terça-feira, 22 de novembro de 2005

TERÇA




A POLÍTICA DO CORTE DE CABELO
Toda semana, ou quase, alguma Secretaria Regional faz a tal de “Força Tarefa”. Concentra num dia, num município, uma porção de serviços, reunindo repartições estaduais e federais, com a participação das prefeituras.

O povo parece que acha muito divertido poder cortar o cabelo de graça, examinar a pressão, olhar os dentes, medir a glicose, tirar carteira de identidade. Tudo coisa que deveria ser fácil, acessível e disponível o ano todo, todos os dias, mas que acaba, em véspera de ano eleitoral, virando presente fino do moço bonzinho.

Uma “Força Tarefa” envolve, com poucas variações, as seguintes entidades: prefeitura, Casan, Celesc, Cidasc, Epagri, Bombeiros, Polícia Militar, Polícia Civil, Exército, INSS, Escolas Estaduais, Universidade ou faculdades da região, Ministério do Trabalho, Caixa Econômica, BESC, Banco do Brasil, Senac, Senai e Sine, além, é claro da SDR. Não é pouca gente e não é pouca coisa.

A cada dia são atendidas milhares de pessoas, numa espécie de grande feira assistencialista. Porque a “Força Tarefa” passa e os problemas ficam. Deve ser, num município pequeno, um dia de grande festa. Que começa com carreata e foguetório. No dia seguinte, para toda aquela gente simples, que talvez pela primeira vez cortou cabelo com um profissional treinado, o dia a dia continua igual. O cabelo cresce, a demora no atendimento médico é desesperadora e o dentista é só um sonho vivido, naquele dia, num ônibus do Sesc.

Essas intervenções multi-disciplinares meio que viraram moda. A Rede Globo tem um projeto semelhante. Nunca estudei esse tipo de ação muito a fundo, mas elas dão a impressão de serem mais marketing do que qualquer outra coisa.

Dá, nos municípios pequenos ou nos bairros pobres, um choque cuja lembrança dura por bastante tempo. Mas, ao mesmo tempo, deve alertar a população para um fato simples e cruel: por que não temos direito a isso o tempo todo?

ESSE PT...
O PT conseguiu de novo. A ação desastrada de alguns de seus membros deu, para os setores de centro e de direita do mundo político catarinense, pretexto para reunirem-se em torno de Jorge Bornhausen.

Um almoço de desagravo, ontem, no Costão do Santinho, colocou à mesma mesa, praticamente de mãos dadas, PFL, PMDB, PSDB e PP.

O clima estava tão ameno que o senador Leonel Pavan fez das suas piadinhas de palanque:

– Tem algum petista presente?

(silêncio)

– Deveria ter, porque esta seria uma ótima oportunidade para os petistas pedirem desculpas.


LHS, pra mostrar que é, de fato, o orador mais erudito, citou Platão. Esperidião Amin elogiou o espírito público do homenageado.

Ao falar, o senador Bornhausen praticamente agradeceu ao PT pela oportunidade de “viver, na vida publica, uma hora tão feliz”.

AGORA RUMO AOS EUA
Uma robusta missão comercial catarinense zarpa dia 26 em direção aos Estados Unidos. Desta vez não é só o governador e alguns prefeitos: vai “todo mundo” mesmo.

A Federação das Indústrias e a Federação do Comércio farão companhia à alentada comitiva do governo. Vão em busca dos dólares, dos investidores, da solução dos nossos problemas e esperam voltar com polpudos contratos com as maiores empresas de alta tecnologia do mundo. E vender por lá produtos catarinenses de pequenas e médias empresas. Tomara que consigam. Boa sorte.

O INVISÍVEL DR. JUCA
O processo de fritura do secretário de Saúde de Florianópolis, o médico Walter da Luz (Dr. Juca foi o vereador mais votado na última eleição) fez com que ele praticamente desaparecesse da informação oficial. Nem nas fotos o secretário aparece mais.

Na ativação do SAMU, que é parceria da prefeitura com o governo do estado e o governo federal, apareciam nas fotos todas as autoridades. Menos o secretário do município. Numa delas, dá pra ver um pedaço de seu rosto, na quinta fila.

Ontem a prefeitura divulgou uma informação sobre elogios que foram feitos ao site do programa de bem estar animal do município, que é coisa da secretaria do Dr. Juca. Pois os caras não citaram o nome dele uma única vez. Nem para dizer que ele é o cocô do cavalo do Dário Berger e que por enquanto continua secretário de saúde.

Isso que o cuidado com os cães e gatos abandonados foi uma das primeiras preocupações do Dr. Walter ao assumir. Mas a política é assim mesmo. Num dia se sobe, no outro se desce.

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