Não conseguia entender direito o sentido dessa sonora palavra “bundalelê”, que foi utilizada na letra de uma canção que foi sucesso no verão de 2005 (Festa no Apê). Até que li, nos jornais, que 117 desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais tiraram (mais) um dia de folga a pretexto de protestar contra a obrigação de despedir parentes e a redução dos seus salários.
Vários deles ganham mais de R$ 40 mil mensais e não se conformam em ter que passar a receber “apenas” vinte e poucos mil reais. E também não concordam em ficar longe de suas mulheres, filhos e filhas, que sempre ajudam a engordar a renda familiar.
Isto é, senhoras e senhores, o mais legítimo bundalelê. Um bundalelê judiciário, um bundalelê de desembargadores, mas sem dúvida um bundalelê.
OLHO NA CAIXA 1
Corri ontem à Caixa (antiga Caixa Econômica Federal) para encerrar minha conta-poupança, antes que algum gerente, diretor ou ministro, insatisfeito com minhas brincadeiras com Lula, o invencível, Lulinha, o intocável ou Ideli, a indignada, quebre ilegalmente meu sigilo bancário.
Não quero ser exposto ao vexame de ver revelado o saldinho mixuruca que mantenho, com depósitos mínimos e retiradas minúsculas. Pode dar uma falsa impressão à mulherada.
OLHO NA CAIXA 2
Brincadeira à parte: a Caixa inventou de descontar, sem pedir autorização expressa, R$ 1,00 de cada correntista, a pretexto de fazer doação para o “Fome Zero”. E diz quem me passou a informação, que vai continuar, a menos que o correntista và agência dizer que não quer que tirem seu dinheiro.
Além de mostrar os dados bancários dos desafetos para qualquer um, a Caixa mete mesmo a mão no nosso bolso, sem grandes problemas éticos. Abre o olho.
RICALDINHO
No começo (lá pelos 70 e 80) eles eram uma dupla: Ricardinho Machado e Cacau Menezes. Depois cada um seguiu seu caminho, mas os dois viraram colunistas de variedades, seguindo os passos do grande mestre de ambos, que foi o Beto Stodieck.
De uns anos pra cá, mantendo essa história mais ou menos paralela, os dois inventaram de fazer eventos gastronômicos (talvez pra ganhar um troco a mais). O Cacau faz a feijoada no sábado de carnaval e o Ricardinho faz o “Ricaldinho” no aniversário da capital.
Além de comemorar o aniversário da cidade, a festa marca o final da temporada de verão, o final do carnaval e o início do outono, que é um dos períodos em que Florianópolis fica mais bonita, melhor iluminada.
Será quinta, 23, a partir das 11h, no mesmo local do ano passado, o pátio do Pier 54, embaixo da ponte.
SERÁ QUE FOI O ZORRO?
Uma advogada estacionou o carro no estacionamento do Fórum que funciona dentro do campus da UFSC, ontem à tarde, entrou no prédio e logo voltou: o carro já não estava mais. O policial de plantão no Fórum, na hora, era o Sargento Garcia, que não viu nada porque estava almoçando.
OPOSIÇÃO FAJUTA
Têm razão os petistas quando reclamam da oposição. O governo tem feito rigorosamente tudo, porque se fosse esperar pela oposição, nada teria acontecido. Nada mesmo.
O que, da lista de aflições do PT e do governo, pode ser creditado à oposição? Nada. Ou quase nada.
Vejam só esta listinha, que montei com a ajuda do blog do Ricardo Noblat (www.noblat.com.br):
- O deputado que levantou a tampa do esgoto (o Roberto Jefferson) é da base de apoio do governo;
- O Palocci está andando sobre cacos de vidro por causa de seus companheiros da República de Ribeirão Preto. E também porque achou que era invisível;
- O caixa 2 de campanha do PT foi montado e utilizado pelo próprio PT e ampliado para dar alguma alegria à base de apoio;
- A oposição não fretou o avião que transportou engradados de bebida de Brasília para São Paulo;
- Não foi a oposição, infiltrada na Telemar, que deu ajuda à empresa do filho do Lula;
- Não foi a oposição que quebrou ilegalmente o sigilo do caseiro.
- E não foi a oposição que orientou a Caixa a dizer que vai levar 15 dias para revelar quem quebrou o sigilo do caseiro, dando fôlego extra de duas semanas pro assunto.
- Também não foi a oposição, foi o próprio presidente da Caixa, quem disse, a uma comissão de senadores, que o extrato foi tirado “por ordens superiores”.
- Quem desautorizou a líder do governo, Ideli Salvatti, ontem, dizendo que ela estava querendo usurpar funções que seriam da polícia, não foi a oposição, foi seu colega Mercadante.
