terça-feira, 15 de novembro de 2005

TERÇA E QUARTA


A REPÚBLICA SOBREVIVE, APESAR DOS PESARES
Imagino que todos saibam por que hoje é feriado. Relembro, para os mais distraídos: há 116 anos, no dia 15 de novembro, a monarquia brasileira foi extinta e criou-se uma república presidencialista. O Marechal Deodoro da Fonseca assumiu, provisoriamente, a presidência. Neste país de paz e boa conversa, o Imperador D. Pedro II e sua família, destituídos do trono, viajaram sem grandes incidentes para Portugal, no dia 17 de novembro.

Claro, se a gente for examinar direito, vai ver que Deodoro não queria se meter nessa história, mas aceitou, a contragosto, e marcaram o golpe militar para o dia 20. No dia 14 surgiu o boato que o governo mandaria prender os líderes do movimento (que devia ser tão secreto que todo mundo sabia quem eram). E o golpe foi antecipado para o dia 15 (ainda bem, porque senão hoje não estaríamos de folga).

No dia 19 o governo provisório lançou a nova bandeira da nova república, que é esta, que nós conhecemos e que nos identifica, até hoje, como nação. Adaptada (acho que às pressas) da bandeira anterior, manteve as cores da família imperial: o verde, o amarelo, o azul e o branco. Com o passar dos anos adotou-se, popularmente, a interpretação de que o verde seria das matas, o amarelo das riquezas, o azul do céu e o branco da paz.

Pois bem, depois de uma monarquia que durou 67 anos, embarcamos numa república que, 116 anos depois, ainda está na adolescência. Temos tido algumas crises, recaídas, febres, ataques de melancolia e uma danada de uma corrupção que não sara. Coça aqui, coça ali, quando a gente acha que cicatrizou uma pústula, abre outra, ainda mais fedorenta. Mas a gente vai levando.

Aos poucos, estamos aprendendo. Já conseguimos fazer eleições periódicas, sem sobressaltos e sem golpes militares. O próximo passo é aprender como escolher os candidatos sem levar gato por lebre.

Para comemorar este dia, além do Brasão e da Bandeira da República, trouxe alguns versos do Hino à Proclamação da República. Pena que esta página não tenha som, senão mostraria também algumas frases musicais desse Hino, que são muito bonitas. O início e o estribilho, por exemplo, são bem legais. No conjunto, é claro, tem aquela formalidade dos hinos militares e a letra usa uma porção de palavras eruditas e pedantes, o que atrapalha a compreensão. Ah, a letra é do Joaquim de Medeiros e Albuquerque e a música do Leopoldo Miguez.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!

Mensageiros de paz,
paz queremos,

É de amor nossa força e poder
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!


BURAQUEIRA CELESTIAL
O pessoal de Florianópolis tem sido bombardeado pelos inimigos do LHS que dizem que o governador não gosta da capital. Vive em Joinville, se pudesse dormiria todos os dias em Joinville, só leva verba pra Joinville, tudo em Joinville é melhor, maior e mais bem feito. Daí a gente, que só ouve isso, fica imaginando que, se aqui é o purgatório, Joinville deve ser o paraíso, o céu.

Quando a gente anda pelas estradas estaduais esburacadas que cortam a Ilha de Santa Catarina, sonha que, em Joinville, todas as ruas devem ser de asfalto lisinho ou pelo menos de paralelepípedo bem colocado e polido.

Pois não é que um mané amigo meu foi conhecer a Cidade dos Príncipes, o céu na terra, o paraíso do LHS e voltou desapontado? Disse ele que foi subir no morro da Boa Vista, para ter uma... boa vista da região. A vista é, de fato, espetacular. Dá pra ver desde a África até o Chile, mas pra chegar lá, meu amigo, que sofrimento. “Tá tudo esburacado, pior que o morro da Lagoa em Floripa”, reclamou o manezinho, desconsolado e ao mesmo tempo alegre.

“Quarta-feira, na repartição, o pessoal vai adorar saber que o LHS deixou um rabo desses no paraíso”. E trouxe fotos dos buracos, mas não quis me emprestar nenhuma antes de mostrar pros colegas e mandar uma cópia pro Esperidião.

Que coisa! Vai ver que os buracos da subida da Boa Vista vão virar tema de programa eleitoral no ano que vem...

