIASCO MUNICIPAL
A Câmara de Veradores de Florianópolis, como tantas outras entidades, fez sessão solene para homenagear as mulheres, no dia 8. E conseguiu irritar todas as mulheres presentes, inclusive as cinco homenageadas com a medalha Antonieta de Barros.

No final, depois da cagada feita, o presidente Marcílio Ávila pediu desculpas e botou a culpa no cerimonial. Claro, alguém ia ter que pagar o pato e não seriam os vereadores.

Mas o que aconteceu? Simples: na entrega da medalha às mulheres, certamente escolhidas por terem méritos, só foram anunciados o nome do vereador que faria a entrega e o nome da homenageada. Mais nada.

Antes, na entrega da medalha João David Ferreira Lima a quatro homens, os currículos e qualificações de cada um foram expostos, explicando por que cada um estava sendo homenageado. Os homens foram bem tratados.

A Doutora em Serviço Social Tereza Kleba Lisboa, que falou em nome das homenageadas (na foto ao lado), não deixou passar e começou o discurso descendo o cacete nos vereadores e na falta de consideração de que foram vítimas. A Câmara mostrou que é machista e leviana.

EU SOU UM IDIOTA
Só agora dei-me conta por que os empresários dos ônibus criam tanta dificuldade para vender o cartão eletrônico: sem ele o povo paga a passagem mais cara! Claro! Taí o grande objetivo da tarifa única de dois preços. E eu achando que era só incompetência.

Que nada, ganância pura. E a prefeitura, conivente e frouxa, vai levando, achando tudo lindo.

A CASA ESTÁ CAINDO

Servidores efetivos da Secretaria de Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda, insatisfeitos com as seguidas gestões politiqueiras e incompetentes, transferiram-se para outras secretarias. Como resultado, a casa do Cezar Cim está cai não cai: sem recursos orçamentários, sem servidores, tem setores inteiros às moscas, entregues (sabe-se lá) aos fantasmas. E os pobres desassistidos, ora, que vão se queixar pro bispo. Pro LHS parece que não adianta.

A AVENTURA DOS AMIGOS DA TELEVISÃO DE FLORIANÓPOLIS

Morreu o pioneiro da TV de Florianópolis, Darci Lopes. Sempre que o encontrava, pensava que um dia teria que sentar para conversar com ele e esclarecer umas tantas dúvidas e curiosidades sobre a história que ele construiu. Vou ter que adiar a conversa.

Como governo Lula acaba de decidir que vai adotar o sistema japonês para a TV digital, favorecendo os grandes grupos de radiodifusores (e com esse “agrado” garantindo poderoso apoio para a reeleição), é bom lembrar um pouco do que o Darci Lopes e sua sociedade de amigos da televisão significaram e significam.

MORRO ACIMA
Bem que uma dessas centenas de criaturas que todos os anos têm que escolher um tema para dissertações de mestrado ou doutorado poderia debruçar-se sobre a história e a pré-história da primeira emissora de televisão de Florianópolis. Certamente os vereadores, que em 6 de junho de 1965 assinaram o decreto de “utilidade pública” para a Sociedade Pró Desenvolvimento da Televisão de Florianópolis nem sonhavam o que poderia acontecer.

Florianópolis foi uma das únicas cidades do País, senão a única, em que um grupo de pequenos empresários locais obteve uma concessão de um canal de televisão. E tudo começou quando esse grupo, liderado pelo intrépido Darci Lopes, juntou-se, para instalar uma repetidora de televisão na ilha, formando a tal Sociedade Pró Desenvolvimento da Televisão de Florianópolis.

ANTENAS E CHUVISCOS
Lá do Estreito, onde eu morava, espiava de binóculo, nos fins de tarde, a rural do Darci (ou era um jipe?) subir o cocoruto do morro da Cruz. Lá em cima, mais ou menos onde hoje fica a TV Record, eles tinham construído uma casinhola para abrigar a repetidora, que no início funcionava precariamente. Quando tinha luz na casinha e o jipe (ou era uma rural?) estava lá, provavelmente teríamos as imagens e o som (não necessariamente nessa ordem), da TV Piratini, de Porto Alegre.

Naquele tempo era o seguinte: a mesma habilidade e conhecimento que a gente tem que ter hoje para usar o computador e fazer as conexões com periféricos, precisava ter para instalar antenas enormes no telhado da casa, posicioná-las adequadamente e tentar pegar alguma coisa. Na minha casa, um sobrado à beira-mar, a gente teve sorte. Várias noites, na década de 60, conseguimos assistir, com imagem e som bem razoáveis, programas inteiros da TV Rio, canal 13, da TV Record (séculos antes de ser vendida para o bispo), canal 7, de São Paulo e vez ou outra alguma TV de Curitiba, canal 12 ou canal 6.

