quinta-feira, 17 de novembro de 2005

QUINTA

JOGO (BEM) ABERTO
Chapecó acaba de sediar os Jogos Abertos, orgulhosa e faceira com a festa que reuniu, na cidade, gente de todo lugar.

A prefeitura deve ter gasto muito dinheiro: hospedou num dos hotéis mais caros da cidade e deu alimentação para todos os radialistas e jornalistas que cobriram o evento (parece que só a RBS recusou a mordomia).

E dá-lhe festa, jantar e chopada para os alegres rapazes da imprensa, como já os qualificava, apropriadamente o Adolfo Ziguelli.

PRESSÃO INDEVIDA
O trânsito é caótico em Chapecó. Ninguém respeita limite de velocidade, uma bagunça. Durante os Jogos Abertos estava pior. Mas ao ler isto no DC, o povo da prefeitura foi todo pra cima da repórter, Cláudia Sans, tomar satisfações. Como se ela não tivesse direito de fazer jornalismo.

As informações eram corretas, os dados tinham sido fornecidos pelo comando do policiamento de trânsito, tudo certinho. Nada disso fez com que o pessoal da prefeitura se acalmasse.

Isso acontece em muitas cidades: como os jornais e rádios locais dependem muito da publicidade oficial, a prefeitura acaba ditando o que eles devem ou não devem publicar. E não se conformam quando encontram, pela frente, jornalistas que não aceitam a mordaça.

SORTEIO NA CHÁCARA
Na sexta-feira, aconteceu lá em Chapecó uma coisa pra lá de esquisita, num município cujo prefeito é ou foi pastor evangélico: uma festa “privê” para jornalistas, numa chácara, cuja principal atração era o sorteio de duas prostitutas (claro que o convite falava em “duas gatas”).

Não sei quem ganhou, nem quero saber, mas dar seres humanos de presente é o cúmulo do mau gosto, pra não dizer outra coisa.

Nem todos os jornalistas que cobriram os Jogos foram à tal festa (alguns nem foram convidados).

EM CAMPANHA
Todos os jornalistas que se credenciaram para os Jogos Abertos tiveram que preencher extensa ficha, onde colocaram até seus endereços residenciais.

Claro que isso alimentou a mala direta do prefeito, que não perdeu tempo: já mandou, pelo correio, seu material promocional particular: um mimoso calendário de 2006, onde consta, além do nome dele, o partido (PFL 25) e o slogan “Prefeito de verdade”. E, coroando tudo, uma espantosa fotografia dele com a família.

Eu achava que isso tinha diminuído, com tanto barulho em Brasília com a história de caixa 2 e campanhas eleitorais muito ricas. Mas, pelo jeito, nada mudou.

DONA IVETE DOA KARAOKÊ
Em Imbituba, ontem, a Fundação que a primeira dama dirige distribuiu recursos a várias entidades. E a Secretaria de Comunicação distribuiu essa foto. O texto que acompanha não fala nada sobre a doação desse karaokê lindão. Lá só diz que ela foi levar cerca de R$ 20 mil. Não explicaram se o presente está incluído nesse dinheiro ou não. E nem dizem que entidade vai poder, a partir de agora, dispor de um karaokê com pontuação, ou quem é a moça da esquerda (a da direita é Dona Ivete). Por via das dúvidas a feliz ganhadora traz, num local bem visível, o adesivo vermelho onde está escrito “Obrigado governador Luiz Henrique, parabéns prefeito Beto”. Coisas de ano eleitoral, mas não custava explicar melhor, né?

Afinal, deve ter uma porção de gente querendo ganhar karaokê. Ainda mais assim, de graça.

MAU CHEIRO
A gente tá cansado de saber, mas sempre se assusta quando falam nisso de novo:

“Apenas 16% das pessoas que vivem nas cidades catarinenses são atendidas adequadamente por serviços de esgoto, quando a média nacional é de 44%”, afirma o Coordenador-Geral do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (CME) do Ministério Púlbico de Santa Catarina, Procurador de Justiça Jacson Corrêa.

Os 4 milhões de catarinenses não atendidos por serviços de esgoto, lançam, por dia, 576 milhões de litros de merda e seus derivados, direta ou indiretamente nos mananciais de água superficiais e subterrâneos. E no mar.

Falta de esgoto é um dos principais indicadores de atraso, porque sem esgoto a região fica exposta a todo tipo de doenças e a água de beber fica cada vez mais cara para tratar. Uma bosta.

SOCORRO!
Hoje a Grande Florianópolis ganha seu serviço de atendimento médico de urgência (SAMU), que atenderá por intermédio de onze ambulâncias e um monte de médicos e enfermeiros. Parceria entre os governos federal, estadual e municipal, lembra, para os mais antigos, o SAMDU (lembras disso?).

O serviço já devia ter começado há mais tempo e já está defasado em termos de quantidade de ambulâncias. Mas isso não tem muita importância, porque a região está ainda pior em termos de hospitais. Pode perguntar pra qualquer motorista de ambulância a dificuldade que é encontrar vaga nos hospitais da capital. Não importa se o sujeito tá morrendo ou se é muito rico: não tem vaga. Os hospitais já deram o que tinham que dar.

A TOQUE DE CAIXA
Na bela foto acima, captada pelo Rubinho que não é Barrichelo, um operário dá retoques finais (ou quase) na pintura externa do Mercado Público. Portanto, a reforma daquela ala que pegou fogo está quase terminada, para desespero de todos os que tentaram fazer com que a prefeitura visse aquele prédio como um patrimônio arquitetônico de valor histórico e arqueológico e não só como um galpão cheio de lojinhas, uma espécie de camelódromo do século passado. Restaram, para contar a história, apenas as paredes externas. Dentro, o que o fogo não destruiu, os tratores derrubaram.

Bom, isso de dar valor a pedra velha é uma questão cultural. Quem não tem cultura, acha que é frescura. E acha que basta uma pintura e uma massa corrida pra dar jeito em qualquer coisa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom, a coluna está sendo útil contando coisas que outros não contam. Até, quem sabe, pra ajudar citados e possíveis envolvidos a se mancarem.
Abr. SClair