terça-feira, 8 de novembro de 2005

TERÇA

[Chii, não é que esqueci de colocar a coluna aqui? Só lembrei agora. Desculpem]

CENAS DE CAMPANHA

Esse LHS não perde tempo. Em Dionísio Cerqueira foi ajudar a turma da fiscalização da aftosa a esguichar os carros que passavam. Pelo jeitão do pessoal que assiste, não dá pra gente saber se o governador está fazendo o serviço direito. Mas eles estão tranqüilos, porque o LHS, ao pegar na mangueira, não estava se candidatando a fiscal, nem a lavador de carro. Está mesmo é em campanha pra governador.

Não sei se vocês lembram, mas durante o apagão de 2003, em Florianópolis, LHS disse que não colocaria capacete da Celesc nem subiria em poste, “porque esse não é meu estilo”. Tenho a impressão que a proximidade das eleições vai fazendo com que o estilo fique, como direi... mais eclético.

Nos Jogos Abertos, em Chapecó, segundo a Secretaria de Comunicação, LHS “fez questão de almoçar com a delegação de Joinville”. Não ficou claro se Joinville levou para Chapecó suas próprias cozinheiras ou se essas simpáticas senhoras e moças são de Chapecó mesmo. Em todo caso, como vocês sabem, LHS não perde tempo.

RODA MORNA
O presidente que não gosta de ser entrevistado (mas gosta muito de falar), participou ontem do Roda-Viva especial de aniversário, na TV Cultura. Foi meia boca, porque, em primeiro lugar, o programa foi gravado em Brasília, no Palácio do Planalto. Segundo, o cenário tradicional do programa (um círculo com os entrevistadores ao redor, num nível mais alto e o entrevistado no meio e embaixo) foi substituído por um semi-círculo.

Sem grandes pressões, Lula não decepcionou: não disse nada de novo nem esclareceu coisa alguma. Pelo contrário. Mas pelo menos, pela primeira vez, ouviu perguntas sobre as principais questões. O programa valeu mais pelas perguntas do que pelas respostas.

CANTIGA DE RODA
O grande enigma desse governo (federal) é: como é que um presidente que afirma não saber nada de nada sobre tanta coisa, consegue afirmar, com tanta ênfase, que algumas das acusações são “puro denuncismo”?

Pra dizer que não teve dinheiro da Visanet no esquema do Marcos Valério, o sujeito precisa estar bem informado. Para garantir que não existiu mensalão, também precisa saber de alguma coisa.

Mas, ao mesmo tempo, afirma não saber nada sobre a enorme movimentação de dinheiro que o Delúbio fez para financiar as campanhas do partido que ele, Lula, fundou. E nas quais ele, Lula, era o principal candidato e beneficiário.

O ÚNICO ERRO
Dá a impressão, ouvindo Lula, que o único erro cometido até agora foi a “terceirização” da arrecadação de fundos, pelo Delúbio.

Não fosse isso, estaria tudo bem. E como o Delúbio é o único e solitário responsável pela “terceirização”, deverá ser o único punido.

Uma punição extremamente branda, porque o PT continua pagando os advogados, provavelmente vai cobrir seus compromissos financeiros e sequer o expulsou com desonra.

Lula não disse quem o teria traí-do, mas garantiu que não foi o Zé Dirceu, “contra quem até agora não provaram nada”.

ECONOMIA CARA
O único momento em que Lula transpareceu um certo constrangimento foi quando foram feitas perguntas sobre o surto de aftosa. O governo é acusado de ter relaxado a vigilância e ter feito cortes em despesas que poderiam ter evitado o reaparecimento da doença e os enormes prejuízos que ela causou.

Aviso aos navegantes:
por causa do horário, não vi a entrevista. Usei informações fornecidas, durante o dia, por jornalistas que participaram da gravação.

PAVAN NO PALANQUE
O Senador Pavan sempre se portou, diante de um microfone, nas suas andanças pelo estado, como se não fosse parte do governo estadual. Está sempre no palanque, em plena campanha.