CULTURA LOCAL

Bons tempos, como diria meu avô: as programações de cada cidade eram diferentes. Não existia a tal rede. Tinha novela em São Paulo e tinha novela em Curitiba, cada uma com elencos locais, montagens locais. Sabe o Juarez Machado? Pois então, foi pintor de cenários numa televisão de Curitiba. Mercado de trabalho, produção local, isso não soa como música para os nossos ouvidos cansados de tanta globalização?

Mas, voltando à repetidora do Morro da Cruz, acho que essa história nunca foi contada direito, principalmente nos seus aspectos econômicos mais relevantes, de controle local sobre os meios de comunicação.

Como a imagem da TV Piratini não era lá essas coisas, os amigos da TV resolveram instalar sua própria emissora. E foram à luta. Saíram das portas das suas lojas na Conselheiro Mafra, na Felipe Schmidit e arredores, arregaçaram as mangas, venceram a concorrência e colocaram no ar a primeira imagem nítida de televisão que a maior parte da cidade de Florianópolis assistiu.

Antes houve uma outra aventura, também merecendo relatos mais detalhados, uma tv pirata, instalada onde hoje é a livraria Catarinense, em pleno senadinho, que colocou sinal no ar literalmente na marra, sem autorização oficial. Sinal fraco, nem todo mundo pode assistir, mas estava lá, por algum tempo, até ser fechada.

VITÓRIA DOS PEQUENOS
Eu, que sempre fui “amigo da TV” sem participar da tal associação, fiquei muito contente quando vi, na velha Philips de pés de palito, aquela imagem sem chuviscos. E foi ficando cada vez melhor, porque a imagem parada dos primeiros dias foi sendo substituída por uma programação na qual a gente via em preto e branco aquelas pessoas que a gente encontrava coloridas na rua.

E não era nenhum grande grupo econômico que estava transmitindo aquele sinal, a partir do morro da Cruz. Era a turma do Darci Lopes. O Darci teve, de certa forma seu valor reconhecido ainda em vida. A Câmara de Vereadores deu-lhe a Medalha de Mérito e Diploma Francisco Dias Velho, no dia 23 de março de 2002. Iniciativa do vereador Aloísio Acácio Piazza aprovada pelo plenário no final de 2001. A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Florianópolis homenageou Darci com a Medalha do Mérito Lojista, numa solenidade realizada em 10 de agosto de 2001. E a Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert) também o homenageou, como ex-presidente (período de 1º/9/82 a 14/6/83).

GRATIDÃO ETERNA

Mas, como dizia Nixon, a memória do povo é fraca e seu coração complacente. Só para testar, liguei dia desses para a TV Cultura (que usa o nome de fantasia de TV Record) e ninguém sabia dizer em que ano a amissora foi criada. As novas gerações certamente passaram na rua pelo Darci Lopes e sequer deram bom dia, apressadas que estavam para chegar em casa e ver televisão. A gente, que era guri naquela época, tem que lembrar do Darci e da sua turma sempre, com enorme gratidão: a primeira televisão a gente nunca esquece.

3 comentários:

Anônimo disse...

Sobre a polêmica com o Arenhart tenho a relembrar:
Sérgio Lopes, Bento Silvério, Ivar Feijó, Carlos Damião, Toninho Kovalski, Bonifácio Thiesen, Celso Martins,Elaine Borges e o próprio Cesar Valente já exerceram cargos públicos no exercio paralelo da função que exige apenas 5 horas de trabalho (dificilmente algum jornalista não tem ou não teve dois empregos)... a turma das antigas sabe que ética e seriedade é uma questão de caráter, não de acúmulo de empregos...

Cesar Valente disse...

Ô anônimo, tira o meu nome dessa tua lista. Nunca acumulei cargo público com trabalho de redação. Sempre acreditei que não se pode servir a dois senhores.

Cesar Valente disse...

Em tempo: se, no meu caso, o comentário do anônimo está errado, imagino que é possível supor que em outros casos tenha ocorrido igual equívoco, comprometendo a credibilidade da lista. E como alguns não estão mais aí para se defender e outros não freqüentam este blogue, é bom não tomar o silêncio como confirmação do que está dito.