quarta-feira, 15 de março de 2006

QUARTA

Alguns dos fotojornalistas que estiveram nos locais que mais sofreram com a tsunami de dezembro de 2004, como a Tailândia, voltaram lá recentemente e mostram, na Internet, as comparações. A vida volta ao normal aos poucos (as fotos acima são do www.zoriah.com e a série está exposta em www.warshooter.com. Outra série, do John Stanmeyer, está exposta aqui).

[Aviso aos navegantes: esses sites de fotos são relativamente pesados, portanto o pessoal da conexão discada deve pensar duas vezes antes de clicar nos links. Pode demorar muito ou até nem abrir]

Em Santa Catarina, as localidades do vale do Tubarão e do Vale do Itajaí também sabem como é difícil reconstruir, apagar as marcas, superar as perdas e ficar pronto pra outra.

A VOZ DA APRASC
A propósito dos comentários que fiz aqui ontem, o presidente da Associação dos Praças de Santa Catarina, Amauri Soares, enviou uma carta onde explica a posição da entidade.

Ele afirma que a realização de uma prévia para definir o candidato preferencial da categoria é reivindicação antiga, de mais de dez anos. Com isso eles pretendem evitar um excesso de candidatos: “em 2002 foram 13 candidatos a deputado estadual entre policiais militares e bombeiros”.

Soares diz que graças à união dos praças em torno da Aprasc, foi possível, pela primeira vez, realizar a consulta. E que todos os interessados foram informados das prévias. Ou seja, segundo ele só não participou quem não quis.

PARTIDO DA APRASC
O presidente da Aprasc informa que a entidade não pretende substituir os partidos políticos, apenas encaminhar, às convenções partidárias, que ocorrem em junho, o candidato a candidato escolhido pelos associados (ele).

Soares diz que ainda não sabe qual vai ser o partido pelo qual será candidato. “Mas isso também será decidido de forma democrática e transparente”.

E ao mesmo tempo em que diz que a Aprasc não pretende substituir os partidos, Soares faz questionamentos sobre a legitimidade do processo político conduzido pelos partidos: “a façanha da Aprasc (de fazer uma consulta ampla) é elogiável, a não ser que todo o poder deve mesmo ser depositado aos partidos políticos atuais, com seus métodos e filosofias” (sic).

E faz-me uma pergunta direta:
milhares (de policiais e bombeiros) dizem que devo ser candidato. Você acha que seria mais democrático e mais legítimo se isso fosse decidido no gabinete do presidente de qualquer um dos partidos existentes?

CARO AMAURI SOARES
Como o presidente da Aprasc, além da gentileza de enviar suas informações e opiniões, ainda puxou conversa, fazendo-me uma pergunta, trato de retribuir tentando respondê-la, ainda que sua pergunta encerre uma pegadinha, uma armadilha lógica. Não dá pra responder apenas sim ou não. Por isso me estenderei um pouco mais.

Em primeiro lugar, partido político cujas candidaturas são decididas “no gabinete do presidente” não merece esse nome. É uma legenda de cabresto, uma herança do coronelismo, um atraso de vida. A vida democrática supõe um certo ritual, regido pelos estatutos partidários, para legitimar as candidaturas.

Se a Aprasc conhece algum caso em que as candidaturas são decididas dessa forma, deveria denunciar ao TRE e recusar-se a fazer parte do jogo.

“FILOSOFIAS E MÉTODOS”

Da mesma forma, a existência dos partidos, pelo menos em tese, supõe uma corrente político-ideológica. É disso que se trata: cada partido deveria seguir determinada doutrina e encaminhar propostas de acordo com ela.

Mas a Aprasc ignora ou faz de conta que não existem diferenças partidárias: topa fazer acordo com qualquer partido, em condições que ainda não estão claras, mas que serão, pelo que entendi, “da forma como nossa categoria considerar mais correto”.

A diretoria da Aprasc escolheu a tática de fazer críticas veladas aos partidos políticos, como na frase-pergunta já citada (se essas entidades “com seus métodos e filosofias”, devem concentrar o poder de indicar candidatos?). Talvez fosse mais democrático ou pelo menos mais interessante para o jogo democrático, se fizesse críticas mais claras e abertas.

E A RESPOSTA?
Pelo que consegui entender da carta e da pergunta que me foi dirigida, a Aprasc não vê, nos partidos políticos, legitimidade suficiente. Quis, com a consulta, reforçar o peso de sua indicação corporativa, para, nas eleições de verdade, evitar a pulverização de candidatos e concentrar os votos da tropa. E pretende utilizar essa prévia como moeda de troca com os partidos. Sem, até onde vi, qualquer restrição a este ou aquele.