Mesmo com o PSDB ocupando algumas secretarias importantes do governo LHS, não é difícil encontrar discursos onde Pavan, para criar uma frase de efeito, levantar a platéia ou arrancar aplausos, deixou mal seus correligionários. Coisas de orador empolgado.

Portanto, manda o bom senso que a gente não escreva tudo que o Senador berra nos discursos, nas reuniões partidárias e em outros eventos. Muito do que ele diz é mesmo só pra animar a platéia e entusiasmar a militância.

CONTRAPONTO
Desde antes da posse de LHS Pavan tem exercido o papel do sujeito que quer partir pra briga, que ameaça acabar com o jogo. Ele sai nos jornais dando um pau e depois os bombeiros e a turma do deixa-disso acalma os ânimos, enquanto os acordos são fechados.

É uma estratégia para conduzir uma coligação onde a militância mais feroz do PMDB não quer ceder nada e o PSDB, louco de sede, não quer repetir o vexame da coligação com o PP/PFL, onde não levou nada. Por isso, cada vez que o Pavan desce o cacete, tem que dar um desconto.

TADINHO DO KNAESEL
No último discurso do Senador Pavan, no encontro das mulheres do PSDB, além das pauladas de praxe, ele saiu em defesa do Knaesel, que seria um secretário sem caneta. Que não manda nada.

Em parte Pavan tem razão. Porque o que o governo fez com a secretaria do Knaesel é, no mínimo, esquisito. Tem a Fesporte, que é um feudo do PCdoB, onde o secretário Knaesel não apita. Tem a FCC (Fundação Catarinense de Cultura) entregue ao amiguinho Edson Machado, onde o Knaesel não apita. E tem a Santur, que embora competente, está sob o comando de outro amigo particular do LHS. E aí, também, o Knaesel não apita.

SOFRENDO CALADO
Se, numa secretaria de Cultura, Esportes e Turismo, o cara não pode meter a mão na Fesporte, na FCC e na Santur, fica difícil. Mas o secretário nunca demonstrou apetite administrativo ou competência política, mesmo nos espaços restritos que lhe restaram, para deixar uma marca, para demonstrar que merece mais espaço, para tentar enquadrar esses “subordinados” de luxo. Seus inimigos dizem que ele só aparece nas fotografias. No resto é meio ausente. Sofre calado.

Pode ser que não. Mas essa falta de espaço não vem de hoje e se não fosse o Pavan botar a boca no mundo, a gente nem ficava sabendo que ele tá mal acomodado.

PERIGO CONSTANTE
Ontem morreram dois integrantes da comitiva do Lula, num acidente rodoviário. Em todo o país e desconfio que em todos os países, as autoridades se deslocam de avião ou helicóptero e tem uma porção de ajudantes que têm que ir por terra mesmo. E estão sujeitos a esses acidentes.

Aqui em Santa Catarina o LHS sempre tem um pessoal de apoio (jornalistas, fotógrafos, auxiliares de vários tipos) que come poeira na estrada, correndo o estado pra cima e pra baixo. E como têm que estar no lugar certo na hora certa, às vezes os motoristas têm que enfiar o pé, o que é sempre arriscado, mesmo nas nossas excelentes auto-estradas.

LUCRO IMORAL

Leiam essa notinha abaixo e me digam se não é uma coisa imoral num País como o nosso. Num mundo como o nosso, onde a maioria não tem o que comer, mora mal e sofre todo tipo de privação:

“O Bradesco registrou lucro líquido de R$ 1,4 bilhão no terceiro trimestre do ano, o que representa crescimento de 90,07% em relação ao mesmo período de 2004. O resultado acumulado nos nove primeiros meses do ano ficou em R$ 4 bilhões, com evolução de 102,3% na comparação com igual intervalo de 2004”.


E todos os bancos estão mais ou menos nesse “ritmo”!

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