CRUZES, CREA!
Uma coisa relativamente simples, que o Brasil já aprendeu há algum tempo como fazer sem complicação, que é eleição, está infernizando a vida de engenheiros, arquitetos e agrônomos. Eles se enrolaram de tal maneira com a eleição do novo presidente do CREA-SC (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), que vários dias depois da votação ainda não sabem quem foi eleito.

E tem uns lances esquisitos, de mais voto na urna que o número de eleitores, essas coisas, que lançam uma triste nuvem de suspeita.

PAU NO CNJ
Os Corregedores-Gerais da Justiça dos estados reuniram-se em Alagoas, na semana passada, e ao final publicaram uma carta que é pau puro contra o Conselho nacional de Justiça (CNJ):

1. Aconselham que os Tribunais de Justiça “resistam ao cumprimento de determinações do CNJ”.

2. Pra não ficar a impressão que eles são a favor do nepotismo (uma das normas do CNJ mandava acabar com essa prática nos Tribunais), também dizem que são contra, mas que quem deve regular isso é o Congresso.

3. Praticamente chamam o CNJ de órgão ditatorial.

Putz! Se isso não é uma bela duma declaração de guerra, então eu não entendo mais nada.

CASA ABERTA

Desde que LHS mudou o nome do Palácio Residencial da Agronômica (onde moram os governadores de Santa Catarina) para “Casa d’Agronômica” e colocou placa na frente, que eu comecei a achar que aquilo estava parecendo um restaurante chique.

Bom, ainda não estão servindo refeições, mas a partir do dia 18 a Casa d’Agronômica estará aberta ao público, funcionando como galeria de arte decorativa e utilitária.
A exposição, que irá até o dia 29, mostrará a obra de Karl Ignaz Völkl, artesão austríaco que se radicou em Joinville e morreu em 1974. Exímio artista da serralheria, Völkl é o autor de portas, corrimões e janelas do palácio residencial. Além dessas peças, que estão fixas na casa, serão trazidas outras, de Joinville, para completar a mostra.

Pois não é que até na sua casa florianopolitana, onde passa alguns dias da semana, LHS achou um jeito de paparicar o povo de Joinville? Depois acha ruim quando a manezada intica com ele.

BÍGAMO DAS ALAGOAS

E o Collor, hem? Sempre arranjando confusão. Falsificou seu próprio casamento!

Imaginem a cena: noiva grávida, entra na igreja de véu e grinalda, o noivo espera, em pé, de terno preto. Sentam-se na primeira fila e o padre reza uma missa comum. E depois tem festa. Como se tivesse ocorrido casamento na igreja. Não teve nem pode ter, porque ele ainda é casado com a Roseane. Mas fez toda a cena. Que cara de pau!

GRANDE DIARINHO
Vocês já estão acostumados, mas eu sou novo na casa e ainda me espanto: isso que o Diarinho fez, de repetir as reportagens que alguém tentou esconder comprando todos os jornais é demonstração de apreço pelos leitores e sobretudo de coragem. Muita coragem. Não é qualquer jornal que teria peito pra isso. Parabéns pra nós.

4 comentários:

Anônimo disse...

Vou pedir uma coisa que vc não gosta de fazer (rs): conta pra nós - que estamos distantes da praça do Diarinho - qual foi a reportagem?

Cesar Valente disse...

Saint-Clair: na edição de sábado e domingo tinha três matérias que poderiam ter provocado o tresloucado gesto de sair comprando jornal. Como não tinha absoluta certeza, o jornal republicou as três:
1. Genro do Cídio Sandri contratou um capanga pra extorquir o sogro;
2. A prefeitura de Itajaí liberou um polêmico empreendimento imobiliário na Praia Brava (no canto do morcego). O problema é que preservar a Praia Brava era compromisso de campanha do atual prefeito.
3. E teve uma ex-esposa do secretário municipal do Meio Ambiente de Balneário Camboriú que botou a boca no trombone, diz que ele não devolve o que é dela, registrou queixa na DP e tudo. O próprio "bafão!".
Republicadas, o jornal de segunda também vendeu tudo, para milhares de leitores. Hehehe.

Anônimo disse...

Obrigado. Valeu.

Anônimo disse...

Em tempo: Parabéns mesmo. Hoje só o Diarinho, sites ou blogs têm peito aberto pra tudo isso.
SClair