Diante disso tudo, minha resposta à pergunta é a seguinte: não posso responder objetivamente a uma pergunta que não encerra dúvida, apenas afirma um ponto de vista. Até concordo com as opiniões da entidade sobre a fragilidade dos partidos políticos, mas discordamos em pontos essenciais, como atribuir a uma associação profissional maior legitimidade que a um partido político para escolher candidatos a cargos políticos.

POST SCRIPTUM
Antes de encerrar nosso diálogo por hoje, deixo um PS: a entidade merece respeito, no mínimo, por tentar avançar e fazer-se ouvir. Embora possamos divergir quanto à forma como encaminha a candidatura de um de seus membros à Assembléia, acho que a Aprasc tem mais é que fazer o possível para unir seus associados e encontrar formas de defendê-los. Porque, ao que tudo indica, esse apoio não virá espontaneamente dos oficiais e demais superiores, mais preocupados com seus próprios benefícios e aparentemente sem tempo para olhar para o andar de baixo, onde está a turma que carrega o piano.

OUTRO BODE
A cidade não tinha Guarda Municipal. Aí criaram uma. Primeiro foi o festival de multas. Depois, o expediente comercial (às 19h os guardinhas vão embora e a cidade fica entregue apenas à PM). E pouca gente, na cidade, sabe exatamente para que (além de multar) os guardinhas servem, porque quando a coisa engrossa, eles somem. Agora, a ameaça de greve (“não a gente não vai fazer greve, só paralisamos para fazer a assembléia”) por causa do corte das horas extras.

Daqui a pouco extinguem a Guarda Municipal e todos respiraremos aliviados, achando que a cidade melhorou bastante.

POBRE LAGOA
Os riquinhos locais e os que vêm de fora acham a Lagoa da Conceição um charme. Instalam-se de preferência em local de preservação permanente (é mais bonito, tem mais árvores, cursos dágua, muita natureza), constróem suas casas, desmatam o que bem entendem e se acham o máximo.

A Procuradora da República Analúcia Hartmann deve estar com a mão toda machucada, de tanto que dá murro em ponto de faca. Ainda agora protocolou uma ação civil pública pra tentar salvar uma área no morro da Lagoa.

Hartmann também colocou, como ré, a Prefeitura de Florianópolis. O município faz vistas grossas, não fiscaliza e parece que tem medo de mandar demolir casa de rico.
A procuradora acusa a prefeitura da capital de ser omissa em relação à Lagoa. O que é muito grave: se os irmãos Berger não cuidam do cartão postal, da letra do hino, vão cuidar de que?

E se parece muito indelicado dizer a quem danifica o ambiente que pare de fazer isso, mais chato ainda será explicar, para nossos filhos, por que deixamos a coisa chegar onde chegou.

Ô Dário, só faz história e é lembrado por muito tempo o administrador que tem visão de longo prazo. Abre o olho.

A SECOM distribuiu a foto acima sem muita explicação: “Entrega do título de Cidadadão Honorário de Navegantes ao Governador”.
E o que faz essa criança aí? Desfile de uniforme? De novo? Ainda?

3 comentários:

Anônimo disse...

hehehe, uniforme de novo, ainda, é muito para qualquer cabeça :c))) Tadinha da criança!

Cesar, adorei sua dica e vou assistir no fim de semana. Brigadíssima!!

Bjs

Anônimo disse...

Estás de parabéns pelas suas observações,a guarda não funciona,a administração do Tapetão não dá a mínima para a preservação e o governo estadual já em campanha,afinal? em quem confiar nosso voto??

Anônimo disse...

No retiro da lagoa, estrada da Joaquina construiram uma casa que mais parece um hotel. Dizem os manezinhos da lagoa que pertence ao ex-prefeito da califórnia ou qualquer outra cidade. Colega do Dário e amigo do Juares Silveira. O projeto em área de preservação, alias, ao lado da casa do Teco surfista e do Avelino da Sul Brasil, também construidas em area de preservação, dizem, foi aprovada como todas pelo poder municipal, pela Floram do ex vereador Chicão. Aos ricos tudo. Ao lado outro morador pretende a anos construir uma pequena casa, nada que agrida o ambiente como seus vizinhos. Ao contrario dos poderosos esta impedido. Foi notificado e multado pela justiça. Aos poderosos americanos e forasteiros tudo ao manezinho os rigores da lei.