quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

QUARTA

O verão, esse desconhecido

No prédio em frente, do outro lado da rua, o calor é igual ao daqui. As pessoas circulam pelos apertamentos com o mínimo de roupa. Não sei que anjo ou demônio terá me inspirado a alugar justamente este, de cuja janela só se vê o pessoal de lá olhando pro prédio de cá. As vizinhas que não consigo ver devem ser mais interessantes que as senhoras descuidadas do lado de lá que vejo, mas não acredito.

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A areia é um problema romântico-abrasivo.
E a água salgada é adstringente.
Não sei como levar adiante esse namoro à beira mar.

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Na piscina de casa é preciso fazer bastante barulho com a água, rir alto, comentar quase gritando que “a água está uma delícia”. Para que o vizinho ouça e morra de inveja.

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Quem ensinou essas mocinhas de hoje a chamar a gente de "tio" deve odiar a humanidade.

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Rotina: banho de mar perto do meio-dia, almocinho leve, sesta literária (pegar no sono lendo antigos livrinhos policiais de bolso), caminhada na praia pra ver a moçadinha remanescente, noitada de canastra, cerveja e camarão e, pra encerrar, o sono dos justos: calor, mosquito, mulher com dor de cabeça e barulho na vizinhança.

Eu quero o meu em dinheiro!

Essa história de dinheiro para campanhas eleitorais sempre dá muito pano pra manga. Principalmente porque todos os partidos já admitiram que têm caixa 2 (o dinheiro “não contabilizado”). Mesmo assim, sempre é bom ficar de olho.

A ONG Transparência Brasil (que tem o catarinense Geraldo Althoff como um dos membros do Conselho Deliberativo) deu uma organizada nos dados disponíveis sobre a última campanha, para prefeitos e vereadores e está divulgando um relatório bem interessante.

Não tem nenhuma grande novidade (os dados estavam, de alguma maneira, disponíveis no Tribunal Eleitoral), mas facilitou a leitura e o entendimento e arrisca algumas análises e comparações.

O documento pode ser encontrado no site www.transparencia.org.br.

Um dado interessante é o que cruza o número de votos com o total arrecadado para a campanha (acima). Acabamos sabendo, que em Santa Catarina, cada voto “custou” cerca de R$ 10,00 em média. Ou seja, pra ter 200 mil votos o sujeito gastou pelo menos R$ 2 milhões (só valores declarados oficialmente).

Outra, que não é novidade, mas sempre é bom saber: o maior doador da campanha do prefeito Dário foi a Casvig, empresa que é da família Berger (tabela abaixo). Isso pode levar a várias leituras. Uma delas: ele, seu irmão e sua esposa não devem muita coisa aos empresários locais, porque praticamente se auto-financiaram.

Importante lembrar que doar dinheiro legal para campanhas políticas é uma prática, em princípio, sadia. E os problemas nessa área geralmente ocorrem por causa da grana ilegal.

Acima, as nove maiores doações para o Dário Berger.

Abaixo, um gráfico que mostra a “coincidência” (ou o dilema Tostines): teve mais doações quem teve mais votos ou teve mais votos quem teve mais doações?


NA HORIZONTAL É MELHOR
Hoje deve sair uma decisão sobre a tal “verticalização” que tanto tem tirado o sono dos políticos. A gente, que não tem nada com isso, só fica assistirndo eles se debaterem.

Lula, o PT e parte do PMDB acham que é melhor parar com essa história de verticalizar e passar imediatamente para o que interessa: o salve-se quem puder do vale tudo eleitoral.

Se for aprovada a liberação das coligações, os partidos não precisam ter, nos estados, os mesmos aliados que terão na campanha a presidente.

TADINHO DO DUDA
Não sei se vocês lembram, mas o Duda Mendonça, durante muito tempo, foi o marqueteiro do Maluf e sua turma. Quando o Lula (ou Zé Dirceu?) o chamou, teve até um certo estremecimento, porque na época soava meio esquisito juntar o sujeito que fazia campanhas para os maiores políticos “de direita”, com o maior símbolo da “esquerda” nacional.

Como nessa área de propaganda eleitoral as coisas sempre foram pagas em dinheiro vivo e na maior parte das vezes em dólar mesmo, os marqueteiros são os caras que mais conhecem os esquemas financeiros das campanhas das quais participam.

Por isso, as investigações sobre a grana no exterior do Duda Mendonça vão avançar pouco e ainda assim com muito jeitinho. Não interessa a ninguém abrir essa caixa preta e muito menos irritar o publicitário. Vai que ele surta e sai a falar tudo o que sabe...

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO
A Justiça mandou voltar para a cadeia o ex-prefeito de São Martinho (aqui no sul) e o vereador que foi seu motorista, condenados pelo desvio de recursos públicos. Os dois tinham conseguido, no ano passado, um “benefício” espetacular: um juiz os autorizou a sair pra “trabalhar fora” menos de um mês depois de terem sido presos.

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