Na abertura da Couromoda 2006 ontem, em São Paulo, o desembargador/governador Mussi teve seu batismo de fogo na política nacional: ficou entre três candidatos a presidente e quase sucumbe diante do irresistível charme e simpatia do Zé Serra (prefeito de São Paulo, à direita). Alckmin, à esquerda (governador de SP), parece que queria ter tido antes da idéia de tirar o Rigotto (governador do RS) pra dançar. Bobeou, dançou e ficou amuado. Mussi, quando viu que não seria dessa vez que teria que sair rodopiando pelo salão com o Serra, tratou de correr para os estandes das empresas catarinenses.
O CENTRO ABANDONADO
Ontem falei com o pessoal da Prefeitura de Florianópolis pra tentar entender por que o centro está tomado de camelôs, sem que se veja, com a necessária freqüência e rigor, a ação dos fiscais, da Guarda Municipal, ou o que seja. Claro que não consegui entender.
Eles explicam que já foram feitas operações conjuntas com PF, PM e prefeitura (“a última há uns dez dias”), mas que o município é grande, os fiscais são poucos e não dá pra manter fiscalização permanente, que tem que atender as praias, essas coisas.
SEM SURPRESAS
Não sei vocês, mas eu não me surpreendi com as explicações e a admissão de que o município, de certa forma, é impotente para combater a invasão de camelôs e contrabandistas.
Também tentei saber, do secretário de Urbanismo e Serviços Públicos, se era verdade o que falam os fofoqueiros de plantão: o prefeito teria dado ordem para apenas advertir os camelôs, sem multá-los. Ou seja, pegar leve.
Mas o secretário é muito ocupado e não teve tempo de me responder. Não tem importância. Tem jornal todo dia e, quando ele falar, eu conto pra vocês.
ESSA GENTE FALADEIRA...
Um passarinho me contou, ontem, que na última “blitz” contra os camelôs, quando a tropa chegou, a cidade estava limpinha. “Até parecia que eles tinham sido avisados que ia ter uma batida”, disse ele, querendo levantar um aleivo. Deve ser mentira. Imagina se alguém vai fazer uma coisa dessas...
Eu sei que vocês estão “por aqui” com o Lula, mas isso que ele falou ontem na TV, de ter pago tudo o que o País devia para o FMI, não é pouca coisa e é muito positivo.
O pessoal anda tão contra o Lula que há alguns dias, quando o sujeito do FMI esteve aqui pra dar o recibo, chargistas de jornal chegaram a fazer o Palocci se curvando diante do representante do Fundo. Prova que não só não entenderam nada, como não fazem questão de entender.
MARGEM DE MANOBRA
Pela primeira vez em muito tempo o Brasil não deve nada ao FMI. E vocês sabem exatamente o que significa não dever nada a alguém: a gente não tem que ouvir conselhos, levar broncas, pagar multas.
A partir de agora, se o Brasil quiser implantar alguma medida que o FMI desaconselha, não está de pés e mãos atados. Claro que não vai poder (nem a Argentina, que também antecipou pagamentos para se livrar do FMI), fazer muita coisa, porque os bancos continuam mandando no mundo. Mas pelo menos tem uma margem de manobra um pouco mais espaçosa.
O CENTRO ABANDONADO 2
A Avenida Trompowsky é uma das ruas lendárias de Florianópolis. Arborizada, endereço de políticos, de famílias tradicionais, foi sendo engolida pelo “progresso”, transformada em mais uma daquelas vias tradicionais de nome complicado que o jornal dos gaúchos sempre escreve errado.
Mesmo com a chegada dos prédios e das clínicas, que foram ocupando os espaços das famílias que saíam dali, continuava sendo um local tranqüilo. Ou aparentemente tranqüilo.
No domingo à noite, um assalto à mão armada virou mais uma página na história da Trompowsky.
NINGUÉM MERECE
Quem é de Florianópolis ou chegou por aqui até a década de 70, com certeza conhece a Iara Pedrosa. Não conhecê-la equivale a dizer que não sabe onde fica a Praça XV.
Pois ela, a mãe dela, de 90 anos e a enfermeira que as ajudava, foram feitas reféns dentro da própria casa, enquanto assaltantes armados procuravam algo de valor. Levaram R$ 800 e o revólver com o qual, imagino, ela um dia pensou em defender seu patrimônio.
E também levaram, os mascarados, as esperanças de quem ainda achava que Florianópolis guardava alguma coisa da cidade de 40 anos atrás. Roubaram o sonho que todos ainda tínhamos, de um dia poder voltar a morar em casas, caminhar sob as árvores antigas e amigas da Trompowsky, sentindo os doces odores das tardes de verão.
Os florianopolitanos têm razão em ficar assustados com tudo isso.
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