quinta-feira, 2 de março de 2006

QUINTA

DE OLHO NO CARNAVAL
(para poder ler as legendas é preciso clicar sobre a foto,
para que se abra uma ampliação)

Fotos: Adriana Parizzi (LHS), Ivone Marcarini (Pavan)
e Rubens Flores (todas as outras)


A FARRA DO CATARINA (Epílogo)

Lembram que na edição do final de semana eu falei aqui que ia começar o linchamento dos catarinenses por gente furiosa e cheia de ódio? E se vocês leram com atenção o que escrevi, devem ter entendido que não defendi a farra do boi e estava apenas reclamando da forma como alguns dos que combatem a farra tratam os catarinenses que não são farristas e nem defendem a tortura dos animais.

Pois foi o que bastou. Previsivelmente alguém pegou meu texto e o colocou na corrente do ódio, para que todos da turma vissem o que escreveu esse inimigo da humanidade, esse monstro sem coração e cérebro, que sou eu.

ENTRE O AMOR E O ÓDIO
Durante todo o carnaval minha caixa postal se encheu das mais diversas manifestações. Deu de tudo: de gente razoável, bem articulada e bem intencionada (com quem, em outra situação até gostaria de trocar uma idéia), aos idiotas cegos de sempre. Dezenas se acharam no dever de tentar me doutrinar, intimidar, fazer-me mudar de idéia ou mudar de estado. E outros se acharam no direito de me ofender, atacar e ameaçar. Exatamente como ocorre todos os anos nesta época com quem ouse tocar no assunto (nem precisa defender a farra, às vezes também não adianta dizer-se contra).

O pessoal ficou irritado porque chamei essa gente que ataca sem olhar a quem (aqueles que dizem estar a serviço do amor e destilam ódio por todos os poros, frases e atos), de “hipócritas”.

Acham que generalizei, que nem todos são assim. De fato, tem muita gente que age por amor e luta essa luta às vezes inglória e cansativa contra a estupidez humana usando apenas a força do coração e o que de melhor tem a humanidade.

Mas essa gente, que faz a diferença, tem a cabeça no lugar, que sabe o que faz e coloca o dedo nas feridas certas, parece ser minoria, tamanho o barulho que a turma do ódio faz.

LEITURA COMPROMETIDA
Alguns defensores dos animais que me escreveram sem que a mensagem vazasse ódio, estavam sinceramente temerosos que manifestações como a minha pudessem prejudicar a imagem e a luta que eles travam. E é claro que isso também me preocupa.

O problema é que a maioria dos que enviaram e-mails leu meu texto repassado por alguém, talvez até com algum comentário que o (des) qualificava previamente. Aí, a leitura já estava antecipadamente condicionada pelo sentimento que se tratava de um inimigo a combater.

Praticamente todas as mensagens (99%) partiam do princípio que eu defendi a farra e que afirmei que as ongs não deveriam agir contra a farra e que se tratava de um preconceito xenófobo. Ou seja, de fato, escrevo muito mal, porque entenderam justamente o contrário. Ou entenderam o que quiseram entender, mas isso é outra questão.

PAU NO TIO CESAR
Talvez os próprios protetores sérios e responsáveis não tenham idéia da forma como uma parcela de seus aliados age não contra quem maltrata os animais, mas contra quem ousa expor suas idéias e opiniões. Mesmo que não fale a favor da farra.
Um deles deixou tudo muito claro, ao utilizar-se de uma ameaça autoritária explicitamente criminosa:
“Torça para uma facção um pouco mais extremista não resolva cobrar essa conta. Afinal, nunca ouviu falar em ecoterrorismo? Hum!!! Desista de escrever sobre o que fazemos.”
O gentil ecologista autor dessa ameaça nada velada visa, acredito, fazer com que eu, na marra e morto de medo, passe a elogiá-lo ou ao que ele faz. Não é bem assim que as coisas funcionam. Não comigo.

