quinta-feira, 9 de março de 2006

QUINTA

O JORNAL POPULAR DOS PETRELLI
A foto acima foi tirada no coquetel de lançamento do novo jornal dos Petrelli, em Florianópolis. Da esquerda para a direita, Mário Petrelli, o patriarca da família (oficialmente o jornal será dos filhos), o multi-secretário municipal, Gean Loureiro, o vice-governador Eduardo Moreira e o prefeito Dário Berger. O clima, como se vê, estava alegre e descontraído.

O jornal, definitivamente, não causará nenhum mal-estar ao governo LHS ou aos irmãos Berger, embora ainda seja cedo pra dizer se, além de não trazer aborrecimentos, trará alegrias.

QUEM É QUEM
Só pra refrescar a memória: Mário Petrelli é aquele empresário que em 1974, com o Paulo e o Jorge Bornhausen, mais o Flávio de Almeida Coelho, comprou a TV Coligadas (a primeira emissora de TV do estado) e o Jornal de Santa Catarina (o primeiro jornal em off-set do estado). Petrelli permaneceu com o jornal até 1985. A TV foi vendida para a RBS em 1980, um ano depois de perder a programação da Rede Globo para a mesma RBS, que a utilizou para instalar a TV Catarinense, em Florianópolis, em 1979.

Petrelli parecia, a essa altura, sem vontade de continuar no mercado catarinense. Logo depois também vendeu a TV de Chapecó.

Só mais recentemente (no governo FHC, de cuja base de sustentação o ex-sócio Jorge Bornhausen participou ativamente) é que, em lances seguidos, arrematou os canais disponíveis nas principais cidades catarinenses e instalou uma rede regional, com programação do SBT, consolidando sua posição entre os três maiores.

ADEUS A O ESTADO
Vale lembrar que a emissora do Petrelli, em Florianópolis, começou como uma tentativa de parceria com o jornal O Estado e sua razão social ainda é “TV O Estado” (embora Comelli, dono do jornal, não faça mais parte da sociedade). Perguntei ao José Matusalém Comelli se o novo jornal não poderia prejudicar o “mais antigo”: “pode ser que a gente também o prejudique”, brincou ele, para depois dizer que é outro tipo de jornal, para outro público.

Em Porto Alegre a própria RBS lançou um jornal popular (o “Diário Gaúcho”) de preço baixo, para tentar concorrer com o Correio do Povo compacto, sem que a Zero Hora tivesse qualquer alteração. Isso mostra que teoricamente os jornais que circulam em faixas de público diferentes podem coexistir pacificamente.

NOVOS LEITORES
À primeira vista, dificilmente o “Notícias do Dia” vai tirar leitores, de forma consistente, do Diário Catarinense, de A Notícia ou mesmo do O Estado. Os leitores desses jornais estão habituados a outro tipo de abordagem jornalística.

Por causa do preço e das cores berrantes, deverá atrair principalmente quem ainda não lê jornal. Só que numa capital de estado politizada e louca por uma fofoca como Florianópolis, um jornal que anuncia que vai tratar apenas de esporte, polícia e programação de TV, talvez custe a emplacar.

Para o DIARINHO, imagino (não perguntei para a diretora de redação), seria muito bom que o jornal popular dos Petrelli fosse um sucesso. Abriria mercado para jornais populares, ajudaria a romper o preconceito e ainda permitiria que, pela comparação, o leitor pudesse escolher o melhor (o mais independente, o mais desbocado, o que não tem rabo preso, essas coisas).

OS EMPREGOS DO EDITOR

Tem gente indignada, na Assembléia Legislativa, com o fato do Paulo Arenhart, que é funcionário da casa desde que saiu do governo Paulo Afonso (e atualmente está lotado no gabinete do deputado Manoel Mota, do PMDB), dizer que será o editor-chefe do “Notícias do Dia”, sem falar em demitir-se do emprego público.

Perguntaram-me ontem (como se eu soubesse a resposta ou tivesse alguma coisa com isso): “como é que ele vai dar expediente no jornal e na Assembléia? Será que no jornal ele só vai dar uma passadinha ou vai virar fantasma na Assembléia?”

A propósito desse assunto de dupla jornada, lembrei de uma frase do Flávio de Almeida Coelho, ex-sócio do Petrelli, citado por Mário Luiz Fernandes no livro Jornalismo em Perspectiva, referindo-se ao que ocorria antes do surgimento do Jornal de Santa Catarina:
“Santa Catarina não tinha imprensa independente, boa parte dos jornalistas não vivia do jornalismo, vivia de outros empregos, principalmente no Governo do Estado. Como então a imprensa podia ser independente?”

PRESSA
O general que mandou o avião lotado parar e fez descer um casal para que ele e a mulher pudessem embarcar, explicou-se, ontem, na CBN e numa nota oficial. A alturas tantas, fala em “compromissos inadiáveis”. Compromisso inadiável em Brasília, na quarta-feira de cinzas? Uau! Agora ele deixou todo mundo curioso.