MAIS UMA DE PALHOÇA
Ronério Honerscheidt (PMDB), apesar do sobrenome complicado, é muito previsível e simples: tá sempre aprontando. Com a ajuda de sua assessoria de imprensa vive criando factóides que a gente nunca sabe se são verdade ou apenas delírio.
Agora, ele anuncia que vai se desfazer de toda a frota de carros do município, para poder terceirizar o serviço de transporte oficial. Vai criar a “Cooperativa do Táxi da Hora”.
O servidor municipal que precisar se deslocar, pra fazer uma fiscalização ou outra coisa, chama um taxi dessa tal cooperativa do Ronério. Naturalmente, o município paga a corrida.
Desse jeito o Ronério vai acabar famoso: será muito citado nas palestras do Tribunal de Contas sobre malversação do dinheiro público.
SECRETARIA ÀS MOSCAS
Se este fosse um governo sério, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda, seria uma das mais importantes. Não só porque intermedia as verbas sociais do governo federal, mas porque trata dos principais problemas do estado e tem as melhores ferramentas para reduzir a violência.
Mas o governo LHS entregou a secretaria a um partido aí e esqueceu que ela existe. E os secretários se sucedem sem se preocupar com desenvolvimento social, trabalho e renda. Só querem saber como obter o máximo daquela máquina que já está esgotada e como fazer para projetar seus nomes desgastados usando nosso dinheiro e a estrutura do governo.
E agora recomeça a briga de foice política pela vaga: o Maneca Dias quer a secretaria para dar pra mulher dele e o Ronério quer para dar pra mulher dele. Como se fosse uma boutique. De novo, uma pouca vergonha.
A MEDALHA DO LHS
Como seria de se esperar, a maioria dos nomes escolhidos para receber a Medalha do Mérito Anita Garibaldi, que foi entregue ontem à noite em Florianópolis reflete as preferências pessoais do governador ou as conveniências políticas nacionais e internacionais.
Ouro
PAULO MACARINI (em memória) – ex-deputado federal e secretário de Estado. Falecido em janeiro.
Prata
CARLOS WILSON CAMPOS – presidente da Infraero. O aeroporto de Joinville foi modernizado na sua gestão.
OSCAR CAMILIÓN – ex-embaixador argentino no Brasil.
Bronze
ARTHUR MOREIRA LIMA: pianista renomado internacionalmente, reside em Florianópolis.
BATALHÃO DE OPERAÇÕES POLICIAIS ESPECIAIS: não se divulgou o motivo da medalha.
CLEUSA CORAL-GHANEM: diretora do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, de Joinville.
DEPARTAMENTO ESTADUAL DE INVESTIGAÇÕES CRIMINAIS: Resolveu todos os seqüestros do ano.
JOSÉ ANTÔNIO BARCELLOS DE MELLO: amigo do peito do LHS (esteve em várias das viagens oficiais ao exterior) e maestro da banda que acompanha a filha do governador. Em 2005 recebeu a Medalha Cruz e Souza e em 2003, Cidadão Honorário de Joinville.
JOSÉ NILO VALLE: diretor e regente da Orquestra Sinfônica de SC.
LUIZ BORGES JÚNIOR: diretor da Mafrai Fruticultura Ltda, de Fraiburgo.
SHYAM KAMATH: professor de Economia e consultor de empresas.
Desde a sua criação, em 9 de março de 1979, 281 pessoas receberam a condecoração, sendo 31 de ouro, 86 de prata e 164 de bronze.
3 comentários:
Opa! Eu estou fora desse bundalelê dos desembargadores. Aliás, aqui no RS, há muitos que torciam para que o teto proposto fosse aprovado. Talvez, assim, a gente consegue um aumento. Um abraço
Seu cometário a respeito da CAIXA é inoportuno e injusto, além de não ser verdadeiro. Para a sua condição de jornalista, acusar a Caixa de arrecadar verbas na marra é pestilento... A verdade é que não existe qualquer desconto não autorizado para o Fome Zero. E, por outro lado, como você afirma coisas sem compromisso com a verdade... Quem disse (e provou) que a Caixa tem culpa na divulgação dos extratos do caseiro? É vergonhoso... sua condição de jornalista deveria garantir o seu compromisso com a verdade. Mentir é muito fácil, mas com o tempo a verdade vai imperar... (se os maus jornalistas deixarem...)
Caro anônimo: quem falou que o extrato saiu de um laptop da Caixa não fui eu. Foi a própria Caixa. Quem está interrogando funcionários da Caixa envolvidos com o caso não sou eu, é a Polícia Federal. Quanto ao desconto para o Fome Zero, de fato, não perguntei à Caixa se era verdade, fiei-me numa fonte. Como um anônimo está dizendo que é mentira, então certamente deve ser. Como é que a gente pode duvidar de alguém que não tem coragem de assinar e assumir seus comentários (que nem são tão graves assim, para ter medo de alguma represália).
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