Evidentemente, como a criatividade e o bom humor da turma do ódio são limitados, o principal alvo das ofensas, tirante minha falecida mãe, foi meu sobrenome. Cesar Covarde foi o campeão (como se eu não tivesse aturado e superado brincadeiras como essa desde a escola primária). Burro, incompetente, usurpador (?), jornalistazinho em busca de promoção foram algumas das outras qualificações que recebi (entre as publicáveis).

Os trogloditas confirmaram, na prática, o que eu tinha levantado, em tese, na coluna de sábado. Só lamento que isso ofusque e atrapalhe o trabalho de tanta gente dedicada e amorosa, que sabe que o inimigo não sou eu. Não será ameaçando-me de morte que a luta contra a barbárie avançará.

Ao contrário.

8 comentários:

Anônimo disse...

Seu blog é muito bom e, pelo visto, tem repercussão e das grandes. É claro que voce não foi a favor de farra nenhuma, e (atenção amantes da paz, please) nem eu estou sendo agora. Principalmente, voce alertou para a farra do Catarina e lendo a sua coluna de hoje, parece que já foi dada a largada.

Anônimo disse...

A hostilidade com o estado vai piorar depois da entrevista do diretor de marketing da Santur ao Jornal de Santa Catarina de ontem, defendendo a farra do boi.

http://www.clicrbs.com.br/jornais/jsc/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&edition=5264&template=&start=1§ion=&source=a1098909.xml&channel=31&id=0&titanterior=&content=&menu=&themeid=§ionid=&suppid=&fromdate=&todate=&modovisual=

Anônimo disse...

bem, o link para a entrevista não saiu direito no comentário anterior.

Aqui está.

Anônimo disse...

E agora, quem é o culpado pela morte da bezerra??????

Anônimo disse...

Entre um que escreve o que pensa (e é mal interpretado) e outro que ameaça e não assina quem é o covarde?
Dá nada não César. Babaca tem em tudo que é movimento.
Canga

Anônimo disse...

O dono desse blog é um jornalista. Mas quando eu que sou o mais humilde de todos aqui, tenta ter voz ou vez, sou logo amordaçado (deletado). Será que os humildes não tem direitos de aparecer ou de se manifestar-se ?

Cesar Valente disse...

Caro almanaque: seus "comentários" foram deletados primeiro porque são puro spam (propaganda do seu "blogue" às custas da paciência da meia dúuzia de leitores que me honra com sua atenção). Ao contrário do seu "blogue", que não tem espaço de comentários, ainda mantenho esta janela, só que, como em todo blogue que se preze, com restrições. São limitações ditadas pela legislação, pela minha escala de valores e pelo estado de ânimo daquele momento. Portanto se alguém, humilde, prepotente ou o que seja, quiser ter voz e vez com toda a liberdade, para dizer o que quiser, é melhor abrir seu próprio blogue. Este aqui não é, definitivamente, um espaço "democrático".

Anônimo disse...

Bom dia César, acabo de "descobrir" seu blog, e ainda estou apreciando suas notas. Mas não resisti ao ler sobre o assunto "farra do boi", pois sempre achei que a repercussão negativa que a mídia dá não corresponde à realidade, que entendo estar sendo desconstruída. CTG´s e rodeios americanizados são elevados à categoria de "cultura" eqto nós catarinenses somos considerados "fascínoras". Como um ilustre desconhecido não tenho medo de dizer que sou a favor da institucionalização (com limites, é claro) da farra do boi como um legado cultural açoriano e brasileiro. Crueldade existe em todo lugar onde o bicho homem estiver. Sou formando de comunicação e este tema me fascina, talvez utilize-o em meu trabalho de conclusão de curso. É preciso mostrar o outro lado, separar o joio do trigo, e quem sabe dar uma churrascada pras ONG´s tão piedosas com esses "pobres animais"... Abaixo a hipocrisia! se o ginete e o peão podem, por que considerar todo farrista um assassino? Abraços e sucesso com seu blog, ao que me parece lúcido e contestador.