ÉTICA JORNALÍSTICA
A Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina realizou ontem à noite um debate sobre ética jornalísica, usando como ponto de partida a violência contra o fotógrafo Cláudio Silva (Sarará) e o professor Nilson Lage.

Até o momento em que escrevia essas maltraçadas, estavam confirmadas as presenças do próprio Sarará, do Fernando Evangelista, da Caros Amigos, do presidente do Sindicato dos Jornalistas, Rubens Lunge e do Daniel Guimarães do site Mídia Independente.

Os promotores dizem que convidaram o Cláudio Thomas, editor-chefe do Diário Catarinense e provável vítima de todas as cacetadas da noite. Ele não foi. Eu, no lugar dele, também não iria.

A FILA DO PASSE
Qualquer comerciante sabe que o setor mais importante do seu negócio é aquele que recebe dinheiro. O cliente, seja na feira, seja no botequim, seja na loja chique, tem que ter facilidade pra pagar. Pode até demorar pra prestar o serviço, mas pra receber tem que ser ágil e rápido.

Pois os empresários do transporte coletivo de Florianópolis demonstram, a cada dia, que são péssimos comerciantes (e a Prefeitura demonstra que é frouxa e conivente): as pessoas têm que ficar horas, muitas horas, na fila, no sol escaldante desses dias, pra comprar o passe (o tal cartão eletrônico).

Além de ter que praticamente pedir pelo amor de Deus que eles aceitem o dinheiro, ainda deixam lá, a pretexto de um tal de “cadastro”, importantes dados pessoais, que certamente a esta altura já estão sendo comercializados com empresas de mala direta.

FACILIDADE HEDIONDA
Aí fica difícil. Essa do Supremo aliviar a barra dos bandidões (os tais dos “crimes hediondos”) que agora podem pedir refresco da pena como se fossem simples batedores de carteiras, é de torrar a paciência. Né não?

MARCÍLIO E A SARNA

O presidente da Câmara de Vereadores de Florianópolis, Marcílio Ávila, gosta de arranjar sarna pra se coçar. Decerto acha que a sarna vai ajudar a identificá-lo na hora da eleição. Agora ele baixou um decreto proibindo qualquer nova construção em Florianópolis.

Faço minhas as palavras do deputado Mauro Passos (PT): “como assim?”

O deputado não entende (nem eu) o que pretende agora o Marcílio. Nos últimos anos, o vereador participou de decisões históricas, como a que autorizou a construção de shops cents no mangue e outras liberalidades, sem tomar qualquer atitude mais forte em defesa do espaço urbano.

Deve ter alguma coisa no ar e não são os aviões da Varig. Além do petista, o Ministério Público também está examinando a nova sarna do Marcílio.

7 comentários:

Anônimo disse...

O pessoal da caixa preta do transporte tá dando um cansaço na manezada. O trouxa fica 4 horas na fila e não consegue se cadastrar, aí continua pagando R$ 2 reais. Se é estudante, poderia pagar R$ 0,82 centavos. Mas eles são boa-gente: assim a moçada não perde o bronzeado, de tanto torrar na fila.

Cesar Valente disse...

Deletei o comentário que estava aqui porque o autor preferiu ficar anônimo ao fazer algumas afirmações que podem ser consideradas ofensivas sobre o Paulo Arenhart. Como não quero me responsabilizar por esse tipo de afirmação, o jeito foi passar a borracha.

Anônimo disse...

Tudo bem que as explicações do general não convenceu, mas ele só embarcou porque um casal em troca de outra passagem topou ceder o lugar. Daí... ... ...

Anônimo disse...

Sobre a tua notícia, apenas uma correção. O Arenhart era funcionário da Assembléia muito antes do Governo Paulo Afonso começar. Salvo esteja enganado, já na segunda metade da década de 80, quando o DC foi implantado pela RBS, ele garantia um renda extra no Legislativo. Foi repórter no próprio DC naquele período. Aliás, este é um assunto instigante: jornalistas que misturam atuação na mídia com emprego público ou assessoria de imprensa. Falta autocrítica nesta turma... Outro fato instigante. Jamais foi feito estardalhaço na divulgação de concurso público para jornalista trabalhar na Assembléia. Porque será, afinal de contas lá o salário não é pago pelo contribuinte? E a Constituição não prevê oportunidades iguais a todos os cidadãos? O nepotismo e outros ismos estão sendo varridos da cena pública. Será que chega ao Legislativo????

Anônimo disse...

O Sarará não está trabalhando no "Notícias do Dia"?

Cesar Valente disse...

Felipe: se rolares a tela vais ver que numa coluna anterior informei que o Sarará será o editor de fotografia do novo jornal. O fato de amplicar mercado de trabalho é, sem dúvida, um aspecto importante de novos projetos jornalísticos.

Cesar Valente disse...

“amplicar”? queria dizer “ampliar”, é claro